Lástima

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Após se despedir de Bagi e Tina, o Arcanjo escolheu caminhar por todos os pontos específicos em que esteve quando pequeno, para procurar qualquer rastro que pudesse dar evidências da existência amuleto, já que o demônio fez questão de invidenciar que sabia tanto quanto ele dá essência exuberante que tinha naquele objeto poderoso. Seria um erro fatalico caso o amuleto dos seres celestes caísse em mãos erradas, e agora com o demônio do controle sabendo de sua existência, aumentava consequentemente os riscos de uma futura catástrofe.

— Não posso deixar que Scott tenha pose dele. - Murmurou para si mesmo, reformulando os pensamentos.

Os dedos gélidos do anjo tocavam nas gramas esverdeadas, pelo local onde tudo ocorreu naquela manhã de tempo gélido e de confusões de uma criança curiosa e esperançosa. Todo aquele local já fora visitado, e um dia, temido pelo anjo e pelo demônio. Talvez houvesse grandes razões para ambos terem se conhecido, mais uma delas poderia destruir mais vidas do que o "planejado", se ousasse dizer que o envolvimento de ambos acarretaria uma imensa confusão pelo mundo todo. Anjos e demônios são seres estruturais de formas diversas, tendo poderes diferenciados e ações eloquentes. Seria impossível conhecê-los por completo para saber ao certo aonde o poder deles poderiam levá-los, e era isso que Febatista temia, que aquele contato de ambos tivesse surtido uma grande quebra na linha tênue da vida e da morte.

Seria um erro sem reformula.

Observando ao redor, com os olhos já cansados de tanto vagar à procura de uma pequena brecha para a necessária explicação, o anjo percebeu que haviam folhas secas ao longe, pretas e apodrecidas. Seu cheiro parecia instável, sem sinal de podridão, nem cheiro de folha recém queimada, mas sua presença ali causou imensas confusões ao ser celeste, que bateu as asas em direção ao local. Seus olhos pareceram fixar naquele pequeno amontoado de folhas negras, e sua cabeça ficou em branco por instantes.

— Argh! - Sentiu tontura ao ter a presença de uma dor pontiagudo na cicatriz abaixo do esparadrapo. Levantou a cabeça, querendo ter certeza antes de tirar suas próprias conclusões, e quando notou as folhas pretas da árvore, lembrou-se vagamente do dia em que assistiu o demônio queima-las sem medo algum. Era o mesmo local do incidente. A respiração faltou, assim como a falta recorrente de uma brisa em uma noite quente. - Eu não posso realmente estar no meio de uma maldição, não posso... - Afirmou para si mesmo, tentando compreender tanto quanto tentou entender o motivo do desespero do demônio em ter seu amuleto em mãos.

Seus pensamentos foram dispersos em instantes com o brilho do objeto citado acima, o mesmo durou por segundos, mas brilhou com uma forte intensidade por debaixo das vestes do anjo. Quis derramar lágrimas cristalinas, e muito, por algum motivo que não conseguia entender.

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As folhas abanavam lentamente pela brisa no local em que Febatista recém chegara, observando novamente a estrutura linda do castelo da rainha Jinki, quando terminou de se aproximar por completo, teve outra importunação que não imaginou ter por agora, era um cosmo de brilho negro, surgindo ao lado do portão, e por lá, um demônio de cabelos vermelhos fora visto, tomando fórmula. Um demônio que o anjo conhecia tanto, e não almejava a presença, principalmente com a confusão de seus pensamentos.

— Mas será o Benedito... - Respirou fundo, os olhos fechados. O loiro poderia simplismente reafirmar novamente que havia jogado pedra na cruz e que agora todos os seus pecados estivessem voltando contra si em forma de demônio do controle, mas não pode fazê-lo, pois o garoto de olhos vibrantes já estava à sua frente.

— Febatista, me escuta. - Começou, com a mesma intonação da ordem que fizera para ter o amuleto em mãos, mas o olhar cristalino e nem um pouco convicto de seus pedidos o fez relembrar que o anjo nunca iria aceitar tais pedidos.

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