Eu estava parada em frente a janela do meu quarto observando eles tirarem os meus pertences e levarem para o caminhão de mudança, era tão desagradável e triste ter que ver isso acontecer, ainda mais comigo. A final, em um momento você está com sua mãe, vivendo os melhores dias da sua vida e no outro você está vendo sua mãe sendo enterrada e indo morar com seu pai em outro país, não é um bom começo.
Nunca conheci meu pai, nunca cheguei a ter nenhum tipo de contato com ele e eu achava isso bom, não conversava com ele mas sabia quem ele era. Todos os dias passava nos canais de programas e eventos sua aparição neles, seu rosto estampado na capa das revistas, geralmente eu as queimava na lareira da biblioteca sem quaisquer peso em minha consciência e digamos que isso era como uma "terapia".
E aqui estou eu agora, parada em frente a janela do meu quarto onde eu lia e observava o por do sol e os dias de chuva.
Seu nome? Josh Müller, mas como sempre, havia uma boa parte em se mudar novamente para lá, eu poderia ver minhas amigas e meu namorado.Eu estava ansiosa para isso? Claro que não, quem gostaria de sair do conforto de sua casa para ir morar com alguém que nunca fez questão de saber da sua vida.
A real é que meu pai só topou ficar comigo por ordens judiciais e também porque seriam manchetes para todos os lados, "O grande produtor musical Josh Müller trás a filha para morar com ele em sua mansão e a transforma em uma grande artista".
Ele não falou com essas palavras mas eu leio nas entrelinhas e seu muito bem quais são suas táticas, mas convenhamos que eu realmente tenho potencial para isso. Desde pequena sempre tive um certo interesse por músicas, comecei tocando uma flauta e logo depois um piano, para mim, o piano é um dos meus instrumentos favoritos, mas sempre tive curiosidade em aprender a tocar guitarra. Um instrumento tão bruto que pode tocar melodias angelicais e delicadas. Ah, e é claro que também seu cantar é claro, faço aulas de música dês dos meus 3 anos, acho que uma parte boa do meu pai está no meu sangue, pelo menos é essa fascinação pela música e não outras coisas.
***
Eu estava sentada na janela com minha cobra em minhas mãos, Beladona era uma cobra fêmea, uma cobra venenosa mas inofensiva. Encontrei ela em meu closet aos meus 5 anos e desde então ela se tornou minha melhor amiga, muitos pensam que as cobras são animais peçonhentos e asquerosos quem vão machucar alguém a qualquer hora mas não é bem assim, Beladona é muito inofensiva mas se ela não for com a sua cara, apenas não se atreva a chegar muito perto.
— Senhorita Müller, o carro já chegou, vamos? — O concierge falou do outra lado da porta.—
Assim que a abri e ele viu eu com a Beladona em uma caixa de vidro ele deu um pulo para trás e coçou a garganta.
— Ele não irá na baga...– Antes que ele pudesse completar sua frase eu o interrompi.–
— Não, e para a sua informação é ela e não ele. – Eu o corrigi.–
Saímos da casa e lá fora um carro de luxo de aguardava para irmos até o aeroporto.
***
Demorou um pouco para chegar no aeroporto mas felizmente havíamos chegado a tempo, a viagem levaria em torno de algumas horas já que saímos cedo de casa.Despachei minhas malas e então fui até o avião e é claro que sendo filha de um grande produtor musical eu não poderia ir em outro lugar a não ser a primeira classe.
A aeromoça veio até mim e se inclinou em minha frente.
— Senhorita, aqui não pode...– A interrompi.–
— Ela ficará na caixa. – Falei me sentando no assento.–
— Independente senhorita, ela não pode ficar aqui. –
— Eu estou pagando e afinal de contas não vai querer arrumar problemas justo com a filha de Josh Müller, não é? –
— É..Claro que não. Me desculpe pelo incomodo, qualquer coisa, me chame! – Ela disse e logo se retirou.–
Até que ser filha de um produtor musical tem suas vantagens, por mais escroto que ele seja.
Me acomodei no assento e coloquei minha cobra ao meu lado e guardei minha bagagem de mão.
Como a viagem iria demorar um pouco descido então tirar um cochilo até que tivesse se passado algumas horas.
***
Quando me dou conta já são por volta das 19:00 e então vejo se Beladona está acomodada e então vi que ela não estava na caixa de vidro e já entro em desespero.
Uma cobra peçonhenta por aí não vai ser algo bom, mal saí de casa e já deixei uma cobra venenosa a solta pelo avião, ótimo.
Imediatamente me levanto e vou olhando em todos os lugares do avião e chego até o open bar que estava escuro, apenas com uma luz na tonalidade azul iluminando todo o local. Vou andando ante chegar no balcão onde vejo quatro caras bebendo e dando altas risadas sem sequer se preocupar com os outros passageiros, bem, tenho coisas mais interessantes para fazer como por exemplo achar a Beladona.
Até que vejo logo atrás do balcão ela, ela estava atrás do balcão no meio das bebidas, acho que a risada foi tão alto que acabou a assustando, logo a peguei e voltei para o meu assento a colando em seu terrário o fechando bem para que ela não saísse tão fácil.
Logo chega a aeromoça com algumas comidas e bebidas, pedi um macarrão com molho branco e um vinho, que por sinal estava muito bom mas estaria melhor se minha mãe estivesse comigo neste momento, fazendo oque mais gostávamos de fazer, ler livros, pentear os cabelos uma da outra ou quem sabe ficarmos em frente a lareira conversando e contando histórias.
Pessoas vem e vão, mas as memórias, as memórias ficam e a cada momento que você pensa nelas parece que seu cérebro ferve só de pensar que nunca mais irá poder vê-la novamente.
Coloquei meus fones de ouvido e encostei minha cabeça no assento olhando para a janela e a vista do nosso lugar que me aguardava.
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The Melody Is Like A Deally Attack || Tom Kaulitz
HororHannah Müller mora em Leipzig na Alemanha. Hannah desde de pequena demonstra muito interesse em filmes de terror, serial killers, casos criminais tudo oque envolva mistério e sangue. Ela atualmente mora com seu pai um homem muito ganancioso que ape...