Sobre um amor e o que veio depois

02. Montanhas a vista.

Dentro do carro o único som presente era do motor potente, das rodas passando rápidas na rodovia, mas também se ouvia o som baixo do ronco e a respiração tranquila do homem de cabelos verdes. Pela terceira vez, Sanji tocou na testa do agente, já estava com o calor natural, apesar de ainda parecer muito quente. Ao lado de fora parecia cada vez mais frio, já era de se esperar, as regiões montanhosas sempre eram muito frias. Era a primeira vez que Sanji ia para aqueles lados do país.

O olho cinza abriu lentamente, a cabeça estava deitada sobre o apoio do banco e virada para o lado esquerdo, a primeira coisa que viu, foi Vinsmoke Sanji olhando atentamente para a rodovia a frente, enquanto suas mãos seguravam no volante. Zoro tinha que agradecê-lo, se não fosse o loiro, talvez ele teria morrido esgotado.

O olhar atento a direção virou se encontrando com o cinza.

— Obrigado. — Roronoa foi o primeiro a falar, ainda olhando o olhar azul, que achou semelhante ao céu em um dia sem nuvens — Você salvou a minha vida. Eu deveria te proteger, mas precisei da sua ajuda. Isso é humilhante.

— Estamos quites, você salvou a minha, primeiro. — Sanji respondeu e sorriu voltando a atenção à pista — E para de se cobrar tanto, você é um agente e tanto, mas não é uma máquina.

Roronoa sorriu ao ouvir isso e virou a cabeça para o lado oposto, olhando através da janela.

— Como está se sentindo? Ainda dói? — Sanji perguntou olhando brevemente para ele.

— Não sinto dor, o remédio ainda está fazendo efeito, mas depois que passar talvez volte a doer. — Zoro respondeu ainda observando o lado de fora — Eu tenho que ser sempre o melhor, não pode haver falhas e eu falhei.

— Oras, marimo. Olhe para nós, você não falhou, eu estou aqui ao seu lado e isso significa que você conseguiu me salvar. — Sanji tentou tirar esse pensamento de falha do agente, mas notou que ele era cabeça dura.

— Você não entenderia, sobrancelha. — Zoro respondeu deixando o loiro meio irritado.

— Eu realmente não gosto desse apelido, Roronoa. — Sanji protestou, olhando brevemente para ele.

— Mas ele combina com você, sobrancelha. — Zoro disse levantando a mão direita e tocando o indicador sobre a sobrancelha espiral do loiro e empurrando levemente a cabeça.

Sorrindo, Zoro voltou a olhar para fora, estavam passando por um campo aberto agora, mas não muito longe conseguia-se ver as montanhas ficando cada vez mais próximas. Logo a frente para onde a rodovia seguia se via a montanha na qual ficariam. Já fazia um bom tempo que Zoro não vinha para esses lados, ele começou a reconhecer, isso lhe trouxe algumas lembranças de quando era mais jovem.

Os raios amarelados e alaranjados do sol já apareciam atrás de uma das montanhas, se misturando com o azul escuro do céu. O pico de algumas montanhas mais altas estavam manchadas pela neve branquinha. Estava entrando na época de inverno naquelas regiões e fazia muito frio.

— Espero que aquele velho nos mande roupas de inverno, vai fazer muito frio nos próximos dias. Viemos logo na época de inverno, talvez até neve. — Zoro disse ainda olhando as montanhas com os picos encobertos pela neve.

— Nevar? — Sanji disse surpreso e deu um grande sorriso — Eu ainda não tive a chance de ver neve.

— Então não se preocupe, você verá e vai querer ir para longe dela depois. — Zoro respondeu sorrindo.

Roronoa sentiu uma leve dor no estômago, percebeu que estava com fome, a única comida dentro do carro eram os salgadinhos gordurosos. Zoro virou um pouco o corpo para o lado esquerdo e se enfiando entre os dois bancos, pegou um saco de batatas dentro da sacola e tentou abri-lo, ele nunca conseguia abrir esses saquinhos irritantes direito, era uma verdadeira luta até conseguir, pois sempre colocava força demais e rasgava o saco todo. Tentando puxar cuidadosamente as bordas do saco, como sempre, ele puxou demais e quase rasgou ao meio. Batatas gordurosas foram espalhadas pelo colo de Roronoa, pelo banco e algumas entre seus pés.