i've never knew that I was starving

a reunião

Kate nunca precisou fazer tanto esforço pra se manter indiferente. Até porque ela nunca teve paciência pra joguinhos de sedução, então ela nunca teve problema em demonstrar o que sentia.
Mas naquela manhã, com seus sentidos completamente embaralhados e ilógicos, Kate tentava separar o que ela conseguia sentir no momento: nervoso, vergonha, raiva, admiração e tesão. Ela também conseguia ouvir a voz dos colegas longe, mas a voz de Yelena, ainda que baixa e rouca, dizia algo que fazia a pele da nuca de Kate de arrepiar. Seu perfume floral. Sua presença gritante.

xXx

(pov Kate - mais cedo, naquele mesmo dia)

- E aí, amiga, ansiosa? - Natasha provocou, enquanto se sentava na mesa de Kate, indicando o relógio com a cabeça. Kate respirou fundo pra não perder seu réu primário.
- Alguém já te disse que mesa não foi feita pra sentar? - Kate perguntou, empurrando a ruiva, com a cara mais cínica possível. Claro que ela tava nervosa, mas ela não tinha psicológico pra o senso de humor duvidoso de Nat agora - Tá invadindo meu espaço pessoal, Romanoff.
- Alguém já te falou que você é péssima mudando de assunto? - Nat continuou antes que pudesse ser interrompida - E a partir do momento que você abusa do meu corpinho durante a noite, tudo que é seu é nosso. Logo, nossa mesa.
- Por que você não vai a-
- Deixa ela em paz, Nat. Quer fazer ela ter uma crise? - Wanda claramente tentava se solidarizar e se manter séria, mas sua covinha discreta insistia em ficar na sua bochecha. De maneira muito saudável, desviou a atenção de si, reclamando e dando um tapa na nuca de Natasha, que resmungou algo que ninguém deu atenção. - Como está o estado de espírito, meu amor?
- Tranquilo , eu acho. Semelhante ao de um presidiário esperando a injeção letal no corredor da morte. - Kate respondeu com uma expressão exasperada e um sorriso nada natural.
- Jura?! - Wanda perguntou com um sorriso surpreso. - Eu imaginava que você estivesse um pouco ansiosa, mas não tanto.
- Infelizmente sim. Essa mulher tem algum poder de me tirar completamente do sério em segundos. - Kate confessou, colocando a cabeça entre os joelhos.
- Do sério ou do chão? - Natasha provocou com um sorriso torto, que não se desfez nem com o silêncio de Kate e uma cara ameaçadora de Wanda.
- Escuta, se em algum momento as coisas saírem do controle, faz um sinal pra mim que eu ligo pra seu celular e você finge uma emergência. Se sente melhor assim? - Wanda sugeriu massageando os ombros tensos de Kate.
- Um pouco.
- Tenta não pensar muito sobre isso... Aposto que ela também não está muito confortável com a situação.
- Arrogante daquele jeito?! Duvido muito.
- Quando eu passei pela sala dela mais cedo, a caminho daqui, ela tava andando parecendo uma psicopata, lendo o que parecia uma planilha e murmurando coisas sozinha. - Natasha riu, parecendo lembrar.
- E eu achando que só saíam fezes dessa boquinha linda. - Kate debochou, provocando uma careta em Nat e uma gargalhada em Wanda.
- É, Katie, tenta lembrar que além dela ter que encarar o crush lésbico enrustido dela, ela também vai liderar a primeira reunião numa empresa nova.
- É... talvez se eu me fingir de morta, ela não me ataque, tal qual um animal selvagem... - Kate ironizou tentando conter a sua ansiedade. Aquela loira prepotente podia achar que ela era do tipo que beijava e contava, como um homem hétero nojento, mas se tinha uma coisa que Kate odiava era ficar em evidência e falta de privacidade.
- Viu só? A gente tem mais quinze minutos pra continuar o brainstorming de táticas pra você tentar evitar a terceira guerra mundial.
- Nossa, agora assim eu me sinto revigorada e animadíssima.

xXx

E ali estava ela. Estática. Rezando, mais que tudo, pra que o tempo passasse. Pra que aquela tortura que chamavam de reunião acabasse, ela pudesse fugir dali e ir surtar no conforto de um algum lugar de paz.
Ela conseguia sentir os olhares penetrantes de Wanda e Natasha. Até piscar parecia ter saído do modo automático para o manual. Às vezes Kate também sentia o olha de Yelena cruzar o seu rosto, como se ela não conseguisse evitar (ou se como, diferente de você, ela conseguisse ser profissional! - Kate repreendeu a si mesma quando percebeu aonde seus seus pensamentos tentavam te levar.
Quando bateram na porta e Jenny apareceu dando boa tarde e pedindo licença, Kate parou de encarar o ponto fixo que havia escolhido em um lugar atrás da cabeça de Yelena (afinal, ela tinha que pelo menos fingir que estava prestando atenção no que a loira dizia), e finalmente prestou atenção em algo.
Antes que Jenny pudesse dizer alguma coisa, Steve Rogers adiantou: