i've never knew that I was starving

nem tudo é o que parece ser

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(flashback - pós festa da faculdade - POV Yelena)

Yelena acordou no dia seguinte com o barulho estridente do seu celular ecoando pelo que parecia a milionésima vez.

Sua cabeça latejava e rodava quando ela olhou no relógio e viu que já passava das 11h. No momento ela não sabia dizer o que era mais forte: sua ressaca ou sua ressaca moral.

A loira não teve muito tempo pra descobrir a resposta porque no segundo seguinte, ela estava ajoelhada no no banheiro frio do hotel, colocando o que parecia ser todos os seus órgãos para fora no vaso sanitário. Depois do que pareceu uma eternidade e já não ter mais nada pra expulsar do corpo, Yelena andou tropegamente até o frigobar, catou um dramin e uma aspirina e ingeriu-os, sentindo como seu corpo estava fraco. Quando sua respiração finalmente começou a normalizar, ela pegou uma toalha limpa e ficou debaixo da água quente até se sentir um pouco melhor.

Ainda de roupão e toalha, ela pediu algumas porções de frutas pelo serviço de quarto (era a única coisa que ela conseguia pensar em comer sem sentir aquele embrulho no estômago gritar).

Depois de comer o máximo possível naquele estado, Yelena se atirou na cama e pegou o celular. Revirou os olhos quando percebeu que esqueceu de bloquear o escroto do Allan, mas, em menos de um minuto, uma mistura de mágoa e alívio se instalou no seu peito quando ela se deu conta de que aquilo era o fim.

Respirou fundo e abriu a conversa com Michelle, que havia mandado inúmeras mensagens que variavam entre preocupação pelo seu sumiço, indagações de como havia sido a noite, convite para comerem juntas e, óbvio, várias mensagens sobre quantos gostosos ela tinha ficado na noite anterior. E foi aí que todas as lembranças (ligeiramente turvas) da morena vieram de vez e, pela primeira vez, Yelena esqueceu momentaneamente dos seus problemas. A lembrança do seu perfume amadeirado, das suas mãos compridas e suaves passando e deixando um rastro de fogo no seu corpo, seu olhar hipnotizante, seu beijo viciante... todas as lembranças de Kate alguma coisa invadiram o seu corpo e entorpeceram seus sentidos e, quando deu por si, a loira se pegou passando as mãos no lábios, tentando conter um sorriso bobo que ameaçava se formar. Como diabos aquela garota mexera tanto com ela em uma só noite? Como ela conseguirá varrer Allan completamente pra fora da sua mente e fazer ela se sentir como uma adolescente com seu primeiro crush? E como assim alguém fizera ela se esquecer da promessa idiota que havia feito pra si mesma de nunca nem sequer beijar uma mulher pra evitar mais um "problema" na sua vida?

xXx

Mas Yelena não tinha muito tempo pra pensar nisso. Não se ela não quisesse que seu celular explodisse de tanta notificação de Mitch. Ô criatura curiosa.

Assim que melhorou, Yelena tomou um banho, vestiu a roupa mais confortável que conseguiu encontrar, colocou um par de óculos no rosto e finalmente foi se encontrar com a amiga.

Assim que chegaram no quiosque combinado, Mitch já estava sentada distraída na cadeira, de pernas cruzadas, óculos de sol e um camisa flanela quadriculada (provavelmente roubada do namorado), lendo o cardápio. Quando notou a presença da amiga, Michelle levantou da cadeira num rompante e quase derrubou o corpo momentaneamente fraco da loira, quando a abraçou com força. Diferente da impressão que passava, Yelena gostava muito de toque físicos e demonstrações de afeto. E também, ela mais do que ninguém, aquele não era só um abraço de saudade, mas também um abraço de conforto por tudo que a amiga vinha passando ultimamente.

Quando elas finalmente se separaram, os olhos das duas estavam levemente mais úmidos.

- Escuta, amiga - Mitch tentou começar, mas foi interrompida pela mãozinha da loira com um dedo em riste.

- Nem pensar em falar daquele Voldemort calvo. Eu sei que em algum momento eu vou precisar falar sobre isso, mas agora eu acho que eu nem conseguiria. Fora a ressaca, sinto que não tô pronta ainda.