o mundo é um ovo

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- Você me odeia? – uma Nat, tão bêbada quanto Kate tinha estado (ou estava, era difícil dizer) choramingou quando elas chegaram em casa, algum tempo depois.

- Desencana, Nat. Acontece. – Kate respondeu pelo que parecia a milionésima vez.

- Mas você nunca fica com ninguém e quando fica eu estrago tudo. – ela resmungou, tirando os sapatos e jogando-os de qualquer jeito pelo quarto. Kate revirou os olhos. Às vezes ela odiava a bagunça de Nat. E isso era alarmante, vindo de Kate.

- Amiga, relaxa. Com certeza eu fui só uma experiência bêbada pra mais uma hétero curiosa. Ela provavelmente nem vai lembrar o meu nome amanhã. E nem eu o dela. – Kate tranquilizou-a, tentando se convencer também. A verdade era que ela realmente tinha gostado da loira de um jeito surreal e não lembrava de já ter gostado tanto de um beijo. Mas, na real, as duas estavam muito bêbadas e existia uma possibilidade significativa de que não teria sido tão bom se elas não estivessem com tanto álcool no organismo.
Na verdade, muito provavelmente nem teria acontecido nada entre elas. Kate provavelmente só tinha se livrado de um provável crush numa possível bi de festa, então o prejuízo nem era tão grande assim. Ou pelo menos foi o que a morena ficou repetindo pra si mesma, tentando ignorar uma angústia que se formara no seu peito desde que Yelena saíra correndo, chorando daquele jeito.

- Verdade? - a ruiva perguntou, fazendo um beicinho, parecendo se sentir culpada.

- Sim. Agora dorme. – Kate sorriu sem muita vontade, enquanto cobria a amiga.

- Te amo. – Nat murmurou antes de virar pro lado e roncar quase instantaneamente. Ótimo, pelo menos alguém conseguiria dormir bem ali.

Apesar de bêbada, Kate sabia que Nat estava sendo sincera. Apesar de ser uma pentelha, Nat era uma amiga maravilhosa. Kate não sabia o que seria da sua vida sem ela. Depositou um beijo na sua testa e foi deitar. 

Pra decepção da morena, no dia seguinte ela ainda se lembrava, e muito claramente, do beijo de Yelena. Sem contar os diversos sonhos indiscretos que ela teve durante a noite e nas noites seguintes. Às vezes ela só revivia o momento, às vezes sonhava que Nat não a interrompera. 

Claro que Nat tentara arrancar detalhes de Kate quando finalmente parou de lhe pedir desculpas, mas Kate não estava nem um pouco afim de falar sobre aquilo. Mesmo que não fizesse sentido, ela preferia guardar aquele momento só pra ela. E finalmente, depois de um tempo, a lembrança começou a se dissipar e ela finalmente se permitiu deixar aquele dia pra trás.

xXx

POV Kate

Desde que eu me entendo por gente, ouço as pessoas dizerem que "o mundo é um ovo" e sempre achei que esse era só mais um daqueles ditados que a gente ouve tanto, que acaba reproduzindo sem perceber. Além de exagerado. O mundo é tão grande, tão vasto, tão inexplorado, tão rico de pessoas, culturas e lugares diferentes... Bom, pelo menos era isso que eu achava até uns anos atrás, quando percebi que dizer que o mundo é um ovo é uma forma até modesta de descrever como a vida opera de formas inacreditáveis quando certas coisas têm que acontecer.

Essa semana eu e a Nat iríamos completar três anos mais do que bem sucedidos na Produtora/Agência do Steve Rogers, aquele único amigo interessante que a Nat fizera questão de manter de todos os colégios que passou antes conhecer o Pete e eu. Pois é, a Nat não só conseguiu um emprego pra ela na parte de audiovisual, como me conseguira um emprego de fotógrafa também. E se alguém achar que nem foram tantas coincidências assim, na nossa primeira semana no trabalho novo, nós acabamos dando de cara com uma loirinha da nossa antiga faculdade, que cursava audiovisual também (com um semestre de diferença da Nat) e se tornara uma pequena espécie de crush à primeira vista da dona Romanoff, num curso extra curricular de cinema que fizemos na época. 

i've never knew that I was starvingOnde histórias criam vida. Descubra agora