"O polvo é uma criatura magnífica"

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Eu estava cansado de andar pelo imenso corredor, Shawn e eu fomos para um outro corredor. Rafaello acabou tendo de fazer outras coisas e nos deixou a sós naquela "selva" com "animais" selvagens.
Eu admito que eu estava com menos medo dos adultos do que dos adolescentes e infelizmente meu outro paciente era um jovem adulto poucos anos mais novo que eu.
o corredor em que eu e o escoliotico passávamos fedia um pouco e tinha algumas luzes piscando, ele estava limpo e algumas pessoas estavam sendo atendidas por médicos e psicólogos e alguns outros estavam surtando.
Eu tomei um leve susto ao ver um dos internados sair do quarto numa tentativa falha de fugir, pois um dos seguranças o carregou e jogou para dentro do quarto branco, totalmente revestido por acolchoado, novamente.
O corredor em si era limpo, porém alguns quartos estavam sujos, a sujeira variava de excrementos, sangue e líquidos não identificados e a cada passo que dávamos parecia que o local demonstrava mais defeitos e descuidados, viramos para um outro corredor e adentramos um elevador após pedir ajuda para um dos enfermeiros do local, que nós guiou até um corredor ainda pior, sendo este mais escuro com poucas luzes funcionando, bastante poeira e os quartos tinham portas totalmente revestidas, diferente das outras que tinham uma janela na porta ou uma  janela mediana ao lado da mesma. As portas eram totalmente feitas de metal com uma pequena janela minúscula fechada, acabei me perguntando se aquilo era um hospital psiquiátrico ou uma prisão, o enfermeiro notou minha feição decepcionada e tentou explicar o motivo do local estar daquele jeito, dando uma desculpa esparramada de "este corredor tem poucas pessoas e é um dos mais antigos, tem pouca gente circulando por isso a sujeira" o mesmo murmurou com ajeitando a  máscara descartável que utilizava.
Permaneci com a mesma feição enojada durante todo o trajeto

—Aqui fede bastante, vocês realmente não tem pessoas o suficiente para fazerem limpezas por aqui?

resmungou o escoliotico, enquanto analisava o local, o enfermeiro, que provavelmente tinha a mesma idade que nós, estalou com a língua e resmungou baixinho algo que demorei um pouco para entender mas provavelmente foi um "Não, não temos, esta parte está caindo aos pedaços por conta de falta de interesse dos coordenadores daqui.", o rapaz ao meu lado ficou meio confuso, provavelmente não tinha entendido bulhufas do que o técnico de enfermagem acabara de dizer, porém acabou concordando.

—Isso tá pior que meu apartamento..

resmungou o branquelo ao meu lado, olhando para um quarto que um médico saira ligeiramente, seguido por dois seguranças armados

—Bom dia, Sasha!— o médico sorriu e acenou para o enfermeiro, ele tinha um nome masculino qual não me recordo no crachá, por quê diabos alguém o chamaria de Sasha?— Como vai sua mãe?

—Ah ela melhorou sim, o remédio que você aconselhou ela a tomar fez efeito, ela até conseguiu sair um pouco de casa ontem— o homem agora identificado como Sasha respondeu sorrindo, tirando do bolso um pequeno pote de vidro com um pó branco e jogando para o médico, que sorriu e adentrou outra sala, ainda acompanhado pelos seguranças—Esse é o Ryland, ele trabalha aqui a uns cinco anos!

Sasha argumentou com um sorriso tímido no rosto, enquanto apontava para a sala que o de cabelos levemente grisalhos acabara de entrar

—Não se preocupem, aquilo que entreguei para ele não é nada ilícito, é apenas um medicamento feito para um paciente.

Shawn e eu nos olhamos em dúvida, decidimos ficar calados e o outro até deu de ombros, em seguida encontramos a sala do paciente qual eu deveria tratar
um segurança abriu a porta e sussurrou algo em meu ouvido, eu acabei não entendo, então ignorei.
Antes da porta abrir totalmente, respirei fundo e fechei meus olhos, entrando no quarto, ao dar meu primeiro passo e ouvi a porta pesada fechar, eu abri um dos meus olhos e soltei o ar, não consegui ver o paciente e somente uma pilha de travesseiros e vários desenhos de animais marinhos jogados pelo quarto, quando eu decidi me aproximar de um desenho, pude ouvir uma risada, anasalada

Bem-vindos a perda de sanidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora