Um inicio de um sentimento

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Colin se lembrava de ter conhecido Penelope, quando ela tinha cinco anos, em uma visita em que ele acompanhou o pai, quando pequeno o cavalheiro adorava seguir o pai sempre que lhe era permitido. Em uma sala de estar verde e brilhante, o menino muito educado esperava o Lord junto de seu pai, quando o homem entrou na sala e os cumprimentou, não demorou para que seu pai embalasse em um assunto ou outro e de repente, como um vento de primavera, a pequena figura ruiva adentrou correndo e quando viu que o pai recebia visitas, ela se escondeu atrás do Lord com vergonha, ela era pequena e fofa, uma menina tímida. 

Os encontros que ele se lembrava depois deste, eram sempre na presença de sua irmã, Eloise, que tinha a idade parecida e elas se tornaram amigas rapidamente, com os anos pareciam inseparáveis. Viviam sempre correndo por toda casa, a medida que cresceram, o barulho que todos ouviam dos ambientes em que as jovens estavam, eram de risadas. 

Uma das últimas vezes que Colin se lembrava de ter visto a jovem ruiva, era em um passeio a cavalo, ele havia aumentado sua velocidade quando um chapéu voou em seu rosto, o desequilibrando e fazendo-o cair sentado na grama, apesar da dor da queda o jovem ria pela forma que havia aterrissado ao chão. A ruiva prontamente se aproximou, se desculpando e seu rosto estava ruborizado em um tom tão rosado que era evidente sua vergonha. 

Pouco depois, o cavalheiro se lembrava da manhã em que ela partiu, ele acompanhou a irmã mais nova para se despedir da ruiva, foi a primeira vez que vira a irmã chorar depois da morte do pai, e a ruiva também não parecia contente com tal viagem, ela era apenas uma menina e estava prestes a partir para longe da família.

O dia em que Colin retornou a Londres, depois de sua última longa viagem, encontrou a casa da família repleta de convidados vestidos de formas peculiares, até que ele entendeu que eram fantasias, quando enquanto procurava algum rosto familiar, ele sentiu um corpo esbarrar ao seu em meio ao salão, ao perceber que era uma dama ele estava prestes a se desculpar por sua falta de atenção. Mas, ela foi mais rápida e mais culta, pois por segundos ele se questionou se realmente havia ouvido ela falar francês, e deixou seu questionamento falar mais alto a fazendo se explicar e quase sentir a face esquentar. Este, teria sido um bom reencontro, se no final da noite ele não tivesse recebido a noticia de que teria que se casar, por mais que estivesse impressionado com tamanha beleza da jovem que encontrou no baile mais cedo, ele não sentia nada por ela, não teriam se quer tido uma conversa decente... Por céus e se ela fosse incapaz de ter uma conversa que não fosse sobre vestidos, certamente o restante de sua vida seria tediosa, mesmo que uma certa parte dele, pensava que ela poderia ser diferente, já que falava francês poderiam ter mais qualidades, poderia ser uma dama interessante afinal. 

Durante todo a preparação do casamento, ele não a teria visto uma única vez, não houve cortejo, não houve se quer um jantar de noivado, ou um anuncio perante a sociedade de que eles se casariam, apenas em um mês ele se tornou um marido. Quando ele a viu sair pelas portas da varanda de Aubrey Hall, uma sensação estranha tomou seu peito, ele estava vidrado nela, todos em sua volta diriam que ele parecia encantado, a medida que ela se aproximava dele, era como se ficasse mais difícil respirar. 

Mesmo sabendo as condições de seu casamento, Colin sabia que tinha a missão de transparecer que aquilo não era um arranjo, sabia que deveria proteger os sentimentos dela, mesmo não entendendo bem como faria isso, nunca teve que defender os sentimentos de ninguém e não sabia por onde começar, mas quando ele a viu sair do salão as pressas incomodada, ele era um cavalheiro e teria sido criado para tratar uma dama com cordialidade e sentia que ela precisava de no mínimo palavras que a acalmassem, ele sabia que faria o possível para fazê-la feliz. 

Ainda assim, quando deixaram Aubrey hall, ele não sabia se deveria tentar conversar, o que poderiam falar – Foi um casamento agradável, um casamento que por sinal foi o nosso – não havia nada para ser dito, e mesmo que havia vergonha quando seus olhares se cruzavam na carruagem, ele sabia que agora era seu dever protegê-la e quando ela adormeceu, ele se sentiu no dever de ser seu colo e no momento em que finalmente chegaram em sua casa de campo, que era uma forma muito sutil para se referir a aquela casa, ele não entendeu porque seu pai havia escolhido uma propriedade tão grande para eles, Colin era o terceiro filho, não tinha um grande título como seu irmão mais velho, e ainda sim, era ele quem herdara uma casa em Londres e aquela grande propriedade no campo, um vasto campo que possuía uma cachoeira. Assim que chegaram, ele a pegou em seus braços e a levou para os aposentos dela, saindo em seguida após se certificar que ela estaria dormindo bem. Colin adorava aquelas terras, e mesmo que tivesse passado o dia seguinte chegara nelas, trancado em um escritório, ele ainda tinha muito o que dizer sobre elas. 

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