KINSLAYER - Aemond Targaryen

Despedida

Casamento.

União abençoada pelos Sete, entre um homem e uma mulher, independente do objetivo. 

Os sortudos, se casavam por amor. Meu sonho era me casar por amor, assim como as princesas e ladys das histórias, eu queria encontrar alguém que fizesse meu coração palpitar e me tratasse como a pessoa mais querida do mundo, me amasse com todo o seu ser e me protegesse de tudo e todos. Alguém que me fizesse olhar para o espelho e ver a donzela mais bonita dos Sete Reinos. Não que eu fosse feia, estou longe de ser feia, mas também não me considero linda. É um sentimento complexo, não sou feia, não sou bonita, sou simplesmente aceitável.

Mas, como nem todos são sortudos, um casamento pode significar um acordo político ou econômico entre duas famílias. E era isso que minha irmã Rhaenyra queria, um acordo político implícito, uma oferta de paz para solidificar sua reivindicação injusta ao Trono de Ferro. Quando mamãe me contou que Rhaenyra propôs um casamento entre Jacaerys e eu , me senti assustada com o que o futuro poderia reservar. Não é segredo que meu sobrinho possui uma legitimidade questionável, um provável bastardo de Harwin Strong. Assim como sua legitimidade, meu casamento com ele seria incerto, uma hora eu poderia ser sua rainha e meus filhos seus herdeiros, em outra, eu e meus filhos poderíamos ser assassinados por sermos uma ameaça a verdadeira linha de sucessão. Talvez um de meus próprios irmãos me apunhale pelas costas.

Durante um momento fiquei assustada por mim. mas quando foi revelado que a noiva de Jacaerys seria Heleana, me senti tranquila, esse não seria meu futuro, e culpada, minha querida irmã correria um risco que deveria ter sido meu. Olhei para Heleana mas ela esboçava sua expressão viajante, nesse momento, ela estava em outro mundo. Isso não durou muito, ela logo deixou seu mundo particular, pois sorriu e me lançou um olhar dócil e penoso, da mesma forma que as pessoas olham para um cachorrinho chutado e pensam como o mundo é cruel.

Com o próximo anúncio de minha mãe, compreendi e descobri um outro tipo de casamento, o medicante, a solução para um grande problema, um remédio para uma doença. Muitas vezes uma garota tem de se casar para esconder uma gravidez ou para sustentar sua família, mas nunca imaginei que alguém pudesse se casar para fugir de um outro casamento.

Porém, algo que nunca tinha parado para pensar é que nem todos os remédios são seguros, alguns causam efeitos piores do que as doenças em si.

Olhando para meu irmão, Aegon, do outro lado do cômodo, torci para que ele não fosse um péssimo remédio.

Naquela noite, sonhei com um quarto verde e uma enorme cama de dossel. Ela era linda, sua estrutura brilhava como ouro e seus lençóis brancos pareciam nuvens de tão macios. Me deitei nela e relaxei, me deliciando com suas carícias macias em minha pele nua. Olhei para cima e vi um único olho violeta me encarando do teto. Ao receber minha atenção, o olho piscou e o lençol pareceu tomar vida e se movimentar por conta própria, a estrutura da cama se movendo para segurar meus pulsos acima da minha cabeça, o metal gelado segurando minhas pernas em um grande V, expondo meu corpo para o grande olho que me fitava.

Os lençóis subiram para os meus seios, acariciando meus mamilos rijos e causando-lhes a mais engraçada das cócegas, que arrepiava os pelos do meu corpo e fazia formigar o meu ventre. Era estranho e, pela primeira vez em minha vida, o estranho era algo incrivelmente bom. Não pude deixar de explodir de felicidade.

Me levantei em um rompante e, dessa vez, não foi aos gritos. Mas sim com uma sensação de que talvez o casamento com Aegon não fosse tão ruim assim, talvez eu fosse feliz. Com o corpo feliz e relaxado, adormeci.

…

Assim que Heleana completou 13 anos e sangrou pela primeira vez, mamãe preparou todo o seu enxoval e organizou uma comitiva para levá-la de navio,  apenas para ser surpreendida quando Syrax chegou em Porto Real com minha irmã em toda a sua glória, sendo seguida de perto por Caraxes e o seu novo marido, nosso tio Daemon Targaryen.