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Na pacata cidade de Pedra Azul, os raios do sol se punham alaranjados nas vitrines das lojas e os segredos eram guardados pela noite nos cantos sombrios das mansões.

Antonio Santana era conhecido como o ourives mais habilidoso da região. Trabalhava em uma imensa loja de joias, com ar de beleza e elegância em meio ao a simplicidade de sua vida.

Desde jovem, Antonio fora cativado pelo brilho das pedras e pela arte da ourivesaria, antes profissão de seu pai.

Seus dedos ágeis transformavam o ouro em obras de arte, enquanto sua mente dava vida a designs que encantavam os olhos e tocavam os corações daqueles que tinham a sorte de possuí-los.

Naquele entardecer alaranjado, Antonio estava absorto em seu trabalho mais ambicioso até então: um colar de ouro adornado com rubis, meticulosamente esculpido no formato de uma rosa vermelha.

Era uma peça de beleza incomparável, uma obra-prima que ele dedicara meses de trabalho árduo e paixão por seu trabalho para criar.

Enquanto seus dedos habilidosos moldavam e poliam cada detalhe da delicada rosa, sentia o peso da responsabilidade sobre seus ombros de estar fazendo uma peça para o homem mais poderoso da região, Ramiro Neves.

O colar não era apenas uma peça de joalheria; era um símbolo de sua habilidade como ourives e o sustento de seu filho, Kelvin Santana.

Com cada golpe de martelo e cada ajuste na peça, ele depositava sonhos para o futuro do seu filho.

Enquanto o sol se punha lentamente no horizonte, e as luzes da vila se apagavam, finalmente terminou sua obra-prima. Com as mãos trêmulas de emoção, ele segurou o colar diante de si, maravilhado com a beleza que havia criado.

Contudo, o destino tinha planos diferentes para Antonio e sua preciosa criação. O ambiente tranquilo foi abruptamente interrompido pelo som estrondoso da porta sendo arrombada.

Antonio ergueu os olhos em choque, seu coração acelerando com uma mistura de medo e desamparo. Na entrada da loja, uma figura mascarada emergiu das sombras, roupas pretas e um olhar sombrio.

"O que você quer aqui?" perguntou, tentando manter a voz firme, apesar do tremor de ansiedade que percorria seu corpo.

O assaltante avançou com passos decididos, seu rosto oculto pela máscara de esqui.

"O colar", disse ele com voz rouca, apontando ameaçadoramente com uma arma para a peça preciosa que repousava no balcão. "Entrega para mim agora, e ninguém se machuca."

Antonio recuou instintivamente, sentindo o peso do medo sobre seus ombros.

"Por favor, não faça isso", suplicou ele, seus olhos fixos no colar que representava não apenas horas de trabalho, mas também suas esperanças para um futuro melhor para seu filho. "Há outra maneira. Podemos resolver isso de outra forma."

Mas o assaltante não estava interessado em negociações. Com um movimento rápido e decisivo, ele estendeu a mão e arrancou o colar do balcão, seus dedos ágeis agarrando a preciosa obra de arte com avidez insaciável.

Antonio assistiu impotente enquanto sua criação era levada de suas mãos, seu coração apertado por uma dor profunda e lancinante. "Por favor, devolva", implorou ele, sua voz ecoando no vazio da loja.

Mas suas palavras caíram em ouvidos surdos, pois o assaltante desapareceu na escuridão da noite. Com lágrimas de impotência nos olhos, caiu de joelhos no chão frio da loja em prantos.

Naquele momento de desespero e desamparo, ele sabia que sua vida nunca mais seria a mesma, pois o assalto havia roubado não apenas suas joias, mas também a de Kelvin.

The Rose (Kelmiro au)Onde histórias criam vida. Descubra agora