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Em um novo dia na mansão, Kelvin e Ramiro se encontravam no escritório, imersos em suas respectivas tarefas.

No entanto, o ambiente tranquilo foi interrompido pelo peso do desapontamento que pairava sobre Ramiro.

"Estou ficando furioso, Kelvin", admitiu Ramiro, sua voz carregada de desânimo e irritação. "A inauguração está se aproximando e ainda não encontramos uma ideia convincente para substituir o colar perdido."

Kelvin respirou fundo e olhou para Ramiro, um pouco preocupado com a expressão abatida do homem diante dele.

"Compreendo sua preocupação", começou Kelvin, sua voz firme e confiante. "Mas precisamos manter a calma e focar em encontrar uma solução."

"Eu sei", disse ele, agitado "Mas precisamos encontrar uma ideia que seja verdadeiramente excepcional, algo que impressione nossos a todos e mostre o melhor da nossa empresa."

À medida que a conversa progredia, uma tensão sutil começou a se formar entre os homens. As palavras trocadas tornaram-se mais intensas, cada um expressando suas preocupações e frustrações de maneira sincera. A tensão atingiu um ponto de ebulição, e o que começou como uma discussão se transformou rapidamente em uma briga acalorada.

"Você simplesmente não entende, Ramiro!", exclamou Kelvin, sua voz carregada de frustração. "Estamos perdendo tempo discutindo sem chegar a lugar algum. Você precisa começar a agir em vez de apenas ficar aí reclamando da perda do colar!"

Ramiro cerrou os punhos, seu rosto contorcido pela raiva.

"E você precisa aprender a respeitar a autoridade, Kelvin!", retrucou ele, sua voz ecoando pelo escritório. "Você é apenas um assistente aqui, não tem direito de me dizer o que fazer!"

As palavras cortantes de Ramiro atingiram Kelvin em cheio, fazendo-o recuar alguns passos. Ele sentiu uma mistura de indignação e mágoa se acumulando dentro de si, alimentando a chama da briga que se alastrava entre eles.

"Eu não preciso que me lembre da sua autoridade, Ramiro!", gritou Kelvin, as lágrimas começando a brotar em seus olhos. "Eu não preciso de você sendo um idiota comigo o tempo todo!"

Ramiro avançou em direção a Kelvin, seu rosto a poucos centímetros do dele.

"Você é apenas um garoto mimado que não tem ideia do que é necessário para fazer as coisas acontecerem!", rosnou ele, suas palavras cheias de desprezo.

O coração de Kelvin se apertou diante do desdém de Ramiro, e as lágrimas começaram a escorrer por suas bochechas.

Ele se virou e correu para fora do escritório, suas emoções transbordando em soluços angustiados enquanto deixava para trás a briga tumultuada.

Enquanto Kelvin se afastava, a briga continuava, os ecos de suas palavras cortantes ressoando no ar carregado de tensão. Ele se sentia impotente diante da ira de Ramiro e do peso de sua própria decisão de salvar seu pai.

Kelvin virou-se e correu para fora da casa, suas pernas movendo-se freneticamente enquanto ele buscava desesperadamente escapar da situação angustiante.

Cada passo que ele dava era acompanhado por soluços sufocados, suas lágrimas misturando-se com a chuva que começava a cair do céu cinzento. As emoções tumultuadas de ecoavam dentro dele, um turbilhão de arrependimento, medo e tristeza que ameaçava consumi-lo por completo.

Ele não sabia para onde estava indo, apenas queria se afastar da mansão e da opressiva presença de Ramiro, pelo menos por enquanto. Enquanto corria pela rua molhada, as lágrimas continuavam a escorrer por suas bochechas, misturando-se com a chuva gelada que caía do céu.

A sensação de desamparo o envolvia enquanto ele tentava encontrar algum lugar para se refugiar da tempestade emocional que o consumia.

No entanto, sua fuga foi interrompida abruptamente quando ele ouviu o som pessoas vindo em sua direção.

Seu coração saltou de pavor ao perceber que um grupo de caminhoneiros bêbados se aproximava rapidamente, suas risadas cruéis e palavras obscenas ecoando pela rua deserta.

O desespero tomou conta de Kelvin enquanto ele se viu encurralado pelos homens que se aproximavam, suas mãos trêmulas incapazes de encontrar uma saída.

Os caminhoneiros seguravam os braços leitosos de Kelvin com força, deixando marcas avermelhadas em sua pele enquanto cuspiam palavras com escárnio.

"Olha, temos aqui um veadinho inútil" um grita, fazendo os demais rirem.

"Vamos bater até ele se curar" um fala soltando o hálito de bebida no rosto de Kelvin.

Mas antes que os caminhoneiros pudessem fazer mal ao menino, uma figura imponente surgiu da escuridão, Ramiro, seu rosto contorcido de raiva enquanto avançava em direção aos agressores.

Com um grito de fúria, lançou-se contra os caminhoneiros, seus punhos voando em um frenesi de golpes precisos e raivosos. Ele não hesitou em enfrentar os homens que ameaçavam o garoto, sua determinação inabalável enquanto os socava .

Enquanto os caminhoneiros recuavam, derrotados pela força avassaladora de Ramiro, Kelvin sentiu um misto de alívio e gratidão inundar seu coração. Ele olhou para o outro com admiração e respeito, vendo-o pela primeira vez.

Ramiro voltou sua atenção para Kelvin, seu olhar duro suavizando-se ao ver o estado do menino. Ele estendeu a mão em um gesto reconfortante, oferecendo apoio e proteção em meio ao caos que os cercava.

O silêncio pairava entre ambos enquanto eles retornavam à mansão, cada um imerso em seus próprios pensamentos. A tensão do momento ainda ecoava no ar ao chegarem à casa. Kelvin quebrou o silêncio, sua voz suave e trêmula cortando o ar carregado.

"Ramiro, deixe-me cuidar dos seus machucados, por favor", ofereceu ele, seu olhar expressando genuína preocupação pelo bem-estar do outro.

Ramiro olhou para Kelvin, seus olhos revelando uma mistura de gratidão e surpresa diante da oferta do menino. Depois de um momento de hesitação, ele assentiu.

Juntos, eles se encaminharam para um dos banheiros da mansão, onde poderiam cuidar dos ferimentos.

Com cuidado e atenção, Kelvin passava uma toalha molhada nos machucados do outro, suas mãos hábeis e gentis trabalhando para aliviar a dor e o desconforto.

Ramiro, após um momento de reflexão, tomou a iniciativa de quebrar o gelo.

"Kelvin", começou, sua voz grave carregada de sinceridade, "eu gostaria de pedir desculpas. Não foi minha intenção que nossa conversa se transformasse em uma situação tão desagradável."

O menor olhou surpreso pela oferta de desculpas do homem que momentos antes estava tão enfurecido. Ele sentiu um nó se formar em sua garganta ao perceber que, apesar de sua atitude áspera, Ramiro realmente se importava com seu bem-estar.

"Ramiro, eu... eu entendo", respondeu, sua voz embargada pela emoção. "Mas eu não posso deixar de me sentir grato pelo que você fez por mim lá fora. Você arriscou sua própria segurança para me proteger, e isso significa muito para mim."

Ramiro abaixou os olhos, um leve rubor colorindo suas bochechas enquanto ele absorvia as palavras de Kelvin. Ele se sentia tocado pela sinceridade e pela gratidão do menino, e sabia que precisava reconhecer a bravura do menor.

"Eu faria tudo de novo para garantir sua segurança", disse, sua voz suavizando-se com um toque de vulnerabilidade. "Eu não posso permitir que nada de ruim aconteça com você."

Kelvin sorriu gentilmente para ele, sentindo-se emocionado pela sinceridade das palavras do homem que havia passado de um estranho temido para um aliado valorizado.

"Obrigado", disse ele, "Eu confio em você, e estarei aqui"

Até quando o menino estaria ali? Ramiro pensa...

The Rose (Kelmiro au)Onde histórias criam vida. Descubra agora