Sinto muito por sua perda Aelion.

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Narradora

Durante uma tarde de um sol especialmente quente em Prynthian era possível perceber em um belíssimo e colorido jardim que se localizava atrás de uma elegante mansão, a presença de uma figura masculina, sentado debaixo de um gazebo octogonal que era feito de mármore claro com pequenas trepadeiras subindo pelas vigas douradas com rosas brancas e flores roxas crescendo lindamente no telhado de vidro, aproveitando-se dos ventos refrescantes estava o Grão-senhor de Primaveril, Tamlin Löwe, desfrutando os pouquíssimos momentos de paz e tranquilidade que tinha ultimamente para usufruir de um bom chá de jasmim com biscoitos amanteigados feitos primorosamente pela cozinheira-chefe, ele tentava relaxar o máximo que pudia.

Alguns minutos depois Tamlin foi capaz de ouvir o som de passos rápidos vindos da mansão em sua direção.

Parece que o tempo livre acabou bem mais cedo do que eu gostaria.

Virando-se para ver quem estava obviamente procurando-o Tamlin percebe que era Aelion, o chefe da guarda da mansão Primaveril, um feérico alto, cuja pele antes bronzeada agora apresentava sinais de palidez, seus cabelos castanhos cortados em um estilo muito semelhante aos dos militares do meu antigo mundo, seus olhos tão azuis quanto o céu e músculos evidentes sob o uniforme que usava, se fosse um humano diria que ele teria entre 30 à 35 anos ( o que não chega nem perto da real idade dele).

-Meu senhor. - disse Aelion, se curvando-se ligeiramente, uma demostração de respeito e submissão para com o seu governante. Ele parecia estar se esforçando para se manter de pé, seus olhos que carregavam dor e tristeza, estavam vermelhos como se estivesse segurando choro, ,ele estava sofrendo isso era visível e Tamlin poderia adivinhar o motivo, afinal, ele era o causador de sua dor.

Vou me arrepender de ter tomado aquela decisão pelo resto da minha vida.

-A vontade. - Ordenou, vendo-o erguer a cabeça. -O que houve Aelion? - Perguntou Tamlin, tinha que perguntar, ele precisava de uma resposta, uma confirmação, por mais que já soubesse, havia apenas um motivo para Aelion ir até ele quando todos foram avisados para não incomoda-lo .

-A lanterna de Andras se apagou senhor. - Respondeu ele, seu tom baixo, quase como um sussurro, através de sua voz embargada e rouca dava para perceber a dor que proferir aquelas palavras lhe causaram.

E aí está ....
a frase que eu nunca queria ter ouvido...
e que ele com certeza desejou nunca ter de proferir.

A lanterna a que Aelion se refere está ligada a vida de Andras por um feitiço que foi criado com apenas um objetivo, Tamlin levou quase três meses para desenvolve-lo com sucesso, o feitiço foi inspirado nos livros de fantasia chinesa ( xianxia) que leu em sua vida passada. A lanterna foi construída e enfeitiçada por suas próprias mãos e o dada a Aelion junto com a missão de vigia-la e me informar no exato momento em que ela se apagasse , o fato da lanterna ter se apagado indica que Andras está morto.

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Flashback Tamlin

1 ano atrás

Eu estava em meu escritório pessoal, um lugar confortável, organizado, onde ficava a maior parte dos meus dias , do lado direito do escritório onde ficavam três estantes cheias de livros atrás de uma mesa de mogno escuro com papéis,penas e potes de tinta devidamente organizados com três confortáveis cadeiras ( uma atrás da mesa e duas à frente) no lado esquerdo havia dois sofás de três lugares de frente um para o outro e uma delicada mesinha de vidro redonda no meio deles , no centro do escritório tinha uma janela do chão até o teto completamente de vidro com pequenos galhos e flores artisticamente esculpidos nele , localizado no terceiro andar ao lado do meu quarto. Permanecia encarando os dois feéricos sentados a minha frente, Aelion, e Andras, um jovem guerreiro muito promissor e leal, ele era pouco centímetros mais baixo que eu e Aelion, cabelos negros, olhos ambar , a pele cinzenta indicava que ele era um feérico inferior (não que isso importasse, pelo menos não desde que eu assumi o " trono" da Corte Primaveril), ele poderia ter tido um futuro maravilhoso se eu não tivesse cometido um erro tão grande.

-Você entendeu o que estou lhe pedindo Andras?- Questiono-o ainda o encarando.

-Sim, grão-senhor, e será uma honra cumprir essa missão. - Ele respondeu com seriedade.

-Meu senhor, não seria eu o mais apto a esta missão?- Aelion questionou. -Tenho mais experiência, já vivi o bastante e juro que darei o meu melhor para ajudar a salvar Prythian. - Continuou ele. Sabia perfeitamente o que ele estava fazendo, tentava oferecer sua vida em troca da de Andras, eu não podia sequer julga-lo por isso.

-Infelizmente isso não será possível Aelion.- Suspiro cansado, não conseguia dormir direito a quase uma semana, desde que descobri que não conseguiria evitar a morte de Andras sem condenar todo o Continente.

-Eu capturei um suriel semana passada...- Vi os dois surpresos e incrédulos e continuei a falar. -...depois de 48 anos procurando uma solução em que eu não tivesse que sacrificar ninguém do meu povo, perguntei a ele se isso era possível e, se sim, de que forma.

-Não havia outra solução certo?- Indagou Andras.

-Não, não havia. - Suspiro me encostando na cadeira, desvio meu olhar para a bela paisagem colorida além da janela e logo depois de volta para eles.- Então eu perguntei como eu deveria prosseguir para quebrar a maldição... - Outro suspiro.- Ele disse que eu deveria seguir o acordo de Amarantha e enviar alguém do meu povo para ser morto por uma humana. - Fiz uma pausa para respirar profundamente. -Quando eu questionei quem eu deveria enviar ele me disse seu nome. - Parei novamente, vendo-os arregalarem os olhos e Andras arquejar surpreso. -O suriel afirmou que este era seu destino. - Termino por fim.

Eles ficaram em silêncio, encarando o nada. Até que Andras se pronunciou novamente.

-Se é meu destino o cumprirei com muito orgulho e prazer meu senhor! - Ele havia se levantado e ajoelhado perante mim como o cavaleiro que ele era.

Aelion o encarava, o orgulho, a tristeza e temor em seu olhar eram evidentes. Eu me ergui da cadeira, me aproximei de Andras e ordenei que ele se levantasse e assim o fez.

- Obrigado por carregar esse fardo Andras.- Coloco minha mão em seu ombro, apertando levemente. -Lhe prometo que toda Primaveril irá honra-lo por seu enorme sacrifício.

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Soltando um suspiro e deixando a xícara de chá de jasmim na mesa, Tamlin se levantou da cadeira.

Então a saga começou...

- Devemos começar os preparativos para o funeral. - Disse ao chefe da guarda em um tom baixo. -Tire um mês de folga Aelion, vá sofrer o seu luto.

-Sim, meu senhor. - Concordou Aelion.

-Eu devo ir agora... - Falou-lhe ainda em tom baixo.- ... preciso trazer o corpo de Andras. - Ele ouviu o soldado soluçar, e suas lágrimas finalmente caírem. -Prometi a ele que toda Primaveril honraria seu sacrifício, pretendo cumprir minha promessa.

-É-é claro meu senhor. - Afirmou ainda soluçando, tentando se manter firme mas com as lágrimas ainda escorrendo pelo seu rosto. Tamlin o abraçou, tentando conforta-lo.

-Sinto muito por sua perda Aelion, eu realmente sinto muito. - Lamentou baixinho.

TamlinOnde histórias criam vida. Descubra agora