Saudades do que nem vivemos.

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Cheguei ao hospital correndo, estava nervosa com as ligações de André, avisando que o médico pediu para reunir a família.

Notícias assim não são boas. O médico me levou até uma sala e me colocou sentada. Eu sabia que as notícias não eram das melhores, minha intuição falava, na verdade ela gritava.

Quando ele começou a falar em inglês, que infelizmente as notícias não eram boas um buraco negro me puxava para dentro era como se a luz do dia estivesse se apagado. Ele falava e minha história com Charles passava na minha frente como um filme.

- Infelizmente ele não tem chance de acordar, neste caso, abordamos a família para doação de órgãos. Começaremos os protocolos após a autorização da família.

Eu não pensava mais. Me faltava ar, eu não imaginava passar por isso eu o amava, por que novamente Deus estava tirando de mim a pessoa que eu mais amava.

- Você sabe que não existem chances neste caso.

Como médica eu sabia, mas como ele era o amor da minha vida, eu não queria acreditar.

Eu me levantei e pedi para ver Charles antes dele comunicar a família e abordarem para a decisão pessoal deles.

Eu não iria opinar. Me aproximei do quarto.

Mesmo segurando, minhas lágrimas não paravam de cair.

Me agachei perto do seu ouvido.

- Charles, eu te amo, meu amor eu me encantei por você desde o dia do aeroporto, no restaurante se tivesse insistido mais um pouco eu não teria resistido a você. Você é, e sempre vai ser o amor da minha vida. Eu amo seu sorriso, sua risada engraçada que você perdi o ar e fica parecendo um cachorro afogado, seu cabelo bagunçado, sua preocupação excessiva, seu beijo, seu toque, sua carência, todos as suas qualidades e seu defeitos. Como vou viver sem você?
Lembro de quando tocou no meu braço na nossa conversa no jardim, eu estava tentando me enganar, que não estava encantada por você, depois daquele toque meu copo se arrepiou inteiro e naquele momento eu sabia que era sua.
Mesmo não sendo nesta vida, eu vou viver este amor com você. Eu sei que deve ter lutado muito, eu te conheço, mas se realmente tem que ir, saiba que vou me esforçar para ficar aqui sem você.
Te prometo que vou cuidar da sua família. Na outra vida, eu vou ser aquela bocó que te ama e não sabe falar, tem dificuldade de se jogar.
Tenho certeza que vai me achar.

Beijei a testa de Charles e minhas lágrimas molharam o rosto do piloto.

- Bia, acorda tá tudo bem? você está suando frio e está gemendo. Seu telefone está tocando.
Acordei em lágrimas, Timmy sonhei que o Charles estava com morte cerebral, igual ao Jule foi desesperador você não imagina. Eu tô apavorada.

Olhei no celular e a chamada era de André. Atendi e coloquei no viva voz Timmy estava abraçado comigo.

- Bia vem para cá rápido.

- Oi André, me fala o que aconteceu. Por favor.

- Ele acordou Bia.

Eu desliguei o telefone sem me despedir, comecei a trocar de roupa correndo.
Timmy me ajudava ele viu meus olhos brilhando e a alegria voltando para a minha vida. Charles era minha vida.

Pegamos o táxi até o hospital. Quando cheguei Charles tinha sido transferido para o quarto fiquei do lado de Joris e André.

A família Leclerc estava lá no quarto com o piloto.

Estava sentada quando o médico me chamou.

- De madrugada achamos que perderíamos o paciente, o sinais caíram para zero praticamente, mas depois de alguns minutos voltou. Não dá para explicar mas achamos que ele não iria sobreviver.

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