Lise estava com raiva de mim e eu compreendia, ela tinha todo direito de me odiar e querer me ver bem longe, eu tinha feito mais mal do que bem a ela.
Mas falei sério quando disse que estava disposto a mostrar que mudei, eu ia fazer isso dia após dia se preciso até que ela tivesse certeza de que podia confiar em mim. Estava na hora de reparar todos os meus erros, começando por ela.
Charles foi o primeiro a ir embora, o que já era esperado considerando tudo. Emma e Guilherme foram para o apartamento deles para deixar espaço para as nossas avós, e todos apenas concordaram com isso porque policiais disfarçados estariam de olho neles.
Lise e eu ficaríamos na casa com os outros, teríamos que dividir o quarto, mas isso não era nenhum problema para mim, eu queria qualquer chance que pudesse de estar junto com ela.
— Ai meu Deus, minha mãe não tirou nada do lugar. — murmurei expressando minha surpresa quando abri a porta do quarto deixando que ela entrasse primeiro.
— Ela nunca tiraria suas coisas daqui, você já morava no seu apartamento há dois anos e ela nunca mexeu em nada. — Lise andou até o closet e empurrou a porta de correr. — Assim como mandar lavar e passar suas roupas que ainda estão aqui.
Todas as roupas que eu conseguia lembrar estavam perfeitamente arrumadas, camisas, ternos, calças, assim como os sapatos, todos impecavelmente alinhados e cheirosos.
— Minha mãe não tem jeito. — sorri encarando tudo ainda parado na porta.
— Isso se chama amor Chris, ela te ama por isso não conseguiu se livrar de nada seu. — Lise rebateu com dureza me fazendo encarar a verdade dos fatos. — Posso usar? Vou tomar um banho e trocar de roupa antes de dormir. — ela apontou para uma camiseta antiga que eu sempre adorava usar.
Acenei concordando com a cabeça e ela pegou antes de desaparecer no banheiro. Eu continuei ali parado na porta encarando tudo com cuidado, eu tinha acompanhado de perto todo o sofrimento da minha família, mas estava começando a ver que não, só vi a pontinha do iceberg.
Uma batida na porta me chamou a atenção, antes que eu pudesse abrir minha mãe colocou a cabeça para dentro.
— Oi filho, não queria incomodar, só vim trazer uma água com gás pra Lise. — ela entrou ainda mais e colocou uma garrafinha e um copo na mesinha de cabeceira. — Você disse que ela teve um enjoou mais cedo e no começo da gravidez sempre que ela ficava mal gostava da água com gás.
Dei dois passos largos colocando um fim no espaço entre nós e abracei forte a mulher que tinha me dado a vida. Ela tinha sofrido tanto nos seis meses e eu acreditava que ela já tinha superado perder o filho caçula de forma tão trágica.
— Mãe, me desculpa por tudo o que te fiz passar. — beijei seus cabelos e senti quando seu corpo se sacudiu com o choro. — Eu sinto muito mesmo.
Os soluços baixinhos encheram o quarto enquanto as lágrimas quentes molhavam minha camisa, não tivemos tempo para isso mais cedo quando cheguei, foi tanta euforia e a ceia que não podíamos estragar, que esse sentimento ficou em segundo plano.
— Estou feliz que esteja de volta. — minha mãe se afastou e agarrou meu rosto como fazia desde que eu era pequeno. — Vocês tornaram esse natal o melhor de todos, ter meus netos, ter você de volta, tudo isso não tem preço.
— Você é maravilhosa, estava falando isso com a Lise agora, até minhas roupas estão arrumadinhas e limpas.
Ela virou o rosto olhando em direção ao closet ainda aberto e deu um sorriso pequeno, que fez mais lágrimas voltarem aos seus olhos.
— Lise passou tanto tempo dentro daquele closet. — meus olhos se arregalaram e eu senti meu coração se apertar. — Ela cheirava suas roupas, ficava abraçada, uma vez até adormeceu lá dentro agarrada aquela camisa velha sua.
— O que? — foi tudo o que consegui perguntar com o bolo travando minha garganta.
— Ela gostava de ficar aqui, se sentia perto de você e eu adorava tê-la por perto e poder ver o bebê de vocês crescendo. — a porta do banheiro se abriu interrompendo minha mãe. — Já vou indo, tenham uma boa noite vocês três!
Minha mãe saiu e eu fechei a porta, me certificando de trancá-la dessa vez e quando me virei dei de cara com a imagem mais linda e sexy que podia pensar.
Lise estava usando minha camiseta velha, com a logo da banda desbotada e a barriga fazia a camiseta ficar ainda mais curta, cobrindo apenas um palmo de sua coxa e deixando todo o resto descoberto para os meus olhos.
A voz da minha mãe reverberou na minha mente: uma vez até adormeceu lá dentro agarrada aquela camisa velha sua. Era essa mesma camisa, Lise ter entrado no closet e ter escolhido justo aquela queria dizer alguma coisa, mas o que? Ela ainda gostava de mim? Continuava me vendo morto mesmo que eu estivesse aqui? Sentia a minha falta?
— Ficou ótima em você. — falei querendo tirar aquelas ideias da minha cabeça, por mim a jogaria naquela cama e a faria lembrar com fizemos aquele bebê.
— Vai dormir no chão? — ela perguntou ignorando o que eu tinha dito e então atravessou o quarto até a cama, balançando a bunda até lá.
— Acho que posso dormir na cama com você, prometo que não vou tentar nada, vou ser um bom menino. — mas acabei falando cedo de mais, pois ela subiu na cama ficando de quatro enquanto afofava o travesseiro e puxava o cobertor para baixo.
Ia ser difícil bancar o bom menino essa noite e depois de seis meses sem transar, dormir ao lado dela sem poder tocá-la seria uma terrível tortura.
— Se garantir que vai ficar do seu lado da cama, não vejo problema. — ela se enfiou de baixo das cobertas e eu não perdi tempo em arrancar minha blusa e sapatos, mas quando alcancei o botão da calça ela me parou. — O que pensa que está fazendo?
— Vou dormir de cueca...
— Não vai não. Se quiser dormir nessa cama comigo vai ficar de calça.
Ergui a sobrancelha e olhei pra ela de cima a baixo, o corpo podia estar coberto pelo lençol, mas a memória do que estava ali em baixo era bem fresca.
— Está com medo de não resistir? — abri o botão da calça e arranquei o jeans de uma vez. — Você já me viu sem nada, lembra disso?
Lise engoliu em seco e eu mexi no cós da cueca só pra provocar ainda mais. Me aproximei da cama com passos lentos e os olhos dela esquadrinharam cada pedacinho do meu corpo, quase podia ver Lise salivando e esfregando uma perna contra a outra.
— Pensei que você seria um bom menino. — ela semicerrou os olhos como se me desafiasse a ir em frente. — Mas porque um cafajeste nato seria um bom menino, não é mesmo? Não da pra confiar nas palavras deles.
Ai! essa eu mereci, por isso dei a volta na cama e me deitei no lado livre. Mas não me dei por vencido tão facilmente, me coloquei atrás dela e passei meu braço sobre sua cintura envolvendo a barriga.
— Boa noite filho. — murmurei fazendo um carinho nela e enfiei meu rosto na curva do seu pescoço, deixando minha boca pairar em sua orelha e sussurrei — Boa noite linda.
Senti o corpo dela estremecer e Lise se remexeu a bunda indo e vindo, como se quisesse se afastar, mas também não querendo perder o contato. Ia ser uma longa noite pra nós dois.
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Cafajeste Restaurado
RomanceEla sempre foi apaixonada pelo irmão da melhor amiga, mas guardou isso para si até o dia em que ele lhe olhou pela primeira vez. Elizabeth se entregou a ele sem pudor e amarras, finalmente estava nos braços do homem que sempre amou. Só não esperava...