Capítulo 6

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Eu não conseguia acreditar que ele estava mesmo ali, por mais que todos estivessem ali junto comigo eu ainda pensava que poderia ser um sonho maluco, como tantos outros que tive com Chris, mas não me lembrava de ter ido dormir.
Era natal e estávamos reunidos comemorando um ano juntos apesar de todas as dificuldades, tínhamos permanecido unidos, Charles estava de volta, eu tinha um bebê a caminho e finalmente estava me acostumando a ideia de ser mãe solo.
Mas então do nada Christian surgiu só para bagunçar tudo novamente. Se eu estava feliz? Brava? Nervosa? Não tinha ideia de como estava me sentindo, todo meu corpo estava em colapso, as emoções estavam misturadas em uma verdadeira bagunça.
— Sei que tem muitas perguntas pra mim e prometo que vou responder todas. Mas quero que saiba que voltei por você, por vocês dois, e não vou a lugar nenhum.
Meu cérebro finalmente pareceu processar o que ele dizia. Por nós? Como ele sabia que eu estava esperando um filho dele?
— Como você soube... como soube que era seu? — o questionei aos tropeços, tentando fazer meu corpo voltar a me obedecer.
— Eu sai escondido do esconderijo uma noite, fui direto para o seu prédio e fiquei parado lá até te ver. Foi quando vi esse barrigão e soube, eu quis correr direto pra você e perguntar, mas Gael chegou a tempo me impedindo, podia estar sendo observado. Então eu tive que ser paciente e esperar que ele descobrisse para mim, antes de tomar a decisão de voltar.
Toda aquela história de proteção da polícia, esconderijo, eram tantas informações que eu nem sabia por onde começar a tentar entender. Mas a parte que ele fez o policial plantado ali, investigar minha vida e voltar pelo bebê, isso foi fácil de compreender.
— Quer tocar? — perguntei quando vi que ele não tirava os olhos da minha barriga.
Chris me encarou parecendo surpreso que eu tivesse oferecido e nem eu mesmo sei o porque fiz isso, mas ele estava ali na minha frente, depois de ter sido enterrado por seis meses, o mínimo que eu podia fazer era deixar que ele tivesse um contato com nosso filho.
— Po... posso? — ele parecia incerto, mas estendeu as mãos descansando sobre ela.
Minha barriga parecia maior do que deveria para aquele mês, mas eu vinha engordando muito graças às avós de Chris e ao meu pai, que adoravam me empanturrar de comida até que eu não tivesse mais espaço.
Ele contornou a volta com um cuidado exagerado, quase como se estivesse com medo de me machucar, então eu coloquei as minhas mãos sobre as dele, apertando e mostrando a ele que não tinha nenhum problema, que ele não me machucaria assim.
— Se tiver sorte pode senti-lo mexer, mas só se tiver sorte, porque ele é bem genioso.
— Ele? Então é... é um menino? — ele questionou surpreso me encarando, acenei confirmando com a cabeça antes que ele voltasse a olhar para minha barriga. — Um menino, eu nem sei o que dizer.
— O policial ali não te contou isso? Como é mesmo o nome dele? — perguntei encarando o homem parado perto da porta e com cara de poucos amigos.
— Gael, e não, ele não me contou o sexo do bebê mesmo que soubesse. — vi passar um fantasma de sorriso no rosto do policial. — Ele parece ser assim todo durão, mas a verdade é que tem um coração ali em baixo e ele me disse que era bom eu ouvir a resposta por você mesma.
Desviei meus olhos rapidamente do homem para Chris, aquelas palavras somada aquele rosto, ajudavam a aumentar o reboliço dentro de mim. A seis meses atrás eu não pensaria duas vezes em me jogar em seus braços e perdoar qualquer coisa que ele fizesse, pelo simples fato de estar apaixonada por ele de uma forma que aceitaria qualquer coisa que me desse.
Mas agora as coisas eram diferentes, não importava só o que eu queria, havia um serzinho que vinha em primeiro lugar agora e era ele em quem eu precisava pensar antes de deixar qualquer pessoa na minha vida.
— Você disse que sumiu porque estava correndo perigo. E agora voltou é porque tudo está bem? Veio pra ficar?
— Na verdade não, eu descobri que você estava grávida e quando Gael comprovou que o filho era meu iam te colocar na proteção a testemunha, sem nunca deixar vocês saberem que eu estava vivo...
— Eles iam o que? — questionei olhando dele para o policial. — Mas eu nem sabia de nada disso.
— Ei, calma. Seria só para garantir que não tentariam te usar para me parar no dia de depor, poderiam capturar você e o bebê como um trunfo e eu não podia deixar isso acontecer.
Envolvi minha barriga de forma protetora, a mera ideia de ser pega como refém e usada como moeda de troca me congelava o sangue.
— Então agora todos vamos entrar na proteção a testemunha? Toda sua família?
— Eles tem policias os seguindo desde que isso começou, mas você... como não era um parente não entrou no programa. — senti o pesar na sua voz quando ele me deu aquela informação. — Mas eu e Gael estávamos de olho, mesmo que fosse contra o protocolo. Você fez uma viagem de meses e eu fiquei apenas recebendo os relatórios, até o dia que fugi do esconderijo e te vi saindo do prédio com essa barriga.
— E ali você soube? — perguntei, mesmo achando um absurdo toda a história ele acenou confirmando.
— Quis ir atrás de vocês na mesma hora, mas Gael me lembrou como isso poderia dar errado para todos. Então eu esperei pela reposta e quando a polícia disse que te colocaria em um esconderijo como o meu, eu não podia deixar, teriam que forjar sua morte e eu sei que minha família não aguentaria outro golpe desses.
— Sem duvidas, todos ficamos tão abalados com sua morte que cheguei a pensar que não nos recuperaríamos. — falei a verdade, mesmo que ele provavelmente já soubesse, já que tinha estado nos vigiando. — Esses bebês foram um presente, nosso respiro no meio de todo o sufoco.
Tanto eu quanto Emma fomos pegas de surpresa com a gravidez, mas com toda a certeza foi a melhor notícia desse ano.
— Eu sei, e por nosso filho também eu não podia deixar que te colocassem em um esconderijo sozinha. — Chris esfregou minha barriga traçando círculos. — Esse momento é para estarmos todos reunidos como uma família, nosso bebê tem que nascer em um lar estável e completo, não um triste e separado.
As palavras dele novamente desencadearam uma onda de emoções dentro de mim, cada vez que Chris repetia “nosso filho” ou “nosso bebê” meu coração dava uma cambalhota no peito. Eu tinha pensado tanto sobre criar meu filho sem um pai, quando eu tinha crescido desse mesmo jeito e sabia a falta que ia fazer. Agora como um milagre eu tinha o pai dele de volta, só precisava descobrir por quanto tempo o teria e o que Christian queria.
— E o que pretende agora que está de volta?

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