A princesa acordou lentamente em seu quarto palaciano, os primeiros raios de sol infiltrando-se pelas cortinas de seda. Por um momento, Eridessa se encontrou em um silêncio sereno, percebendo a solidão que pairava ao seu redor. Os lençóis macios se agarravam a ela como se desejando prolongar aquele instante de paz matinal. Ao abrir os olhos, observou o grande quarto adornado com móveis antigos e tapeçarias delicadas da cor vermelha, mas não havia ninguém ao seu lado. Um vazio sutil ecoava em sua alma, lembrando-a da ausência de companhia. Por um momento, ela se sentiu como uma flor solitária em um vasto jardim, esperando pela visita de algum inseto - sacudiu a cabeça e anotou mentalmente para largar aquele livro de reprodução de abelhas.
No entanto, à medida que o sol ascendia no céu lá fora, enviando seus raios dourados através das janelas do quarto, um calor reconfortante começou a se espalhar por todo o ambiente. A brisa matinal trouxe consigo o cheiro doce das flores dos jardins do palácio, e o canto distante dos pássaros flutuava suavemente pelo ar. Gradualmente, a princesa sentiu-se envolvida por uma sensação de paz e contentamento. Ela apreciou a tranquilidade do momento, saboreando a solidão como um presente precioso. Era como se o próprio dia estivesse sussurrando palavras de conforto, dizendo-lhe que estava tudo bem estar sozinha naquele instante.
Com um sorriso suave nos lábios, a princesa ergueu-se da cama e caminhou em direção à janela, deixando que os raios do sol acariciassem gentilmente sua pele. O som suave do sino da igreja ecoou pelo ar, envolvendo o palácio em uma aura solene e sagrada. Ela sentindo-se intrigada pelo convite silencioso da melodia, olhou na direção do badalar, a mesma direção da entrada do palácio. Seu coração dando um salto quando avistou uma fileira de carruagens e carroças que se aproximavam do palácio. O estandarte real tremulava ao vento, da cor verde escuro quase preto, indicando que visitantes importantes estavam chegando.
Uma sensação de excitação misturada com uma pitada de apreensão tomou conta da princesa enquanto ela observava a chegada das comitivas. Com o coração batendo mais rápido, decidiu pegar sua luneta na gaveta, jogou vários trecos para fora e finalmente achou a luneta. De repente exita, quando ouve sons das criadas chegando pelo corredor. Quando percebe já estava jogada na cama novamente se fingindo de dormida.
"Majestada ele chegou" - Disseram com uma voz melodiosa e doce, contentes por ela.
Eridessa se levanta da cama normalmente, faz suas higienes, passa um creme delicado no rosto e vai se vestir, com um vestido comum de mangas longas, firulas brancas na ponta dos braços e próximo aos seios, todo recoberto em cetim verde água. Seu cabelo escuro ficava melhor solto com somente uma presilha na lateral. Pediu para que as criadas a avisassem quando a sala de visitas estivesse pronta.
O salão de visitas era majestoso, com paredes revestidas de painéis de madeira escura ricamente entalhados e tapeçarias coloridas adornando os espaços entre as janelas altas. Uma grande lareira de pedra ocupava uma parede, emanando um calor acolhedor que contrastava com a frescura do ar do castelo. No centro do salão, uma imponente mesa de carvalho se estendia, polida até um brilho suave, ladeada por cadeiras esculpidas com detalhes intricados.
Sentados em lados opostos da mesa, dois reis comandavam a cena. O rei vestido de branco emanava uma aura de nobreza e benevolência. Seu cabelo prateado estava cuidadosamente penteado para trás, e seu rosto tinha traços suaves que exalavam sabedoria e autoridade. Ele olhava para o rei de preto com uma expressão serena, mas seus olhos revelavam uma determinação firme.O rei de preto, por sua vez, era um homem de presença imponente. Seu cabelo escuro estava salpicado de fios prateados, e linhas profundas marcavam seu rosto cansado, testemunhas dos anos de realeza e responsabilidade. Ele usava um traje negro que contrastava com a palidez de sua pele, dando-lhe uma aparência austera e sombria. Sua capa lembrava a pele de um urso pardo.
Apesar das diferenças em suas aparências e vestimentas, ambos os reis irradiavam um ar de autoridade e dignidade. Suas vozes ressoavam pelo salão enquanto discutiam assuntos de Estado, suas palavras carregadas de importância e significado. A princesa observava a cena de longe, entre frestas da porta, percebendo a tensão subjacente entre os dois homens poderosos que moldavam o destino de seus reinos.
Enquanto o diálogo prosseguia, a princesa sentiu-se envolvida pelo peso da responsabilidade que um dia seria dela. Ela admirava a coragem e a determinação de seu pai, mas também sentia uma pontada de compaixão pelo rei de preto, cujo semblante cansado revelava os fardos do poder.
"Pai" - Disse a princesa adentrando o salão informalmente. "Estou atrapalhando?" Seu pai notou de costas sua presença e se virou: "Eridessa! Claro que não! Venha conhece-lo. - Seu pai se pôs de pé e segurou na sua mão, a conduzindo até a outra figura. Primeiramente pensou na velhice daquele homem, aquele seria seu marido? Gelou. "Sou pai de Kellan, muito prazer vossa alteza." - Fez uma leve reverência com a cabeça.
Pelo menos ele não era seu pretendente, pela primeira vez escuta o nome dele "Kellan", acabou dizendo em voz alta e em seguida perguntou: "E onde ele está?" Disse mantendo um sorriso. "Vai chegar em breve, está se recuperando de uma batalha, tivemos muito problemas com povos sudestianos, mas estamos cuidando disso, como sempre. Ele deve chegar a tempo para o café." O rei pai voltou a conversa "Estavamos conversando sobre a cerimônia, como comentei com você, pretendo me aposentar, vou passar a coroa para você e seu futuro marido. Confio a coroa principalmente em você, essa dará trabalho para seu Kellan" - Abraçou a filha com o braço direito. O rei de preto riu, mas Eridessa manteve-se imóvel e catatônica. Se pegou questionando por que não seria suficiente rainha para seu pai, mas disfarçou, seus pensamentos demonstram muito da sua expressão.
A porta de trás de Eridessa se abriu, quando se virou ele já atravessava o limiar do salão, sua presença imponente preenchia o espaço com uma aura de mistério e intriga. Seu casaco preto, com lã escura, parecia surrada, perto do couro do restante da roupa e arrastava leve por trás dele. Ele era forte e parecia bruto, completamente sem elegância, alto, destacando sua figura atlética e imponente. Cada passo era firme, confiante, ecoando pelo salão como o bater de asas de um corvo noturno. Uma figura pesadamente sombria para um dia tão claro.
Os olhos de Eridessa, fixos em Kellan, não podiam desviar-se dele. Seus cabelos negros caíam em ondas selvagens sobre a testa, contrastando com a palidez de sua pele, enquanto seus olhos pretos como a noite brilhavam com uma intensidade penetrante. Ele tinha fuligem no rosto, uma sujeira misturada a neve. Era como se um feitiço tivesse sido lançado sobre ela, prendendo-a em um estado de êxtase hipnótico diante da presença magnética de Kellan. Cada movimento de suas coxas grossas era sinuoso e poderoso, exalando uma energia primal que parecia desafiar as leis da gravidade, o roçar da calça de couro era audível e pertubadora. Eridessa sentia-se envolvida por uma onda de calor, seu coração batendo descontroladamente dentro do peito enquanto ela lutava para controlar as emoções que fervilhavam dentro dela. De repente um gélido frio correu por seu corpo, um arrependimento. Aquele seria seu pretendente.
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Charmed Crown
FantasyEm um reino onde a política se entrelaça com a magia, uma princesa do norte e um príncipe do sul são unidos em um casamento arranjado, ambos amaldiçoados por um feitiço ancestral. A princesa, presa por um destino sombrio, e o príncipe, marcado por u...