Dedico Estes Versos Ao Universo

Dedico Estes Versos às Nuvens

 Ai ai! Mais um dia! Final de semana, acordo às 8 horas no sábado e resolvo dar uma caminhada em um parque próximo aqui de casa. Obviamente, como um bom escritor, sempre ando com um caderninho e um lápis em meus bolsos. Ao chegar lá me sento à beira do lago e fico observando as leves ondulações da água.

Mas hoje não são as águas do lago que chamam a minha atenção, mas sim as nuvens que vagam pelo céu. Simples vapor de água que toma forma e vagam pelos céus sem rumo, movidos pela graça dos ventos. Pego o meu caderno e começo a escrever:

"Nuvens que vagam pelo céu

Aglomerados de gotas

Que juntas formam algo grandioso

E ao mesmo tempo único"

Levanto o rosto do meu pequeno caderno e começo a olhar em volta. O parque não estava tão cheio neste horário. Mas ainda conseguia ver muitas pessoas, todas diferentes umas das outras, todas seguindo um destino diferente. Umas levavam seus fofos cachorros para um passeio matinal, outros se exercitavam, outros apenas faziam uma visita ao parque com suas famílias.

"Oh nuvens, todas diferentes

Todas traçando um caminho diferente no céu

Cada uma de vocês é única

Com suas formas que nos permitem sonhar"

Dessa vez saio do devaneio da minha escrita pois uma criança muito agitada passa correndo em minha frente. Meus olhos a acompanham, acompanhando a sua corrida animada através deste lindo gramado. Vejo um homem (cujo deduzo ser seu pai), a quem ele corre em direção, agachado de braços abertos, pronto para receber o abraço da criança. O homem o abraça forte e lhe da um beijo em seus negros cabelos.

Uma mulher passa por mim, tal mulher julgo ser mãe do mesmo menino. O seu sorriso não me parece sincero, e ao ver ela, vejo a alegria do homem sumir subitamente. Reparo brevemente que nenhum dos dois usa aliança, e que a criança se sente desconfortável enquanto os pais dela conversam. Assim consigo deduzir que são divorciados e que dividem a guarda da criança, e acabei de ver a troca sendo efetuada. Abaixo minha cabeça, não devo ficar observando tanto a vida alheia, além de mais lindas palavras terem vindo a mim:

"As nuvens se separam e se reencontram

Se vão sem saber se um dia voltarão

Assim como as pessoas se vão da vida das outras

E nunca se sabe se ela retornará"

Resolvo relaxar um pouco e apenas observar as graciosas nuvens. Deito-me com as pernas cruzadas e os braços soltos ao lado do corpo. Vejo várias nuvens indo e vindo, todas sem pressa de retornar. Me pergunto o "por quê?", mesmo a resposta sendo óbvia. Assim como os pássaros que vagam pelos céus livres, as nuvens vagam mais livres ainda, não tem preocupações, não tem o que temer. Elas apenas vagam a favor do vento até um dia se juntarem e formarem uma tempestade ou apenas uma garoa, molhando o chão seco e trazendo esperanças a vários agricultores e pessoas que passam severas secas.

"Vagam pelos céus livres

Não há peso de preocupações

Viajam a favor do vento

Apenas aproveitando tal viagem

Nuvens tão calmas

Mas juntas trazem tempestades

Assustando com teus estrondos

Jovens crianças que tentam dormir em uma noite escura

Porém também alegra

Ao trazer a tão desejada água para lugares secos

Ao irrigar plantações de agricultores desesperados

Ou apenas refrescar uma tarde quente"

Decido que talvez já tenha escrito demais sobre as nuvens por hoje. Me levanto e limpo a minha calça jeans enquanto observo uma última nuvem vagar ao longe. Vejo de relance alguém à minha direita olhando para o céu também. É uma linda moça de cabelos castanhos longos, vejo que observa a mesma nuvem. Ela sente o meu olhar e olha de volta dando um meigo sorriso. Viro o rosto, prometi a mim mesmo que não me machucaria de novo. Anoto algo em um papel e o deixo no chão.

Comecei a caminhar de volta a minha casa, deixando a linda moça para trás, e o pequeno pedaço de papel rasgado também. Olho mais uma vez para o céu e resolvo escrever uma última estrofe:

"As nuvens nunca sabem seu destino

E nem o que encontrarão no caminho

Mas nós humanos podemos fazer algo que elas não podem

Podemos agir quando vemos uma porta se abrir"