Ties of the future and past - Toshiel

Capítulo 1 - Terra

- Eu odeio viver! - Gritou o garoto indignado, braços cruzados e lábios comprimidos em um bico.

Raviel se encontrava de frente a uma espécie de "cachorro enorme com cara de zero amigos", enquanto reclamava sobre a segunda chance que o tal colar estava lhe dando.

Sua mente estava uma confusão.

Tinha acabado de ser esmagado por uma pedra, acordado por um estanho de olhos assassinos e sangrentos, corrido por sua vida, batido de cara em uma parede enquanto fugia do cachorro que andava em duas patas, e agora estava preso, sentando no chão com uma corda mágica o prendendo no lugar enquanto escutava o zangado - que agora havia se revelado Chacal - falar sobre toda a sua miserável vida.

Raviel realmente preferia estar morto a ouvir esse velho ranzinza falando que ele agora viveria no Brasil.

Sair do seu amado Egito onde só era maltratado e humilhado para o Brasil que ninguém o conhecia e provavelmente viveria melhor? Um pesadelo, só poderia ser.

- Raviel, estou explicando calmamente mas parece que o senhor não está a ouvir-me com clareza - Chacal disse apertando a ponte de se nariz, a irritação era óbvia em seu tom de voz - A partir de hoje você vai morar aqui, nesse país, e nunca poderá retirar esse colar, se tirar, em um linguajar jovem, vai de arrasta pra cima.

Ravi piscou os olhos algumas vezes, processando as informações agora mastigadas para ele digerir mais facilmente. Passou alguns segundos em silêncio olhando para o nada.

Ele tinha morrido, sua vida no Egito escapou de seus dedos como areia. Tudo que viveu estava morto. Fazia anos que o Egito havia visto um Raviel Rakin. Ele era a história que inúmeras gerações de avós contaram para crianças.

Raviel era o passado.

Chacal suspirou em sua frente, finalmente deixando o seu semblante relaxar. Raviel era só uma criança. Um filhote nos seus recentes 18 anos, nunca que conseguiria sobreviver sozinho, e por isso Chacal deveria ter paciência, e assumir o papel de pai que Ravi nunca teve.

- Olha garoto, eu sei que é difícil, nunca te disse que era algo fácil, mas você foi o escolhido... - Chacal tentou, mas Ravi o cortou rapidamente.

- Eu não pedi por isso. Queria ter morrido naquelas catacumbas idiotas - Rosnou ainda olhando para baixo - me solta, Chacal.

- Escuta, você não tá nas vilas que cresceu, aqui é....

- Me solta agora! - não era um pedido, e Chacal estava cansado demais para não o considerar.

Em um suspiro cansado, Cachal libertou o garoto, que se levantou, ergueu a cabeça com os olhos vermelhos segurando as lágrimas e disse:

- Não me siga - Ravi virou as costas e partiu, sem mais uma palavra.

Chacal nem se atreveu a falar que eles estavam ligados e onde Raviel estivesse, ele saberia. Também não ousou avisar que Ravi entenderia perfeitamente o português, a criança já tinha coisas demais para engolir.

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Ravi correu por algumas ruas noturnas fulgoras.

Encontrou pessoas que caminham encarando um dispositivo esquisito que emitia brilho em mãos. Luzes brilhantes demais em algumas espécies de estacas altas, construções que alcançavam quase no céu, um monstro metálico com rodas que abrigava pessoas e quase passou por cima dele.

O presente era luz, e unicamente isso.

Para onde ele olhava encontrava algum brilho, seja naquelas tochas que ficavam próximas à casas, à telas grandes e estranhas que aprisionavam mini pessoas.