CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO 2

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Abro meus olhos quando escuto uma batida na porta.
Levanto a cabeça e esfrego a mão pelo meu rosto. A batida soa
novamente, em seguida, a maçaneta gira e a Sra. Jenkins entra no meu quarto.

"Quero ver a Dolly," rosno quando seus olhos encontram os meus.

"O Sr. Earnshaw quer vê-lo em seu escritório. Ellis está ocupada."
Meu maxilar se contrai, e passo o meu braço ao longo da
minha mesa de cabeceira. O copo de água do meu lado cai no chão, quebrando com o impacto no tapete fino. Meu braço dói pelo movimento. O Sr. Earnshaw me convidou para o seu escritório, com ele e os "tios," todas as noites desta semana. E todas as noites, ele me faz beber o uísque até que eu não consiga ver em linha reta, dizendo que eu preciso relaxar. Todos os dias desde então, mal consigo abrir os olhos durante o dia. Estou fraco. Não consigo lembrar muito do que acontece no escritório depois que bebo, mas algumas partes no meu corpo sempre doem no dia seguinte. Partes que não tenho certeza se deveriam doer... Minha cabeça parece sempre distorcida e acho difícil me concentrar.

"Heathan!" Disse a Sra. Jenkins. "Venha comigo. Eles estão esperando."

Querendo lutar, mas sem energia para fazê-lo, fico de pé e a
sigo para fora do quarto. Arrumo o meu colete, passando meus
dedos pelo bolso familiar, sentindo o relógio dentro. Meu estômago revira quando paramos na porta do Sr. Earnshaw.

A Sra. Jenkins bate, como sempre. Mas quando atravesso a
porta e ela fecha atrás de mim, as coisas parecem diferentes. Em
vez de estarem sentados em frente à lareira, os 'tios' estavam
sentados em círculo, no centro da sala. E em vez de estar atrás de
sua mesa, o Sr. Earnshaw também estava sentado no círculo.

"Heathan," ele diz, virando-se em seu assento para me olhar.
"Venha aqui," ele ordena. Caminho em sua direção. "Vá para o
centro."

Entro no centro do círculo e sinto todos os olhos dos tios em
mim. Minhas pernas parecem que vão ceder a qualquer momento. Estou tão cansado...

"Agora, Heathan," o Sr. Earnshaw diz. Olho para ele sentado
lá, fumando o seu charuto. Ele age como se fosse um rei nesta
casa. "Precisamos ter uma conversa." Não digo nada, apenas espero que ele continue. "Sobre o fato de não ter outra família para cuidar de você após a morte do seu pai" Ele sorri. "Então concordei em ser seu tutor legal. Como você já sabe." Balança a cabeça tristemente. "Mas o que você não sabe é o quanto custa criar uma criança."Franzi o cenho em confusão. "Alimentação. Moradia. Sua escolaridade"

"Não recebemos nenhuma escolaridade. Ninguém nos ensina.
Desde que cheguei aqui, há dois anos, e me disseram que eu teria
um tutor. Nenhum apareceu."

O Sr. Earnshaw acena sua mão no ar com desdém. "Bem,
veja, Heathan, seu pai me devia muito dinheiro." Olho em volta do escritório elegante. Nada sobre o escritório me faz pensar que o Sr.Earnshaw precisa de dinheiro. A propriedade Earnshaw é a maior e mais luxuosa coisa que já vi em toda a minha vida. "Peguei o dinheiro que ele deixou, como reembolso... mas não foi o suficiente. E agora tenho que cuidar de você. Tenho que te vestir, te alimentar." Ele encolhe os ombros. "Tudo custa dinheiro." Ele relaxa em sua cadeira. "Você é um homem jovem, agora, não é mais uma criança. A questão é a seguinte, o que você vai fazer para ganhar o seu sustento? Para pagar o que é devido? É dever de um homem nunca ficar em dívida."

Uma cadeira range atrás de mim. Viro e vejo tio Clive se
levantando... e ele está olhando para mim. O tio Clive é o maior dos homens. E com maior, quero dizer gordo. Seu cabelo é curto, e ele ofega quando respira.

Ele me enoja.

Ele me lembra de um porco assado.

E pior, ele sempre sorri. Um sorriso enorme e assustador.

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