Capítulo 11

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Olá, olá... Aqui estou mais um dia.
Boa leitura, amores! ;)





POV: Luiza.

Eu realmente gostaria de ter ouvido uma brincadeira de mau gosto no lugar da informação que recebi quando desliguei a chamada da minha amiga e secretaria da Galeria, mas era verdade. Um arrepio estranho subiu por minha coluna assim que Karla me disse o nome da mulher que queria me ver. Uma súbita ansiedade me subiu a garganta e respirando fundo lhe disse que a mulher poderia entrar. Veja bem, eu realmente não sou uma mulher que se imagina em uma briga ou coisa do tipo, eu nem saberia bater em alguém, mas tudo me passou pela cabeça em milésimos de segundos, até mesmo que ela poderia ter ido ali em busca de algo que eu realmente não posso oferecer. Uma briga. Ainda que eu fizesse qualquer coisa pra ter o amor de Valentina de volta, mas uma briga não está em meus planos. Por Deus eu nem ao menos sei o que é dar um soco em alguém.
Acordei dos meus devaneios quando dois toques na porta me sacudiram. Pouco tempo passou e a figura aparaceu em meu ateliê, os cabelos estavam elegantemente presos em um coque e suas roupas formais me indicavam que ela estava no trabalho, a palidez de sua pele só não estava mais evidente por causa da maquiagem que usava. Não ousou me sorrir, eu sabia que não seria um encontro amigável.

- Olá, Luiza. - Sua voz soava tão ressentida, que mesmo sem a conhecer bem eu podia identificar isso com clareza, a dificuldade em dizer aquelas palavras, os olhos tristes. - Que coisa mais ridícula é essa que estou fazendo? - Sacudiu a cabeça levemente enquanto evitava meus olhos, falava para si mesma, um sorriso melancólico brincou em seus lábios. Eu nem consegui esboçar uma mínima reação diante de sua presença.

- Ela veio aqui... - Observou as telas por algum tempo até que seus olhos se fixaram em mim. - Ela adora arte. Mas é claro que você já sabia disso...

- Olha, Nathalie, eu não sei o que você espera ou o que busca aqui-

- Ela me disse sobre vocês... Sobre o que você causou nela, e eu juro por Deus que minha vontade era quebrar essa cidade inteira ao meio e vir atrás de você no mesmo instante, mas a raiva maior era de mim mesma porque eu fui tão cega de não ter percebido que você a olhava com tanta paixão naquela noite. Você não conseguiu disfarçar um segundo, mas eu não consegui ver. Estava diante dos meus olhos e eu não vi.

Ela me olhava profundamente nos olhos, como se de fato fossemos duas rivais. Mas no fundo não tinha ódio, eu não odiava e nem poderia. Mas gostar também não gostava e ela parecia compartilhar do mesmo sentimento que o eu. Eu não sabia o que ela buscava ali, respostas talvez. Mas isso é a própria Valentina que lhe deve... Eu devo talvez a decência de lhe tratar como uma mulher magoada e que ama, porque sei que ela a ama, vejo isso escancarado em seus olhos tristes. Eu a olhava sem desviar um segundo, ela fazia o mesmo.

- Como você pôde? Como pôde voltar depois de anos e pensar que seria uma boa ideia invadir a vida dela assim? Me responda!

A raiva em seus olhos crescia gradativamente, como se ela tivesse escalando uma escada rumo ao ápice de dor e ressentimento.

- Eu a amo e isso foi suficiente para que eu voltasse. - Foi o que eu consegui dizer diante de suas perguntas. Ela avançou alguns passos e vi em seus olhos o brilho de lágrimas surgirem. Eu sabia que ela não iria derrama-las na minha presença, eu jamais derramaria as minhas na dela.

- Mentirosa! Você não a ama! Você não enfrentaria o mundo pra estar ao lado dela. Você fugiu, foi covarde!

Meu coração estava disparado dentro do peito e minhas mãos fecharam-se em punhos cerrados, ela poderia estar com Valentina,poderia estar machucada, mas não sabia dos meus sentimentos e motivos, não entendia absolutamente nada e nem sabia metade do que aconteceu. Foi minha vez de andar alguns poucos passos e manter-nos apenas numa distância segura. Nossas respirações podiam ser ouvidas no silêncio que se formou.

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