Alice Santiago teve sua vida virada de cabeça para baixo quando sua mãe resolveu se casar com o seu primeiro amor de adolescência e se mudar para uma fazenda no interior de Minas Gerais. Recém formada na faculdade da pedagogia, Alice deixou para trá...
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Alice Santiago
"Nunca compreendi a simplicidade até perceber a beleza da vida."
Arrumo a manga do vestido em meus ombros. Meus cabelos loiros refletem no espelho ajeito alguns fios com os dedos, o vestido rosa claro com florzinhas pequenas combina com as botas marrom na altura do meu joelho. Passo um protetor solar no rosto, blush para dar um pouquinho de vida para meu rosto pálido e um hidratante labial com cor.
Saio do quarto olhando para as portas. Qual será o quarto do filho caipira do Amadeu?
Chego no topo da escada de madeira, ouço uma voz alterada, desço as escadas contando de um até vinte sete, esse é o exato número de degraus. Minha mãe está sentada no sofá preto de couro e na porta está o caipira com um boné cinza e bege com o desenho de um touro. Sua regata está colada em seu corpo, calça jeans, cinto e botas terminam de compor seu visual.
— Bom dia! - digo com um pequeno sorriso sem mostrar os dentes.
— Bom dia, filha! - mamãe parece incomodada quando deposita um beijo em minha bochecha.
— Bom dia, Bela Adormecida! - o caipira abre seu sorriso torto e descruza os braços.
Bela Adormecida? De onde ele tirou esse apelido besta? Ainda são onze horas da manhã.
— O que está acontecendo? - digo me referindo a voz alterada que vem do corredor que dava para mais portas.
— Não sei querida! - minha mãe diz com os lábios travados.
— É meu irmão mais velho! - Guilherme sai da porta e anda poucos passos para frente.
— Quero você em casa em dois dias, senão eu pessoalmente vou te buscar. - Escuto a voz de Amadeu e depois silêncio.
Silêncio. Silêncio. Silêncio. E uma porta bate, o namorado/marido da minha mãe anda até a sala com um semblante entristecido.
— Peço desculpas, me alterei. Henrique ainda vai acabar me matando de tanto desgosto. - Amadeu diz entristecido e estende sua mão para minha mãe. - Vamos almoçar?
— Almoçar? Mas, eu ainda nem tomei café da manhã! - todos me olham como se o que disse fosse errado, eu tinha acabado de acordar então é hora do café da manhã certo?
— Diacho! Aqui para você tomar café da manhã tem que acordar junto com as galinhas. Onze hora já é horário de almoço. - o loiro solta uma risada alta e seu pai o reprova com os olhos.
— Vamos almoçar filha, amanhã você levanta mais cedo e toma café da manhã. - Minha mãe pousa a mão em meu ombro.
Sinto meu estômago revirar quando penso que vou almoçar de café da manhã, como pode uma coisa dessas. Sigo para cozinha, me sento no mesmo lugar de ontem e a mesa estava farta, muita comida diversificada. Sirvo um pouco de macarrão com molho bolonhesa, estou sem apetite para comida agora.
