Soulmate A.U - Genshin Impact

One and Only - Kazuscara

Dedico este capítulo aos que cresceram assim como eu: 
Com medo de falhar; 
Com medo de errar; 
Com medo de se tornar alguém que decepcionasse seus pais;
E, no fim, tudo o que conseguiu se tornar foi o seu maior medo. 
- Shoto

Tinha medo de que, se a encontrasse, não a amasse. Sua alma seria presa à dela, sem ter como fugir; não queria um outro relacionamento fudido. O garoto de olhos carmesim foi e ainda é seu maior trauma.

Ainda conseguia sentir aquelas mãos o percorrendo, o hálito quente dele contra o seu rosto, seus lábios sendo pressionados pelos dele, causando primeiramente um prazer doentio e, logo após, um nojo absurdo e concreto de si mesmo e, principalmente, dele.

Por isso, não queria, realmente, encontrar sua alma gêmea, mas sabia que era necessário para o Clã Raiden, mesmo que isso significasse a volta de seus traumas.

Assim como sua mãe, Ei, Kunikuzuchi ou, como gosta de ser chamado, Scaramouche, era obrigado, assim por dizer, a saber, ao menos, quem teria a alma conectada a dele, mesmo que significasse a volta de seus traumas.

Invejava as suas irmãs, Shogun e Nahida, que não possuíam essa preocupação, por não serem as primeiras herdeiras do trono.

Saber quem tinha a alma conectada com a dele não era somente importante para o Clã Raiden e, sim, para todo o Japão.

Quem sentaria no trono ao lado de seu herdeiro quando a sua hora chegasse? Esta pessoa estaria à altura de viver na realeza?

Provavelmente sim, e seria, assim como vários outros, um casamento por contrato, sem amor, sem paixão, apenas duas pessoas ligadas pelo destino e por um contrato. Ele, provavelmente, também teria um amante ou dois.

Kabukimono sabia desse fato desde que conseguia se recordar, sua mãe, Yae Miko, contava a mesma história para ele e suas irmãs, de quando ela e a imperatriz Ei descobriram que eram conectadas pela alma e que, mesmo que involuntariamente, eram uma da outra.

Relembrar desta história o fazia recordar sua infância e tudo que se sucedeu após ela. O herdeiro do trono tinha memórias claras da sua criação ainda como criança, todos os treinamentos diversos que eram requeridos pela norma tradicionalista da família real. Os estudos sobre o Japão, seus polos econômicos, castas e Clãs eram, com certeza, os que ele mais odiava; porém, conseguia extravasar toda a sua raiva enquanto lutava, que, além de ser seu treinamento favorito, era o que ele mais se destacava.

No entanto, suas lembranças mais profundas eram, é claro, além de seus traumas, toda a história das almas gêmeas, de como surgiram e como se sabia quem poderia ter a infelicidade de nascer com o coração eternamente conectado ao seu.

Se lembra perfeitamente do tom de voz de sua mãe ao contar as encenações com bonecos ou desenhos. Lembra-se de desviar os olhos de Yae Miko, apenas por um instante, e acabar por encontrar os olhos da Imperatriz, geralmente frios, mas com um brilho acalentador enquanto escutava a voz de sua esposa. A rosada sempre lhe contou a história assim:

"Durante a criação da Teyvat primordial, os primeiros humanos eram completamente perfeitos em tudo, corpo e mente; por isso, não necessitavam de seus criadores e os abandonaram, passando a exaltar apenas a si mesmos. Os sete Deuses dos primórdios, chamados de Arcontes, entraram em um consenso, dividindo os humanos, com uma parte sendo a mente e a outra sendo o coração.

Mas, ainda assim, seria muito fácil voltarem ao estado anterior; um coração e uma mente aleatórios poderiam se juntar esporadicamente e continuar o ciclo de narcisismo. Por isso, resolveram dar a uma mente somente um coração em todo o universo que o correspondesse. Como saberiam quem era a sua outra metade? Simples: um toque era o suficiente; de um beijo até um simples esbarrar, tudo valia, desde que os corpos se encostassem. "