Yoongi respirou pesadamente, passando a mão pela cabeça com revolta. Como ele temia, haviam negado o seu pedido para tirar uma licença. Aparentemente licença não era opcional para quem realizava serviço militar obrigatório e ele bufou, voltando a esfregar o rosto entre as mãos. Haviam concordado com a dispensa do capitão Kim, mas mesmo ele alegando ser conjugue, não teve a mesma sorte, o que significava que ele iria passar os próximos meses novamente longe de Taehyung. Era tão injusto!
Ele inspirou e respirou fundo diversas vezes tentando se acalmar, inutilmente. Eles estavam conversando há dias sobre onde iriam morar e o soldado animou-se ao ver uma melhora no humor do marido. Talvez fosse isso que devessem fazer: planejar a vida civil e esquecer temporariamente a vida militar.
Ele mordeu a boca. Definitivamente não gostava de dar carteirada – era algo imoral e antiético, mas ele tinha a leve suspeita de que já tinha atravessado a linha da moralidade há muito tempo, agora era tarde demais para remorsos fúteis e irrelevantes. Ele se levantou do banco do refeitório onde estava sentado e retornou a passos rápidos para o quarto que dividia com o marido, adentrando o cômodo e andando em direção ao aparelho celular, o desbloqueando e inspirando e respirando fundo diversas vezes. Félix, é claro, iria concordar com tudo o que ele fizesse, já que ele também estava preocupado com o cunhado.
No entanto, o problema maior era que eles não davam notícias para a família há meses e mesmo que seu avô fosse ajudá-lo com o maior prazer, Yoongi sabia que iria pagar muito caro por essa ajuda. Ele choramingou internamente. Chegou a cogitar a pedir ajuda para o próprio sogro, já que Ji Hoon mostrou-se ser um pai dedicado e um exímio militar, mas descartou essa ideia quase instantaneamente. Isso iria estraçalhar ainda mais a dignidade e a autoestima de Taehyung, e com certeza essa era a última coisa que ele queria.
O avô atendeu na primeira chamada e já esbravejando infinitos palavrões e ameaças e ofensas e ele apenas ficou escutando, quietamente, enquanto se benzia e implorava misericórdia para as suas deusas Gaga e Del Rey. Ele fez uma careta. A cabine era tão estreita que ele não tinha como andar de um lado para o outro, seria basicamente andar em círculos e Yoongi não estava com muita paciência no momento então, apenas permaneceu parado, suspirando ocasionalmente e grunhindo quando o avô dizia alguma barbaridade sobre transferi-lo para uma base militar na Suécia. Nem era a jurisdição do exército! Yoongi massageou as têmporas, deixando que o avô dissesse tudo o que estava engasgado na garganta, sabia que os estragos seriam menores se apenas escutasse-o.
Mas por fim, depois de despejar a sua ira sobre ele, Yeong apenas respirou fundo pacientemente, limpou a garganta e perguntou.
—O que eu posso fazer por você meu filho amado?
Ele mordeu a boca, sabendo que não era hora para hesitação e então pigarreou.
—Vovô eu preciso ser temporariamente dispensado do serviço militar. Eu preciso cuidar do Taehyung e o único jeito de eu conseguir fazê-lo é longe daqui e longe do quartel. Ele precisa aprender a voltar a ser civil.
O avô o escutou atentamente antes de responder.
—Isso é fácil de resolver, garoto, por que não me ligou antes?
—Eu queria muito vovô, mas eu não tinha certeza de como você iria me atender já que... Já que eu e o Félix não damos notícias há semanas. — Explicou.
O avô gargalhou e Yoongi revirou os olhos, abrindo um sorriso mínimo. O patriarca adorava ser temido. Claramente uma Blair Waldorf do século vinte.
—Farei algumas ligações. Mas vocês terão de vir imediatamente para Daegu, me entendeu Min Yoongi?
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O Diabo Veste Farda II
Fanfictioncréditos da capa: nigohyu (wonderfuldesigns) Após anos fugindo do serviço militar obrigatório, Min Yoongi decidiu se alistar no exército na esperança de reconquistar o ex-namorado. Ele não imaginava se apaixonar perdidamente por seu capitão e ter s...