Desembarque no inferno.

174 38 50
                                    

Félix estava sentado no chão do convés, fitando a imensidão de água a sua frente enquanto bebia um gole de vinho e respirava fundo, com os olhos marejados. Sentia saudade da sua casa, dos avós, da peste loira e principalmente de Hyunjin. Mas a rejeição ainda amargava a sua boca e ele só queria esquecer que havia feito algo tão idiota. Nunca se sentiu tão despedaçado.

Ele não contou para Yoongi e muito menos para Seokjin.

Não se arrependia, em nenhum momento, de cuidar do seu primo-provavelmente-irmão. Ele o amava muito, pra caramba, com todas as forças, mas algumas coisas ele precisava lidar sozinho. Inspirando e respirando fundo, Félix voltou a beber um demorado gole do vinho. Ele sempre criticou muito como Yoongi sempre se entregava nos relacionamentos; o filho da mãe pulava de cabeça sem se preocupar se iria cair de cabeça num chão de concreto ou se iria se afogar num mar profundo demais para emergir de volta a superfície. No final das contas, ele também não passava de um gado idiota.

Ele choramingou. Não poderia evitar aquilo para sempre.

Tinha pedido Hyunjin em casamento, e ele recusou o pedido. Provavelmente da forma mais irritantemente educada e carinhosa possível o que tornou tudo ainda muito pior. Isso realmente feriu o seu ego.

Ele voltou a beber o vinho, enquanto a voz da Lana Del Rey ecoava pelo seu celular. Quando o sinal voltou, ele foi bombardeado de notificações em todas as suas redes sociais, SMS... Ligações... Mas não teve coragem de checar nenhuma, estando ciente de que pelo menos 60% eram de um senhor Min muito puto e os outros 40, Hyunjin tentando se justificar.

Que inferno! Respirando fundo, Félix enxugou as lágrimas que caiam de seu rosto e então voltou a beber o vinho. Exceto pelo celular e pelo som do mar, a noite estava silenciosa.

—Não quis beber com os seus amigos?

O capitão se sentou ao lado dele. Assim que notou a ausência do soldado/marinheiro, soube que havia alguma coisa de errada, afinal, Félix era bastante festeiro e dificilmente perderia uma curtição. O ruivo o encarou atentamente.

—Eu não acho que sou uma boa companhia para ninguém agora.

Chan assentiu e então voltou sua atenção para o horizonte, que era encarado com tanta intensidade por Félix.

—Eu recebi um chamado. Parece que o capitão do seu quartel quer que eu devolva os soldados dele.

Félix engasgou-se brevemente com o vinho e então encarou o ruivo, que suspirou pesarosamente.

—O Taehyung mandou devolver o Park e o Jung?

O ruivo assentiu e o Min fez um beicinho, admitia que apesar de tudo, o Kim era bastante leal.

—Ele é um ótimo capitão. — Chan voltou a dizer. — Porque pelo que eu escutei por aí, vocês só não destruíram o quartel por falta de tempo.

Félix acabou rindo, lembrando-se de todas as confusões e o ruivo sorriu de lado. O Min tombou a cabeça para trás, continuando a rir.

—Acho que você e o seu primo deveriam voltar também. — Anunciou o ruivo com seriedade e Félix parou de rir, para encará-lo. Os dois se olharam intensamente por um momento. — Vocês são muito infelizes aqui, e eu já perdi as contas de quantas vezes o Yoongi surtou tentando se jogar na água.

Félix assentiu, com o rosto sério.

—É uma pena, porque eu gostei muito de você.

—Também gostei muito de você.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos e Chan sorriu.

—Mas quando você olha para mim, você não está realmente me vendo. Está olhando para o boy que você deixou em terra firme.

O Diabo Veste Farda IIOnde histórias criam vida. Descubra agora