Experiência

02. O raio de sol

Muito cansado, o homem de cabelos verdes deitou-se na cama, tentou lutar para manter o olho aberto, sempre em direção à porta. Kid ainda não havia retornado e ele não conseguia ouvir sua voz. O olho foi se fechando lentamente e ele adormeceu sem conseguir se segurar mais.

Algo gelado como um pingo de água caiu sobre o rosto, vários outros pingos começaram a cair, um som estrondoso fez o homem de cabelos verdes abrir o olho, assustado. Olhando a volta meio desnorteado viu os vários pingos caindo do céu, se iluminava com os fortes raios intensos. Quando notou que estava deitado no chão no meio das árvores, ele levantou depressa e olhou a volta, assustado.

Ouviu algumas vozes ao longe, correu entre as árvores, tentando alcançar as vozes, mas quanto mais ele corria, mais longe as vozes ficavam, até não conseguir mais ouvi-las.

Os barulhos estrondosos de trovões, estavam o assustando cada vez mais. Ele abaixou o corpo sentando ao chão, encostando sobre uma pequena parede quebrada de tijolos, onde talvez fosse uma casa, antes de virar escombros. Ele dobrou as pernas contra o corpo e levou a mão aos cabelos verdes, estava totalmente desesperado e principalmente com medo.

Ouviu um pequeno barulho tilintando, semelhante a metais, batendo levemente um contra o outro. Percebeu que o barulho estava muito próximo ao seu ouvido. Levou a mão até a orelha esquerda e tocou, sentiu os metais frios e compridos pendurados ali, três no total. Ele teria os arrancado fora, mas o som dos metais estava distraído dos intensos trovões e raios que cortavam o céu, também eram agradáveis de ouvir.

Ele tentou se concentrar apenas no leve tilintar dos metais em sua orelha e esquecer o som da tempestade de raios acima. As gotas de chuva estavam grossas e intensas, mas parecia estar parando aos poucos. Ele começou a ouvir um som alto e notou que vinha de sua própria garganta, assim como gotas desciam do olho por seu rosto, deixando a bochecha totalmente molhada.

De repente alguns sons de grunhidos chamou sua atenção, ele ergueu a cabeça ficando apavorado, viu sombras de pessoas se aproximando a frente e quando elas surgiram por de trás das árvores, não eram pessoas, mas sim zumbis, no entanto eles não se aproximaram, ficaram parados o observando há apenas alguns metros. O som que saia de sua garganta aumentou ainda mais, suas mãos e corpo começaram a tremer de medo.

De repente algo saltou a sua frente, era um homem, estava de costas, a cabeça estava coberta por um capuz, havia sobre os ombros um longo pedaço de tecido preto, descia pelas costas e esvoaçavam para trás com o vento, parecia uma longa capa.

Assim que o homem desconhecido saltou na frente dele, os zumbis se aproximaram, grunhindo ferozes. O homem deu um salto, curvando o corpo para trás e colocando as mãos no chão, jogando os pés para cima ele girou rapidamente o corpo, chutando os zumbis que se aproximavam para longe, eram cinco no total.

Com uma pequena faca de caça em cada mão, ele enfiava contra a espinha dorsal no topo do pescoço de cada um deles, até todos estarem caídos ao chão já sem vida.

— Ei? Você está bem? — o homem de capuz perguntou e se virou observando o homem de cabelos verdes, estava tão assustado que chorava alto, o corpo estava encolhido como uma bola, segurando as pernas contra o corpo — Está tudo bem agora, mas precisamos sair daqui, antes que outros apareçam. — a voz suave falou enquanto o homem se curvava à frente dele e tocava sobre o braço.

Quando o homem de cabelos verdes levantou a cabeça, o de capuz na frente dele caiu sentado para trás, se assustando ao ver aquele olho. Arrastou o corpo para trás não tendo certeza de que estava diante de um ser humano comum ou um zumbi. Mas observando bem, a pele era levemente bronzeada para ser um zumbi, a temperatura também era quente.

Para ter certeza, meio hesitante ele levantou a mão e tocou sobre a testa do homem, suspirou aliviado por sentir o calor intenso que a pele emitia.

O homem de cabelos verdes observou atentamente o outro abaixar o capuz e deixar fios de cabelos dourados esvoaçarem ao vento, era tão dourado que se assemelhava com os raios intensos do sol, quando os raios os iluminava.