PASTAS

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POV ELIZABETH

Estou com Amanda profundamente dormida entre meus braços. 

Foi um dia longo e exaustivo. Meu estresse e cansaço estão no auge e não estou conseguindo dormir.

Hoje Marcos e Allie chegaram em meu escritório sem avisar, pouco antes do almoço.

Ela estava emocionada em ter conseguido um trabalho "seguro" pra Amanda e convenceu Marcos a acompanha-la ali pra me contar, antes de contar a Amanda. 

Estou satisfeita por ela ter me procurado em primeiro lugar, mas ainda não estou de todo segura das intenções de Allie. A conheço perfeitamente e sei que há algo por trás de tanta generosidade.

Ela quer que Amanda trabalhe com ela e seu funcionário de confiança em um de seus laboratórios. Não acho uma péssima ideia, mas também não acho uma ótima ideia. 

Porém é o que Amanda quer, o que posso fazer?!

Tentei oferecer uma vaga como minha secretária, como ela já tem experiencia com isso. Assim ela estaria perto de mim e eu poderia cuidá-la. Mas ela aceitou desesperadamente a oferta de Allie sem me dar oportunidade de oferecer essa vaga. Então só me resta esperar o resultado disso e se ela não se adaptar ao laboratório, ofereço a vaga ao meu lado.

Quero muito que ela conquiste suas metas e sonhos. Realmente desejo isso. 

Mas ela ainda não está bem o suficiente pra isso. Apesar dela não reclamar nunca, sei que alguns movimentos ainda a limitam. E a dor em algumas partes de seu corpo não se foram, apenas são inibidos pelo efeito dos remédios.

Também tenho passado a pomada em seu corpo de vez em quando. Então sei que realmente os hematomas estão mais brandos. 

Mas eu gostaria que fossem feitos exames pra garantir que está tudo indo bem. Por isso amanhã buscarei algum profissional que possa me ajudar com isso sem expor sua identidade.

Também está a questão de que não encontramos um psicólogo ainda.

São tantas coisas me preocupando.

Como também, por exemplo, o que vi na TV quando cheguei do trabalho.

Os três malditos que a tocaram estão mortos. E apesar da descrição da matéria dizer que foram brutalmente assassinados, eu me sinto frustrada por não ser eu quem fez isso a eles.

Eles tinham muitos inimigos, e isso é muito óbvio. É difícil saber quem exatamente os matou, mas não descarto nem por um segundo a possibilidade de que seja por vingança. 

Ao ver Amanda assistindo a reportagem atentamente e com as sobrancelhas franzidas em concentração, pensei que ela sabia quem eram eles. Que ela afinal conseguiu reconhecer seus rostos. Mas ao olhar no fundo de seus olhos, enxerguei apenas preocupação por minha reação. O que significa que pra ela eles são apenas pessoas desafortunadas, vítimas de um maníaco.

E isso é um alívio. Prefiro que continuemos assim, sem que ela saiba quem são esses monstros. Temo que seus pesadelos voltem se ela se tornar consciente desses rostos.


Passo toda a noite acordada. Meus olhos queimam pelo cansaço, mas o sono não chega a mim. Então mesmo estando cômoda com a companhia ao meu lado, decido me levantar pouco antes do sol nascer e começar meu dia.

Me troco, escrevo uma nota pra Amanda avisando que tive que sair mais cedo e coloco na mesinha de noite ao lado da cama pra que ela a veja assim que se levantar.

Pego minha bolsa, casaco e chaves e saio de casa em direção ao escritório onde passo toda a manhã revezando entre trabalhar e encontrar um médico. O segundo ainda não tive sucesso.

A ESTRANGEIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora