PARANÓICA

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POV AMANDA

Meu corpo dolorido me faz acordar, como um castigo e recordação de uma longa noite.

Olho pro lado, Lizzie ainda dorme profundamente. A noite também foi longa pra ela. A preocupei desnecessariamente.

Eu não devia ter saído pra procurá-la, mas há coisas que só sabemos depois que acontece.

Agora o que me resta é lidar com as consequências.

Sinto como se algo pressionasse minhas costelas e até respirar está doloroso. 

Pra suportar essa dor, aperto minhas mãos em punhos, mas me arrependo imediatamente ao sentir os arranhões arderem, e abro a mão novamente, ainda sentindo o incômodo nelas.

Meus joelhos não estão em condições muito melhores. A calça está pegando nos ralados e também não está ajudando.

E meus pés... O que dizer?! 

Mal consigo mexer meus dedos. Está doendo até os tornozelos. 

Meu nariz e minhas bochechas estão um pouco ardidas também, acho que estão queimadas pelo frio. Mas a dor está mais suportável que a do resto do corpo.

Preciso me levantar mas não consigo nem me mexer sem sentir meu corpo todo me torturar. Então continuo deitada por mais algum tempo, tentando me acostumar com essas dores.

Sei que posso suportá-las, já passei por isso antes. Só me desacostumei a senti-las.


Um tempo se passa e penso que já posso arriscar a me levantar.

Tiro com cuidado o coberto de cima de mim, tentando ignorar toda a minha dor.

É impossível. 

O simples movimento, já me faz querer chorar. Mas não desisto.

Puxo com cuidado as calças largas até que elas estejam acima dos meus joelhos, na altura das minhas coxas e com uma mão as mantenho firmes ali. As feridas nos joelhos ardem com o contato, mas passa assim que o tecido para de tocá-los.

Me arrasto com cuidado até a borda da cama e coloco os pés com cuidado no chão. É como pisar em cacos de vidro.

Prendo minha respiração pra não fazer barulho e me sento com muita dificuldade. O esforço me maltrata. Mas é um grande avanço.

Me seguro na mesinha do lado da cama e a uso como apoio pra me levantar.

Já não dá pra conter as lágrimas que escorrem por meu rosto. E aceitando a dor, começo a caminhar muito lentamente até o banheiro de visitas pra não acordar a Lizzie com algum barulho.

Fechar a mão em torno da maçaneta da porta dói, então deixo a porta do banheiro aberta.


Termino minhas necessidades e higiene com bastante esforço e vou a cozinha tomar meus remédios e preparar o café da manhã.

Quando passo pela sala, olho pro relógio. São três e meia da tarde. Perdi o horário de tomar alguns dos remédios. 

Só agora me dei conta de que não coloquei o celular pra carregar. E por isso perdi os horários das medicações. 

Pra ser sincera, não faço ideia de onde deixei o celular.

Olho em direção ao sofá e vejo as sacolas que Lizzie deixou ali e no chão. Não sei o que tem dentro, mas há muitas sacolas. 

Depois vejo com Lizzie o que fazer com elas.


Sigo meu caminho lento até a cozinha com cuidado pra não arrastar os pés e causar ainda mais dor.

A ESTRANGEIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora