As últimas 5 horas

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Manhã nublada de terça.

Ou ensolarada de segunda?

Tantos anos que não me lembro.

Declararam que um vírus seria mortal.

Pensei ser temporário, um tempo de descanso.

No último dia de aula, decidi ir e aproveitar um bocado.

A professora de geografia perguntou:

 "O que estão fazendo aqui? É um vírus imprevisível."

Dizia em tom de indignação, não aceitando a postura dos pais

de permitirem que seus filhos seguissem em rumo ao externo.

"O que vocês estão fazendo aqui?"

Eu não sabia.

De muito não me lembro.

Estava no nono ano, ansiosa pela formatura.

Prestes a me despedir de quatro anos cheios de memórias.

Não saberia, mas em breve seria enevoada pela metamorfose.

Não acreditava que aquilo poderia ser além de semanas.

A última aula.

A última aula da temida química.

Era meu primeiro ano com a matéria caricata.

A mulher decidiu passar um trabalho.

Todos discordaram em voz, permaneci em silêncio 

em um eco interno de decepção.

Determinou o dia de entrega, infeliz a sua certeza.

O aluno com uma ambivalente esperança, perguntou:

" e se até lá não tivermos voltado?"

A professora respondeu em um sorriso tranquilo:

"Então, entreguem quando voltar."

Infelizes suas palavras.

Trágico os lábios escancarando os dentes.

Jamais pensei que me causaria pesar.

A professora de geografia alertou.

Mas quem se deu conta?

Infeliz, quem desacreditou.

Infeliz, quem esperou que um dia reotornaria a mesma sala à tempo.

Ninguém voltou.

Jamais nos reecontramos.

Nem conhecíamos uns aos outros, são poucas as faces que reconheço.

Anos depois de escutar a frase, acreditar em um breve descanso,

fazendo descaso de dias, até semanas.

Aprendi a não ter certeza sobre o impossível.

As últimas 5 horas do início.

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⏰ Última atualização: Apr 17 ⏰

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