Capítulo 3: Entre a dor e a cura

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Aiden avança pela densa floresta, sua expressão fica tensa enquanto ele manca pelo caminho irregular, apoiando-se em árvores para se equilibrar. Seus passos são lentos e incertos, o cansaço e a dor pesando em cada movimento. O sol filtrado pelas folhas cria padrões de luz e sombras em seu rosto suado, enquanto ele luta para encontrar o caminho certo.

Finalmente, ele emerge da floresta e é recebido pela visão reconfortante da cidade de Jardim do Bem-Estar. À medida que se aproxima, seus olhos cansados captam os detalhes: ruas limpas e arborizadas, edifícios pitorescos com jardins bem cuidados, e uma atmosfera tranquila e serena.

À medida que avançava, os olhares curiosos das pessoas que começavam a acordar ecoavam em seus ouvidos. Ele sabia que sua aparência devia ser preocupante: o cabelo vermelho escuro bagunçado, um tapa-olho em sua face, cortes em suas roupas e sangue em seu rosto pálido.

Finalmente, avistou os contornos da cidade à distância. Jardim do Bem-Estar, um refúgio de paz e cura em meio à natureza exuberante. À medida que se aproximava, ficou impressionado com a visão do hospital, uma estrutura imponente que se assemelhava a uma árvore gigante, adornada com detalhes futuristas.

Aiden mal teve tempo de contemplar a beleza da cidade, pois assim que chegou à entrada do hospital desabou, sua consciência cedendo ao peso de seus ferimentos.

Aiden despertou lentamente, sua visão embaçada se ajustando à luz intensa que inundava o quarto. Ele piscou algumas vezes, tentando se orientar enquanto seus sentidos se aguçavam. Ao seu redor, o zumbido familiar de máquinas médicas e o cheiro forte de desinfetante preenchia o ar. Ele olha ao redor e percebe que está deitado em uma maca, cercado por cortinas brancas. O som suave de máquinas médicas enche o ar, criando uma atmosfera tranquila e familiar. Aiden tenta se lembrar do que aconteceu e, aos poucos, as imagens da luta e da floresta retornam à sua mente.

Aiden fica se remoendo pensando sobre a luta ele começa a lembrar de cada enquanto lembra das ocasiões do passado, os momentos que ele passou ao lado de Dom Ramon, sentindo uma enorme culpa.
BOM DIAA!!!!-Uma figura se aproximou da maca, irradiando energia e entusiasmo. Era Luna, uma enfermeira conhecida por sua alegria contagiante e cuidado excepcional. Seus cabelos dourados cintilavam juntos com seus olhos verdes esmeralda por causa da luz do sol que entrava pela janela.

-Parece que dessa vez te pegaram de jeito hein hihihi...- Luna se aproxima da janela que ficava no quarto, e à abre deixando entrar um pouco mais de luz.

-2 Semanas sem me ver e é assim que você me aparece aidenzinho??

-Como você está se sentindo? -Perguntou Luna, com uma expressão de genuína preocupação enquanto verificava os sinais vitais de Aiden.

Aiden tentou responder, mas sua voz saiu rouca e fraca, ele acenou com a cabeça em resposta, tentando transmitir que estava bem o suficiente.

-Que bom! Aonde foi dessa vez? Lutou com alguma gangue de novo? Ou se meteu com os soldados da Vanguarda? Já te avisei que eles não vão deixar você passar ileso sempre, aqueles caras são barra pesada Aiden-ela diz tudo isso rapidamente sem parar para respirar e ao mesmo tempo checa todos os sinais vitais de Aiden.

-Até porque o Thoran não vai passar a mão na sua cabeça toda vez que você fizer mer..

-Eu...matei o Ramon Luna...acabou...-o garoto diz com a voz rouca e baixa.

-Meu Deus Aiden...-Luna deixa tudo de lado e vai até o garoto.

-Não! Está tudo bem...-Aiden levanta da maca e percebe que não está com suas roupas apenas um avental de hospital.

-Cadê minhas roupas?...

-Ah...desculpa, eu sei que pediu para eu não deixar eles levarem, mas estava em um estado completamente horrível, toda rasgada e com sangue...

-Aff...está tudo bem-Aiden sai andando para fora do quarto.

-Ei...-Luna segura a mão de Aiden antes dele sair.

-Se precisar conversar...ou só quiser relaxar a mente um pouco, eu estou aqui tá? Não esquece disso...

Aiden puxa a mão e sai andando sem olhar para trás.
Ele passa por todo o hospital olhando para os enfermeiros e médicos trabalhando, quando finalmente chega na saída, percebe que a luz do sol já está fraca, ele ficou desacordado o dia todo.
O garoto continua a caminhar pela cidade seguindo para seu apartamento que alugou a pouco tempo. Ele passa pelo centro e entra em uma viela, quando chega num pequeno prédio bem acabado, passa pela recepção e vê que o porteiro está dormindo jogado em cima da cadeira. Aiden sobe as escadas até o 2° andar e a cada passo sente fisgadas de cada corte e hematoma que foi deixado na batalha, mesmo tendo sido "curado" ele não teve tempo para se recuperar totalmente, seus cortes abertos já estavam costurados mas parecia que machucavam mais agora do que antes.
O jovem chega até seu apartamento, e vê a porta de madeira com o número 7 brilhando por causa da luz corredor, Aiden entra em seu apartamento que mais parece uma casa sem dono, prateleiras vazias, sem quadros na parede, nas estantes apenas poeira.
Ele chega no sofá e se joga, no mesmo momento se arrepende por causa da dor, mas depois fica apenas observando o teto, pensando...pensando naquela maldita culpa...ele não devia...
Aiden se levanta rapidamente, joga o avental do hospital no chão e vai ao banheiro, toma uma ducha fria, tenta se limpar daquela culpa, aquele sentimento de ingratidão...mas não consegue.
Aiden sai do banheiro, se seca e põem uma roupa comum, bermuda e regata, ele senta ao sofá novamente, pensa em ligar a TV ou talvez comer algo...talvez chame a Luna para dar uma volta..., mas a culpa...

-AHHHHHGGGGGG- Aiden grita com todos os pulmões dando um murro na pequena mesa de centro...
-PORQUE....PORQUE... era para isso acabar…porque só não acaba....

Aiden fica ali, sentado no sofá, sentindo a dor física se misturar com a angústia emocional que o consumia por dentro. Ele tenta afogar seus pensamentos, mas a culpa continua martelando em sua mente, como uma ferida que se recusa a cicatrizar.

Por mais que ele tente se convencer de que fez o que era necessário, o peso do que aconteceu ainda o assombra. Ele se vê preso em um ciclo de autodestruição, onde cada pensamento é um golpe contra si mesmo.

Aiden tenta deitar e fechar os olhos, esperando que o sono o liberte desse tormento. No entanto, sua mente está agitada demais para descansar. Ele fica ali, olhando para o teto, perdido em um mar de pensamentos sombrios e remorso.

O tempo parece se arrastar lentamente, cada segundo uma eternidade de agonia enquanto é assombrado pelos seus pensamentos com Ramon, se sentindo como se estivesse à beira de um abismo, prestes a ser consumido pela escuridão que o rodeava.

De repente, o som das batidas na porta irrompe o silêncio, interrompendo seus pensamentos torturantes.

Aiden se levanta e vai até lá, mas só abre a porta pois já sabia quem estaria ali...

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