𝐏𝐫𝐨́𝐥𝐨𝐠𝐨

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      Chego na praça animada com minha bolsa de tecido em baixo do braço, caminho pela estrada de pedrinhas em busca de um lugar para eu me aconchegar.

Vejo um canto na grama que estava iluminada pelo sol, como se estivesse chamando meu nome, vou andando até lá, estico um lençol de piquenique no chão e me sento colocando minha bolsa ao lado, pego meu livro do príncipe cruel e me deito de barriga pra baixo no lençol.

Depois de folhear algumas páginas escuto um barulho entre os arbustos, ignoro pensando que pode ser um simples pássaro e volto pro meu livro, escuto o barulho de novo se aproximando de mim, fecho o livro desconfiada.

Logo penso nos filmes de terror que minhas irmãs me obrigam a assistir com elas, mesmo eu não gostando acabo assistindo por insistência da parte delas. Pensando nessa possibilidade guardo minhas coisas na bolsa e me levanto da grama pronta para ir embora.

" 𝐂𝐚𝐥𝐥𝐢𝐬𝐭𝐚... " ——— uma voz rouca e grave diz em um sussurro meu terceiro nome cujo ninguém conhecia.

Olho para a direita de onde vinha o som, um canto escuro da praça onde só havia sombras das árvores, balanço a cabeça em negação dizendo para mim mesma que foi apenas uma confusão da minha mente, volto a andar com certa relutância com as pernas tremendo.

Chego na trilha de pedrinhas apertando a alça da minha bolsa, olho para os lados e não vejo ninguém. A praça estava vazia em plena tarde de sábado, estranho a falta de pessoas mas ignoro no momento. Só preciso sair daqui, digo para mim mesma ficando cada vez mais próxima da saída.

Aperto o passo na medida em que escuto alguém andando atrás de mim. Olho para trás com um péssimo pressentimento, mas não vejo ninguém.

Solto o ar de alivio após passar pela saída da praça, mas o sentimento bom vai embora rápido assim que vejo uma sombra do outro lado do portão.

Em meio ao desespero saio andando rapidamente em direção a minha casa, olho por todos os lados sentindo alguém me observando e analisando meus passos desajeitado.

Aperto minha bolsa ao corpo e aumento meus passos, indo de uma caminhada rápida para uma corrida desesperada, meu coração está disparado enquanto olho para os lados a procura de alguém, qualquer pessoa que seja, só não quero me sentir sozinha e com medo.

Corro por dois quarteirões sentido a adrenalina percorrer pelas minhas veias, chego em frente ao sobrado com portão preto enferrujado, o lugar onde minhas irmãs e eu crescemos, minha casa.

Passo pelo portão, sem me importar em fecha-lo, entro pela sala, subo as escadas correndo indo para meu quarto, entro e tranco a porta. Eu sempre me escondia em meu armário quando o clima em casa não estava bom, e foi o que eu fiz novamente, me escondi como uma garotinha assustada, pois é como eu me sentia, estava tão assustada que nem respirava direito.

Me encolho dentro do armário abraçando meus joelhos, fecho os olhos, digo repetidamente para mim mesma que aquilo não era real, não podia ser real.

" 𝐈𝐬𝐭𝐨 𝐞́ 𝐫𝐞𝐚𝐥, 𝐦𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐛𝐞𝐥𝐚 𝐫𝐨𝐬𝐚... " ——— escuto a mesma voz de antes no pé da minha orelha, com um tom sarcástico e uma leve risada abafada. O bicho papão achou sua garotinha assustada...

O Trono da RealezaOnde histórias criam vida. Descubra agora