Por Amor A Pista

Não apenas um ser.

O nervosismo dá vários sinais antes de aparecer por completo, pode se manifestar como um mini pico de energia, ou um medo repentino.

Poderia também, dizer que é como sentirmos nossas entranhas se emaranhado de uma forma dolorosamente surreal, ao mesmo tempo que não se pode dizer que dói, mas traz junto uma grande onda de ansiedade.

Também é aquele sentimento de angústia e incerteza, angústia tende a vir do nervosismo, ao não sabermos o que esperar de tal situação. Já a incerteza, da ansiedade que sentimos ao sempre esperarmos e não saber se seremos o suficiente.

Como um novato na equipe, eu sentia o nervosismo consumir minhas veias como o fogo em brasa, corroendo meu sangue lentamente e se aprofundando em meu cerne.

Era nítido o calor que se acumulava nas palmas de minhas mãos, e eu sempre tentava limpar o suor em minhas jeans pretas, tomando cuidado pra não perder a mão que ainda estava contra o volante.

E era estranho, já que nem estava quente, afinal o ar condicionado do meu automóvel estava ligado. A minha dedução era, de que aquilo fosse apenas uma reação natural do meu corpo, que estava reagindo a algo que eu estava tentando reprimir. Era difícil para que eu agisse daquela forma, quase nunca poderiam me encontrar tímido ao menos que eu tivesse bebido algumas boas doses de whisky.

No entanto, eu considerava hoje sendo um dia especial, minhas conquistas haviam sido batidas e eu me sentia nas alturas, ao saber que estava dirigindo para meu tão estimado céu. Para minha mente, com a minha idade e euforia, poderia ser considerado um grande desfecho, afinal entrar em uma equipe de elite como a Ferrari, com um contrato tão sólido, para alguns poderia ser inalcançável.

Passei anos com minha infância sendo resumida a admirar grandes ídolos da Fórmula 1 e do automobilismo, louco para que um dia pudesse ser eu, sorrindo ao subir no pódio e erguer o grande troféu de campeão mundial, e sem dúvida alguma eu teria minha chance de fazer aquilo.

Então meu nervosismo era normal, normal para alguém que esperou tantos anos e não desistiu dos seus sonhos. Já que o automobilismo não é para qualquer um, afinal, quantos estariam dispostos a entregar sangue e lágrimas, e uma parte de suas vidas para se dedicar totalmente para com aquilo?

A adrenalina ao estar dirigindo em uma velocidade alta, era o que me trazia a vontade de existir, os treinos de resistência, a alta temperatura que tínhamos que enfrentar. Tudo foi o que fez eu me sentir vivo, e com a sensação extasiante que cobria meus músculos como grandes lençóis em um dia de inverno.

Claro, foi difícil chegar aonde estou. Noites de sono perdidas, a dor da exaustão tanto mental como física, andando de mãos dadas junto comigo para qualquer lugar, e mesmo assim estar indo em direção ao Paddock da Ferrari. Me trazia e fazia brotar vários sentimentos borbulhantes e instáveis, fazia eu me perguntar se realmente valia a pena, mas com a garantia de que valia muito mais que toneladas de ouro.

Vontade de pular, gritar e pôr para fora tudo o que estava entalado na garganta, gritando para o mundo onde eu tinha conseguido chegar, eu gritaria com todo o ar de meus pulmões até o último suspiro, até que estivesse exausto de expressar os sentimentos confusos.

Coisas que eram apenas um sonho distante, se tornando cores vibrantes como as mechas vermelhas em meus cabelos, que insistiam em contrastar evidentemente com minha áspera personalidade.

A satisfação e felicidade que eu sentia não parava de transbordar sobre os demais sentimentos, por mais confusos que fossem, eu conseguiria afirmar facilmente que estava mais feliz do que quando ganhei meu primeiro mundial na Fórmula 2.

Eu gostava de imaginar que o universo estivesse ao meu favor, que meus esforços estariam sendo reconhecidos agora. Eu seria lembrado pela eternidade, certo? Seria lembrado de uma forma doce para alguns, amarga para outros. Contudo apenas o fato do reconhecimento me fazia esquecer-me do resto, era meu esforço sendo validado, minha imagem ganhando um lugar.