IV

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Cora secou as lágrimas e decidiu dar um fim na perseguição doentia que a perturbava. Abriu uma das gavetas de sua cômoda e pegou um punhal afiado que ganhara de seu pai, nunca pensou que seria necessário mas infelizmente era hora

Depois das batidas na porta, ela abriu rapidamente realizou vários golpes, mas não havia ninguém la. Com uma mistura de raiva e medo, correu até o gramado segurando o objeto com força

-APAREÇA! -Gritou o mais alto que pôde. -Não tenho medo de você!

A menina novamente sentiu aquele cheiro, que era suave mas rapidamente estava bem próximo a ela. Cora sentiu algo quente atrás de si, mas nada parecido com o calor humano

-Me deixe em paz! -Ela agiu novamente usando o punhal.

-É mais ingênua do que pensei. -Disse uma voz desconhecida.

Cora olhava para todos os lados e não via ninguém, deu tapas na própria testa na expectativa de por os pensamentos no lugar pensando na possibilidade de estar tendo alucinações ou algo relacionado a esquizofrenia

-Sei o que está pensando. Mas como poderia eu ser algo de sua mente se há pouco tempo fui mencionado por um comerciante que esteve aqui?

-Está tudo bem,meus pais estão quase chegando, eles vão saber o que fazer. -Ela abraçava o próprio corpo encolhida no chão tentando sentir acolhimento e proteção.

-Sua alma é pura como a de um ser não pensante...isso me deixa tão intrigado...

-Me deixe em paz!

-É como se fosse perfeita.

Ela ergueu a cabeça assim que ouviu a palavra

-Perfeita?

-Você não tem pecado algum...

Novamente era possível sentir tal presença mas não vê-la

-Fique longe de mim.

-Não se preocupe, infelizmente não posso tocá-la.

-Meus pais saberão o que fazer com você.

A criatura riu alto passando agora a se portar de forma sarcástica

-Seus pais? Oh, sim. Com certeza vão. Te mandando para um manicômio.

-O que é isso?

-É para onde vão os incompreendidos.

-Por que eu? O que quer justamente comigo?

-Eu já disse, você é perfeita. Serei o primeiro a ter o prazer de manchar sua alma pura com os pecados corrosivos do mundo.

-Não vai fazer isso, não pode.

-Cora! -A mãe da menina Gritou.

-Mãe?!

-O que está fazendo deitada na grama?

-Eu estava apenas...esperando vocês. -Ela levantou e olhou para os lados.

-Aconteceu alguma coisa? Você parece estar com a cabeça nas nuvens.

-Deixe a menina, vamos, temos coisas para arrumar lá dentro.

Cora, ainda no gramado, olhou para a janela do quarto e viu a silhueta usando chapéu. Ainda era assustador ela estar conversando com algo que não era capaz de ver, mas a curiosidade que não se manifestou todos esses anos estava sendo instigada agora.

A menina subiu para o quarto e fechou a porta, queria entender mais sobre o que estava acontecendo

-Onde você está?

-Bem na sua frente.

-Deixe-me vê-lo.

-Não pode.

-É mentira. Vi você na cidade, entre as ovelhas, na porta dos fundos e há dois minutos atrás. Por que não posso ve-lo agora?

-Voce viu uma roupa e um chapéu. Não viu meu rosto, nem meus braços, nem qualquer parte de um membro feito de carne e osso.

-E o que significa?

-Ja ouviu falar que criaturas divinas não podem ser compreendidas pelos olhos humanos?

-Então diga como você é!

-Eu posso ser o que você quiser, Cora, mas teria um colapso mental ao olhar em meus olhos e perceber com o que está lidando.

Me and The Devil Onde histórias criam vida. Descubra agora