Cora sentiu seu corpo esquentar numa mistura entre raiva e tristeza que trazia a sensação de um "nó na garganta", pela primeira vez em dezoito anos, sentiu raiva de seu pai
-Engula o choro! Se diz não ser mais apenas uma mocinha, então não será tratada como uma. Se quer tanto assim amadurecer, vai sentir as dores que o amadurecimento nos causa.
May apenas desviou o olhar desconfortável com a situação. Ela não queria que as coisas chegassem a isso mas em seu ponto de vista a menina estava manifestando uma "rebeldia" que só seria detida com rigidez, logo, não fez nada pois não queria tirar a autoridade de Simon
Em silêncio, Cora o olhou nos olhos com lágrimas escorrendo pelo rosto e uma expressão de rancor, estreitando os olhos e cruzando os braços
-Como quiser, senhor.
-Está de castigo.
-E o que exatamente mudará?
-Então vai mesmo me desafiar?
-Só fiz uma pergunta, aliás, não é como se eu pudesse fazer alguma coisa, não é?
-Se eu pegar você falando sozinha outra vez, saiba que vai apanhar de jeito que nem nossos animais apanharam até hoje. -Ele a pegou pelo pescoço e jogou na cama.
-Já chega, querido! Ela já entendeu! Já entendeu! -May dizia enquanto puxava o marido para fora do quarto, que ao sair, trancou a porta e levou a chave.
O silêncio tomou conta do quarto por alguns segundos até Cora se olhar pelos restos do espelho e ver seu pescoço que fora marcado pela mão de seu pai, homem que até horas atrás era símbolo de proteção, amor e cuidado
O choro era inevitável, soluçava feito uma criança e sentia raiva de si mesma por isso. Estava se sentindo fraca por não conseguir dizer aquilo que estava preso dentro de si
-Não pode deixar ele fazer isso com você.
-Como tem coragem de aparecer aqui?
-Cora, estou tentando ajuda-la.
-Ajudar?! Isso tudo é culpa sua.
-Vamos, pequena. Deixe-me tirar você dessa situação.
-E como fará isso? Me matando? Ferindo meus pais? Não é tão fácil como pensa.
-Apenas me de a chance de ser mais próximo de você. Não vou deixar ele te machucar outra vez, confie em mim.
-Não posso! Não posso corromper minha alma me aproximando de uma criatura como você...
-E vai ser tratada como uma prisioneira até quando? Não sei se percebeu, mas aparentemente ele vai te machucar toda vez que contrariar o pensamento dele. Quer mesmo viver como refém disso até seu último dia na terra?
Cora tocou seu pescoço ainda dolorido lembrando da expressão de raiva no rosto de seu pai ao agir daquela forma
-Não. -Se levantou e encarou os pedaços do espelho novamente.
-Ajude-me.A jovem sentiu o vento balançar seus cabelos e no reflexo mãos envolveram seu rosto, fazendo a garota deitar na cama já desacordada sem tempo de gritar ou reagir
Ao abrir os olhos, olhou ao seu redor e percebeu estar num lugar estranho e desconhecido. Era um gramado aparentemente infinito, não havia nada além grama, flores e um arvore fazendo sombra sobre uma manta onde estava deitada
-O que...? Que lugar é esse?
-Não é lindo? -Disse o homem com chapéu, sentado à sua frente.
-AH!
-Está tudo bem. Ainda te assusto?
-O que fez comigo?! Eu morri?!
Ele sorriu e balançou a cabeça
-Estamos dentro da sua mente, pequena.
-Minha mente é tão...vazia?
-Estamos em uma parte dela, é como se estivesse sonhando.
-E pode fazer isso?
-Foi você quem permitiu.
-Você me assustou.
-Peço desculpas, vejo que não se sente muito confortável em estar frente a frente comigo. Estou certo?
-Bom...não posso ver seu rosto e isso me dá a impressão de que a qualquer momento tirará o chapéu revelando uma face horrenda me fazendo entrar em colapso.
-O desconhecido te assusta, certo? Estamos aqui para isso, você precisa saber como as coisas realmente funcionam. -Disse abaixando a cabeça lentamente tirando o chapéu.
Cora respirou fundo ao descobrir que não era nada daquilo que imaginou, pelo contrário
O homem tinha um rosto marcado e olhos caídos, sobrancelhas grossas e olheiras leves.
Seu nariz era comprido e fino, a boca rosada revelou um sorriso mostrando presas um pouquinho maiores que o normal e um leve espaço entre os dentes da frente
-Ainda assusto você?
Cora foi capaz apenas de fazer que não mexendo a cabeça de um lado para o outro
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Olá pessoal! Só passando pra avisar que agora os capítulos dessa história NÃO SERÃO MAIS POSTADOS NESSA CONTA!
Esse foi o último a ser postado aqui e a partir de agora os capítulos serão na minha outra conta "_plimplim_", onde postarei apenas histórias originais como essa e "Sinners".
Provavelmente vou excluir a história daqui, então tome cuidado!
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Me and The Devil
RandomO amor costuma ser interpretado como algo puro, que muda e leva alegria ao coração das pessoas. Mas o que acontece se um obsessor se apaixonar por uma humana?