A OUTRA FACE DA FERA

AMALDIÇOADO

Elizabeth bastroth

Venho de uma família de tômus, que quer dizer, os sem magia.

Meu pai e o pai do meu pai enriqueceram garimpando as terras e extraindo ouro de nossas terras.

Mas com o tempo o ouro se esgotou e as terras ficaram esburacadas e destruídas.

Então tivemos que fazer uso do nome que minha família que  ainda era importante, para conseguir um casamento vantajoso que nos fizesse permanecer na elite da sociedade.

Então minha família me aproximou da família Baltimore e desde então desenvolvi um relacionamento com Lucios Baltimore, o chefe da casa.

Uma família de curandeiros e magos que defendem os chamados tômus.

Infelizmente a maioria morreu depois que um terrível dragão apareceu destruindo o povoado de Pacific Land e matando diversas pessoas incluindo os pais de Lucios, irmãos e alguns parentes próximos que moravam na mansão Baltimore.

Diz a lenda que a duzentos anos atrás um mago poderoso foi até o povoado para roubar a jóia que ficava na estátua da deusa anthea.

Esta jóia daria poderes inimagináveis a quem fosse puro de coração e almeja se o bem ao seu inimigo.

Infelizmente ele acabou sendo amaldiçoado por ter um coração ambicioso e mal.

Então a jóia se perdeu e ninguém sabe onde está, e ele vaga por aí descontrolado ferindo e matando a todos que estão pelo seu caminho em busca da jóia para devolvê-la ao seu lugar de origem, o pescoço da estátua da deusa anthea.

Só assim ele vai poder se desfazer desta maldição que a dois séculos vem o atormentando.

Como os pais de Lucios morreram para o dragão, ele ficou sozinho com toda herança, incluindo a floresta de Aurum que além de suas águas terem poderes mágicos e curativos, toda esta floresta esconde muito ouro por baixo da terra.

Alguns dizem que à noite é possível observar o brilho saindo de dentro da terra por buracos de formiga e répteis.

Por isso meu pai, que a muito tempo trabalha com ouro, se aproximou da família Baltimore e me fez ser pretendente dele.

Não tenho interesse nele, porém entendo que é o necessário para que possamos possuir as terras e poder explorar todo ouro que tem lá.

Faço visitas a casa dele por ordem do meu pai e sou educada e comportada para que ele se agrade de mim.

Pelo visto ele está prestes a pedir a minha mão pois foi atrás de um presente já faz duas semanas.

Agora estamos indo até a mansão Baltimore, pois como ele está ausente e não tem nenhum familiar vivendo lá na casa, e eu sou a futura noiva e dona da mansão, preciso ter certeza que tudo está em ordem.

Se der muito espaço para os criados eles podem acabar se achando donos e desrespeitar seus superiores.

Chegando próximo às terras da família Baltimore, notei que algo estava diferente.

O caminho estava íngreme e empoeirado, as estradas feias e cheias de galhos secos ao invés de florida e agradável.

E a cada passo que eu dava tudo piorava, não sabia mais se estava no caminho certo da mansão.

Até que de longe avistamos a mansão, estava suja cheia de impurezas, nas paredes escorriam lodo e era escura mesmo a luz do dia.

Paramos a carruagem em frente e descemos, a repulsa era iminente, o medo se instalou dentro de nós, mas precisava saber o que havia acontecido.