O ENCONTRO

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LUCIOS BALTIMORE


Primeiro dia, primeira vez.

Depois de muitos anos sob esta maldição, é a primeira vez que vou jantar com alguém.

Não por força ou por medo, é claro que ela não sabe o que aconteceu comigo.

Mas isso não diminui a importância deste jantar.

A ansiedade pulsava no coração, a pele arrepiada e o corpo febril. Não conseguia me controlar.

As pernas batendo no chão embaixo da mesa, os dedos não paravam quietos, eu estava suando em um dia que não fazia nem frio e nem calor, a temperatura estava ideal.

Mas meu corpo estava reagindo a todo vapor, aquela tensão estava acabando comigo, e se eu estragar tudo, se ela não me quiser, e se por acaso ela de alguma forma me enxergar  se assustar e sair correndo pela porta da frente.

Toda esta apreensão estava me deixando louco, e Aldon que não chegava, já não sabia mais o que fazer para conter a minha ansiedade. 

No momento em que eu já estava quase levantando para ir atrás daquele pássaro idiota, eu pude ver uma pequena sombra que se aproximava das escadas aumentando conforme andava.

Então fiquei no meu lugar onde estava escondido por um ponto sem luz, observando aquela pintura dos deuses, descendo as escadas lentamente.

Meu coração estava acelerado, minhas mãos estavam suando e minhas pernas tremiam de expectativas.

Cada passo que ela dava eu a admirava ainda mais.

Parecia brilhar como aquelas bailarinas que vem na caixinha de música.

Certamente nunca havia visto mulher mais linda, com aqueles cabelos pretos cobrindo suas costas até a altura do seu quadril.

Certamente feita por encomenda, do tamanho do meu coração, nunca pensei admirar alguém assim.

Como pode um homem amargurado a séculos se apaixonar de repente como eu.

-Então ela se aproximou da mesa e se sentou enquanto Aldon tomou seu lugar específico da mesa impedindo que ela observasse a minha face com clareza.

-Ola, boa noite Diana. Como está ?

Soube que você queria me conhecer ?

-Boa noite meu senhor.

Ela se curvou em respeito a minha pessoa.

-Não, por favor, não é necessário isso.

-Desculpe, não estou acostumada com a realeza.

Sou muito pobre de um povoado ao lado da floresta amaldiçoada e não estou acostumada a tanto luxo assim.

-Não tem problema, e eu não sou da realeza, espero que você esteja sendo bem tratada aqui nesta casa e que esteja gostando.

Sente se por favor e aprecie a sua refeição.

-Senhor por gentileza, eu não consigo ver o seu rosto apenas a sua roupa.

-E por que eu gosto de jantar assim a meia luz.

A propósito você está muito linda.

-Obrigada meu senhor, o pouco que eu posso ver daqui, o senhor está também muito elegante.

-Obrigado, mas por favor, pode me chamar de Lucios.

-Tudo bem, pode me chamar de Diana.

-Então Diana, qual é a sua história?

A OUTRA FACE DA FERAOnde histórias criam vida. Descubra agora