"eu te avisei..."

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Novamente: quem quiser me encontrar no insta, @jkart.pit. Boa leitura!

edit: gente o wattpad bugou tudo kkkk esse capítulo tecnicamente saiu dia 15/04 mas o app decidiu postar só hoje. Enfim, boa leitura, não vai ter att por uns 2 dias devido a esse erro.

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Algumas semanas se passaram. As coisas estavam indo bem, realmente. Esther não machucou Enid fisicamente desde aquele dia, embora os gritos e brigas continuassem. Murray estava distante, sempre preocupado com o trabalho e as coisas da matilha.

Enid ainda almoçava na casa de Wednesday na maioria dos dias e ela estava ficando sem estoque de barras de granola. Ela nem sempre conseguia comer tudo e sempre que a comida era sólida demais, Wednesday cortava para ela sem que ela precisasse pedir.

E a garota gótica pode não admitir, mas elas estão formando uma amizade. Quase sempre conversavam na escola e almoçavam juntas, falavam dos irmãos e às vezes Enid até conseguia trazer um sorriso ao rosto de Wednesday.

Morticia e Gomez também já adoram Enid, sempre conversando com ela na hora do almoço, e esse é exatamente o assunto da conversa das meninas hoje.

-Seus pais querem o quê?! - A voz de Enid era alta e estridente, sem acreditar no que acabara de ouvir.

-Exatamente o que você ouviu. Meus pais querem que os seus venham almoçar em nossa casa amanhã. - Wednesday disse, caminhando até o estacionamento.

-Isso é horrível, meus pais vão me humilhar de novo! E sua mãe vai me odiar, porque é isso que minha mãe sempre faz, e você vai começar a me odiar também! - Enid começou a pirar de verdade, andando em círculos e ignorando os olhares de alguns alunos. - Ela vai te dizer que eu sou louca, que surtei e bati nela, meu Deus, ela fez isso com tantos pais dos meus amigos.

-Enid, se ela tentar envergonhar você na frente dos meus pais eu prometo que vou cortar as cordas vocais dela, talvez então ela não consiga falar para sempre. - Wednesday disse se aproximando e colocando as mãos nos ombros de Enid.

-Você não pode cortar as cordas vocais dela. Você seria presa. - Enid fez beicinho e Wednesday soltou o ar pelo nariz, em forma de risada.

-Eu não vou ser presa. Mas tudo bem, posso apenas agredi-la verbalmente, dói um pouco mais do que agressão física se você pensar bem.

-Talvez. - Enid sorriu, perguntando-se como contaria isso aos pais sem mencionar que conversou com Wednesday.

Bem, parecia que a resposta acabara de chegar até ela.

Enid sentiu seu sorriso desaparecer lentamente enquanto observava seu pai caminhar em sua direção, claramente não gostando da visão das meninas juntas. Ela rapidamente deu um passo para trás e se soltou do aperto de Wednesday, vendo sua expressão confusa enquanto recuava ainda mais.

-Tudo bem, Wednesday, vou falar pra eles. Tchau! - Enid disse alto o suficiente para seu pai ouvir, caminhando em direção a ele e abrindo um sorriso falso. - Oi pai!

-O que você estava fazendo com aquela garota? - Murray perguntou baixinho assim que chegou perto o suficiente, agarrando Enid pelo braço e arrastando-a para o carro.

-Wednesday só estava me contando que os pais dela nos convidaram para almoçar lá amanhã, pai. Eu juro. - Enid disse sentindo-se um pouco assustada neste momento. Seu pai geralmente não era muito físico em suas agressões, mas seu aperto doía. Provavelmente formaria um hematoma.

-Almoçar na casa deles? Tenho algumas coisas importantes para cuidar amanhã. - Ele murmurou, basicamente jogando a filha no carro e entrando, começando a dirigir para casa.

-Eu não sabia que você iria me buscar hoje. Você poderia ter me mandado uma mensagem. - Enid falou quando o silêncio no carro se tornou excessivo. Ela percebeu que eles estavam seguindo um caminho diferente do que ela estava acostumada.

-Quero te levar a um restaurante. Já faz um tempo que não vejo você almoçando em casa e preciso ter certeza de que você está comendo, você é minha filha. - Ele disse, virando à esquerda e parando em um restaurante de esquina.

Tudo bem, isso foi estranho.

Murray nunca fez muito esforço para ver Enid bem, mas lá estava ele, levando-a para almoçar em um restaurante barato.

Saíram do carro e sentaram-se em uma mesa para dois. O nervosismo de Enid fez com que ela balançasse a perna por baixo da mesa e batesse os nós dos dedos. Uma mania que ela tinha quando se sentia desconfortável em alguma situação.

Murray pediu a comida e ela chegou pouco depois. Enid não estava com muita vontade de comer, então pediu uma sopa de legumes que parecia ser só água e sal.

-Então, Enid, como você está na escola? Está tudo bem? Ninguém... falando sobre seu dedo? - Ele perguntou depois de um longo tempo de silêncio e Enid balançou a cabeça.

-Não. Ninguém realmente sabe sobre isso, você sabe que eu uso luva o dia todo. - Ela ergueu a mão esquerda, exibindo a luva preta. O dedo indicador da luva chegava à metade antes de ficar mole.

-Excelente. Continue assim, ok? Não queremos que aconteça o que aconteceu em outras escolas. - Murray disse e deu outra mordida em seu bife.

-Tudo bem.

Terminaram de comer e foram para o carro em silêncio. No caminho, Enid aproveitou para usar o celular e contar a Yoko o que havia acontecido. Ela acabou rindo um pouco no meio da conversa e seu pai olhou para ela, mas depois olhou para frente novamente.

Quando chegaram em casa, Enid imediatamente notou a garota gótica olhando para ela através de uma janela no andar de cima. Assustador, mas reconfortante. Ela deu um sorriso discreto e entrou em sua própria casa, indo imediatamente para seu quarto.

Nem dois minutos depois sua mãe entrou no quarto.

-Você realmente estava falando com aquela garota de novo? Depois que eu te avisei para não fazer isso? - Ela disse olhando para Enid, que estava com as roupas em mãos e pronta para tomar banho.

-Eu não falei com ela, ela falou comigo. E ela só queria dar uma mensagem dos pais dela. - Enid disse baixinho, sem ousar olhar para Esther.

-Você a deixou chegar perto.

-Seria rude ir embora.

-Quem se importa? Eu avisei... - Esther se aproximou, mas Enid fez uma coisa inacreditável em resposta.

Ela rosnou.

O som veio do fundo de seu peito, um grunhido confuso e defensivo. Ela arregalou os olhos e olhou para a mãe com medo.

Esther se aproximou lentamente e Enid não ousou se afastar, com praticamente o corpo todo tremendo. Ela realmente não sabia de onde tinha vindo, mas não se importava, desde que sua mãe não a matasse.

De repente, antes que ela pudesse ver, um tapa forte caiu em seu rosto, jogando-a direto no chão. Ela choramingou e se afastou um pouco de Esther, que agarrou seu rosto com força.

-Você nunca vai contar isso a ninguém. Fui clara?

Enid apenas assentiu em resposta, ainda tremendo. Mas ela não se atreveu a derramar lágrimas, nem mesmo quando Esther saiu da sala calmamente, como se nada tivesse acontecido.

Enid não jantou naquela noite, não respondeu às mensagens de Yoko e nem se mexeu. Ela apenas ficou deitada na cama e olhou para o teto, pensando em nada e em tudo ao mesmo tempo.

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Edição e tradução: 09/04/2024
Postagem: 15/04/2024

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