2 - Cartas trocadas

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Olá, piticos! 😊
 
Segue o capítulo 2 de CPUD.

Peço a gentileza de deixarem seus feedbacks e votinhos.

Obrigada!
 
Boa leitura! 💜
 
 

 O tempo foi passando, a Sra

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O tempo foi passando, a Sra. Park-Jeon contava para Jimin sobre as últimas de Yoongi. O filho estava morrendo de saudades de seu ômega e só o veria dentro de duas ou três semanas semanas.
 
Taehyung ria de algumas coisas, comia as delícias trazidas pela ômega, sorria com carinho para ela, mas a sua cabecinha não parava de se agitar. Pensamentos rodopiando como um furacão.
 
A curiosidade de Tae era imensa. Uma vontade louca de voltar para sua cela, deitar na sua cama e ler cada uma das linhas escritas naquela carta. O que será que continha ali dentro? Ele conseguia sentir o cheirinho de marshmallow, como se Jungkook a tivesse marcado com o seu aroma propositalmente. Mas é claro que ele não devia ter feito isso.
 
A caligrafia de Jungkook era perfeitinha, igual a ele. Ah, Jungkook! Por que tão bonito?
 
A sua mão coçava de vontade de segurar aquela cintura tão minúscula. Queria deslizar seus longos dedos em torno dela, apertá-la com firmeza.
 
Por que seu alfa tinha que ferrar tudo querendo escolher o ômega quando não tinha nem o direito de estar livre? Que ironia da vida!
 
– Jungkook parece que gostou bastante de você, Tae. – Disse a senhora Byeol. – Especialmente do seu cheiro de mar. Sabia que Jungkook nasceu em Busan? Ele é fascinado pelo mar, sempre amou, desde pequenininho. Seu odor de maresia parece que enfeitiçou o meu menino. – Ela dizia risonha e não parecia se incomodar em afirmar aquilo.
 
 Todos aqueles dizeres ganharam a atenção do alfa, que até então estava perdido nos inúmeros pensamentos que se fixavam somente no ômega.
 
– É m-mesmo, tia? – Taehyung estava mais uma vez desconcertado.
 
– Olha, eu confesso que tô me surpreendendo, Tae. – Jimin debochou. – Em todos esses anos, nunca pensei que um dia veria a simples menção de um ômega mexer assim contigo. Muito menos que esse ômega seria o meu pirralho.
 
Taehyung se engasgou com o biscoito. Mãe e filho riram.
 
– Cazzo*! Cala a boca, Minnie! – Tae falou após se recuperar, tentando desviar a atenção do amigo.
 
O rapaz de madeixas escuras possuía um leve sotaque italiano, por conta de sua mãe, e às vezes soltava algumas palavras na língua materna de sua progenitora, já que foi educado nas duas línguas pelos pais, embora tivesse sido criado na Coréia mesmo.
 
– E eu nunca vi um alfa impressionar meu pequeno desse jeito. – Falou Byeol. – Faça valer a pena, querido.
 
A ômega aproximou-se de Tae beijou sua testa, depois fez o mesmo com o filho.
 
Era hora dos dois voltarem. O horário de visita havia terminado.
 
Tae ficou em um misto de alegria e tristeza. Triste porque amava a companhia da ômega – adorava seu colo de mãe – e alegre porque enfim poderia ler a carta de Jungkook.
 
Chegando à cela que dividia com Jimin e outros dois presos, deitou-se em sua cama, após o amigo ruivo zoar mais um pouco, dizendo que iria confiscar a carta de seu irmão para ver se não havia nada impróprio ali. Mandou Jimin se foder. O ruivo riu alto e nem ligou para o amigo. Logo era ele quem entrava no seu mundinho para ler o que Yoon havia escrito para si.
 
Taehyung abriu a carta com o maior cuidado do mundo. Era seu pequeno tesouro. Precioso como o ômega. Tinha seu cheirinho delicioso ali. Era como se um pedacinho de Jungkook estivesse consigo e aquilo aqueceu o seu coração.
 
 
“Olá, Tae hyung!
 
Sei que você deve achar meio estranho o envio dessa carta assim, sem mais, nem menos, mas saiba que eu fui compelido e praticamente obrigado pelo meu lobo a te escrever... rsrs.... Por favor, diga que acredita em mim e que não estou dando um de louco psicopata. =(
 
Sempre li coisas boas ao seu respeito. Jimin sempre me falou o quão incrível você é e espero que nós dois também possamos ser bons amigos.
 
Meu intuito com essa carta (ou as demais que, porventura, vierem), além de nos tornarmos amigos, é de manter, ao menos um pouquinho, seu contato com o lado aqui de fora. Eu tenho uma breve noção, baseada em notícias, livros, filmes e séries (rsrs... pode me julgar) de como deve ser difícil uma vida de reclusão forçada, mas confesso que não faço a mínima idéia o quanto deve doer ter as asas da minha liberdade cortadas e por isso, sinto muito por você.
 
Me perdoe se em algum momento eu te falar alguma bobeira, ok? E pode me corrigir sempre que for necessário, pois tenha certeza de que eu farei o mesmo com você, já que minha principal característica é a sinceridade (sou audacioso assim mesmo).
 
Espero que os biscoitos de gengibre que a mamãe levou tenham agradado, pois fui eu que fiz. Posso não ser um master chef, mas eu dou meus pulinhos. =)
 
Hoje eu não pude ir com a mamãe visitar vocês, Yoongi hyung conseguiu um teste para mim e provavelmente no momento da visita eu devia estar me borrando de tão nervoso. Espero que eu tenha me saído bem.
 
Meu sonho é me tornar um grande coreógrafo na Coréia. Eu fui pra América estudar porque consegui uma bolsa de estudos. Dei o meu melhor lá e agora quero fazer isso aqui também. Foi uma experiência maravilhosa e assustadora. Ainda bem que eu tinha a mamãe e o MinMin para me apoiar, me dar aquele empurrãozinho, caso contrário eu não sei se teria tido coragem de ir. Dona Byeol é maravilhosa e fala de você com muito amor e brilho nos olhos. Você precisa ver só.
 
Ah, hyung! Eu devo estar te enchendo o saco com tanta tagarelice e assuntos aleatórios, mas é que fica difícil seguir uma linha de raciocínio. Acho que sou hiperativo... rsrs
 
Adorei te conhecer, Tae! Não sei como ficarão as próximas visitas, por causa dos meus testes, mas espero em breve estar com vocês novamente.
 
Uma boa semana para você. Aguenta firme aí. Fighting!
 
Com carinho,
 
Kook
(PS: pode me chamar assim tb, hyung, até porque eu tomei a liberdade de te chamar de “Tae”, espero que você não ligue...hihihi)”
 
 
Taehyung ficou todo bobinho quando terminou de ler aquela cartinha. Ele suspirou alto. Jungkook era tão doce quanto o seu cheirinho natural. Cada palavra, cada risadinha escrita. Ah! Tae já previa que se envolveria cada vez mais, que seria abraçado pela personalidade doce e audaciosa do ômega.
 
Se dependesse de Tae, em breve Jimin seria não somente seu melhor amigo, como também seu cunhado, porque ele estava mais do que disposto a fazer valer a pena.
 
Por isso não demorou em escrever uma resposta. Pretendia enviar na segunda. Se não demorasse para chegar e se Jungkook não pudesse vir no outro sábado, quem sabe pelo menos uma resposta Tae receberia?
 
“Olá, Kook!
 
Gostei de te chamar assim e não me importo nem um pouco que me chame de Tae, afinal, agora somos amigos também, certo?
 
Eu adorei receber sua cartinha, especialmente porque me senti importante, em pensar que você tirou um tempinho do seu dia pra pensar em mim e pra me escrever uma carta tão doce quanto o seu cheirinho, que a propósito é maravilhoso!
 
Desculpe, mas eu também sou audacioso às vezes, cuore*!
 
Eu jamais irei pensar que você é um louco psicopata. E acredite! Eu entendi muito bem essa questão do domínio do seu lobo, como se ele te empurrasse pra uma direção. Ah, se entendo!
 
Pode me mandar quantas cartas quiser, eu irei adorar e ler com empolgação cada uma delas. Você com certeza vai colorir meus dias aqui dentro.
 
Realmente, viver enclausurado não é fácil e não recomendo que ninguém siga meu péssimo exemplo (e de seu irmão também... Hahaha), se pudesse voltar no tempo, eu faria tudo diferente. Pode ter certeza disso. Mas enquanto não inventam a máquina do tempo, eu vou arcando com as consequências das minhas burradas.
 
Quanto aos biscoitos. Ah, Kook! Você tem mãos de fada, pois estavam deliciosos demais. Se todos os seus pratos tiverem a mesma excelência dos biscoitos, farei questão de experimentar e comer tudinho.
 
Sobre sua mãe, ela é mesmo incrível e já até consigo visualizar o jeitinho dela te incentivando para ir para os Estados Unidos. Você foi corajoso em seguir em frente e enfrentar o desafio e o choque de cultura que é viver no ocidente. Sabia que eu tenho uma vontade enorme de conhecer os Estados Unidos? Principalmente de passar a virada do ano na Times Square. Quem sabe um dia!
 
Eu espero que você tenha ido muito bem no seu teste. Jimin sempre menciona que você é bom em tudo o que faz, então não se preocupe tanto, você irá arrasar. Se for tão bom quanto em fazer biscoitos, você já passou... Hahaha
 
Adoraria te ver de novo, você nem imagina o quanto. Mas caso a gente não se veja nas próximas visitas, pode me escrever mais e tagarelar à vontade. Eu juro que você não vai me entediar.
 
Estou amando te conhecer mais e espero te conhecer mais a fundo ainda.
 
Boa sorte nos próximos testes, você vai se sair muito bem e sei que um dia se tornará o maior coreógrafo desse país. Fighting!
 
Com carinho.
 
 Beijos,
 
Tae”
 
Domingo era um dia chato que só. A saudade das visitas batia forte, parecia uma ressaca posterior à euforia do sábado. Batia uma bad. Os detentos precisavam inventar algo para passar o dia. Esse era o único dia em que eles tinham dois horários para o banho de sol. Na sexta anterior, alguns já tinham retirado livros para passar o tempo no domingo. Outros se ocupavam com jogos de cartas ou cruzadinhas. Algumas revistas eróticas rolavam de mão em mão. Havia também um mercado clandestino do sexo, alguns alfas que se submetiam a posição de passivos, aceitavam transar com vários caras em troca de cigarros e outros itens que eram usados como moeda de troca.
 
O clima era tenso. Mente vazia, oficina do diabo. Os líderes de facções confabulavam com seus liderados. Parecia que a qualquer momento poderia rolar uma briga entre os adversários ou que uma rebelião iria estourar.
 
Mas graças aos céus mais um domingo chegou ao fim e a semana logo começava com suas rotinas, obrigações e afazeres.
 
O presídio possuía um sistema em que todos os detentos precisavam se ocupar com algo. Alguns cursos profissionalizantes eram ministrados em meio período, devido à um programa do governo em parceria com grandes empresas do país. Uma quantidade de vagas eram ofertadas e alguns sortudos conseguiam escolher sua preferência através de sorteios, os que sobravam eram encaixados nos cursos de menor procura.
 
Taehyung e Jimin, pelo menos para aquele assunto, tinham tirado a sorte grande de serem sorteados. Ambos escolheram o ramo de marcenaria e aprendiam como confeccionar móveis planejados.
 
Marceneiros, ferreiros, vidraceiros, cozinheiros, artesãos, confeiteiros e padeiros. Essas eram as opções. Tudo o que era fabricado já possuía destino certo. Parte da renda decorrente da venda dos produtos era revertida para custear o próprio projeto. Outra parte era depositada como um salário na conta de cada um dos detentos, um valor ínfimo, mas que o  detento poderia sacar no final da pena ou usar depois de determinado tempo em caso de urgência na família.
 
É lógico que havia uma segurança acirradíssima para impedir que qualquer objeto ou ferramenta fosse furtada. Revistas, raio-x. Tudo era válido para impedir que os detentos pudessem levar algum objeto que mais tarde poderia vir a se tornar arma na mãos de mentes cruéis e desprovidas de qualquer misericórdia. Nem todos os detentos se encaixavam nesse perfil, mas não dava para bobear de qualquer forma.
 
No sábado seguinte, a senhora Byeol veio mais uma vez sozinha e o coração de Tae viu sua esperança naufragar quando ela somente havia trazido suas guloseimas, mas nada de cartas. Porém uma pequena chama foi acesa quando no final da visita ela lhe entregou mais um envelope de Jungkook. Tae já estava com um semblante triste, pois ela estava se despedindo e na hora que enfiou a mão no bolso de seu casaco se recordou de que Jungkook havia recebido sua cartinha e o respondido a tempo dela levar na visita.
 
Aquilo veio como um alívio para o seu coração. Seu lobo ficou todo assadinho. Rapidinho ele correu para sua cela e logo se deitou na sua cama para ler o que Jungkook havia escrito.
 
– Caralho! O pirralho te pegou de jeito mesmo, né, Tae? – Zombou Jimin.
 
– Cazzo*! Não me enche o saco, va bene*? – Respondeu Taehyung.
 
– Ah, mala sem alça! Se ficar me enchendo, não te deixo namorar meu maninho.
 
Taehyung deu um olhar mortal para Jimin que gargalhou e saiu logo em seguida para tomar um banho.
 
A carta veio ainda mais cheirosa do que a primeira. O coração de Tae batia acelerado, conseguia sentir sua pulsação na garganta. Ele levou ela até o nariz e inspirou profundamente o cheirinho gostoso de marshmallow. Caramba! Aquele aroma iria deixá-lo maluquinho.
 
– Que cheiro docinho e delicioso é esse? Cheiro gostoso de ômega! – Questionou Suk, um de seus companheiros de cela. Foi se aproximando da carta que estava nas mãos de Tae. – Porra! Só pelo cheiro dá pra sentir que deve ser um puta gostoso.
 
Taehyung olhou com descaso para o rapaz. Um alfa nojento, preso por aplicar golpes em idosos e viúvas, além de seduzir estas últimas para levar para cama. Não bastasse a humilhação do golpe, as vítimas ainda se sentiam umas idiotas por terem sucumbido às vontades carnais do alfa.
 
Suk era atrevido, mas não era burro, sabia que Taehyung e Jimin não se simpatizavam consigo e não era louco de bancar de bonzão para cima de dois alfas lúpus.
 
Seria arrebentado na porrada facinho. Embora soubesse que os dois não buscavam guerra com ninguém. De qualquer modo, sua desvantagem era clara. Mas ele ainda se ressentia de suas tentativas falhas de conseguir a confiança da dupla e assim, quem sabe, ostentar um status de protegido dos alfas lúpus diante de todo o presídio, ele queria muito se tornar um intocável e poder realizar suas sacanagens sem o medo de em algum momento levar um pau.
 
Mas a parceria entre Tae e Jimin era tipo um relacionamento fechado. Não entrava mais ninguém.
 
Os dois alfas lúpus eram respeitados e temidos também. Ninguém se atrevia a comprar briga com eles, desafiá-los ou enviá-los em esquemas que pudesse prejudicá-los. O único que tentou, levou uma surra que ficou 15 dias em coma, além de ter as pernas e os braços quebrados.
 
Jimin e Taehyung eram contra violência, mas isso havia acontecido assim que ambos chegaram e muitos detentos estavam louquinhos para levarem a melhor em cima deles, incluindo o chefe de uma das facções mais poderosas na época. Os amigos precisavam deixar claro para todos ali que se alguém os tocasse, o pau ia torar.
 
A mensagem foi passada. Os liderados do detento que era líder da facção criaram uma mentira que acabou colando, afinal, no fundo a administração do presídio só queria se livrar de problemas. Depois disso, Tae e Jimin se tornaram intocáveis. E todos ali os tratavam com toda a simpatia. Queriam mais que tudo também se beneficiarem daquela proteção. Mas os dois não eram tolos de cair em nenhum papinho. Até possuíam alguma simpatia por alguns carinhas que eram mais na deles, mas não chegava a ser uma amizade.
 
Assim que Suk se afastou e saiu da cela, Tae abriu sua carta. Seus olhos brilharam quando viu três fotos na qual uma delas continha um post-it escrito:
 
“Fotos do meu figurino dark até nas lentes de contato. =)
Era uma apresentação que fiz em um projeto da faculdade, hyung.”
 
Jungkook estava fodidamente lindo e os olhos do alfa reluziram em um escarlate vivo. Seu lobo só conseguia desejar Jungkook para si. Ah, meu pai! Aquela cinturinha...
 
A carta cheirosa veio decorada por adesivos fofinhos. Jungkook era lindo, carinhoso e muito doce. Doce como marshmallow!
 
Seu coração estava se derretendo a cada palavrinha escrita. A esperança de um dia viver uma história de amor se infiltrando dentro de si.
 
Jungkook era o fôlego de vida que havia sido soprado em seus pulmões. Estava ansioso pelo o que o futuro poderia lhe reservar. Um fio de esperança, após dois anos e meio onde só enxergou escuridão e a falta de fé em uma vida melhor.
 
As palavras do ômega eram como refrigério em seu coração lhe dizendo: “eu acredito em você!”, por que não? Tae também precisava acreditar em si.
 
Talvez, um dia, quem sabe, pudesse ter alguém para quem voltar. Braços que o acolhessem afetuosamente e um corpo gostoso para o aquecer em dias frios de inverno.
 
Um inverno ao lado de Jungkook, com certeza, seria muito mais quente do que os dias mais calorosos de verão dentro daquele presídio cinza, impessoal, tenso e frio.
 
Suspirou profundamente, inalando mais uma vez aquela fragrância doce e se permitindo sonhar, como há muito não fazia.
 

  

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*Cuore = Coração
*Cazzo! = Caralho!
* Va bene? = Ok?

*Cuore = Coração*Cazzo! = Caralho! * Va bene? = Ok?

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Foto recebida pelo Tae

Até a próxima! 😙

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