Capítulo 02

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Amber


Após mais alguns minutos de caminhada cheguei ao castelo sozinha já que no meio do caminho havia deixado Khalil em sua casa. Os guardas me deixaram entrar pela parte de trás que levava direto a entrada dos funcionários, já que no final do mês eu sempre lhes dava uma quantia extra para não falarem aos meus pais sobre minhas fugas. Passo pela cozinha movimentada, tentando não derrubar nada ou atrapalhar ninguém. Sigo rumo a escadaria principal, feita inteiramente de mármore acinzentado com rabiscos dourados e pretos, em acompanhamento a grossas colunas esculpidas em diversos detalhes levando até o teto repleto de detalhadas pinturas mitológicas, pequenos lustres no canto de cada coluna e um principal no meio do salão.

Fui para o andar que fica meu quarto e de meus irmãos de forma silenciosa e tentando não ser vista pois os empregados já estavam andando por aí preparando o castelo para a elevação dos soldados. Estava a alguns passos de minha porta quando ouço um assobio.

Psiu!

Paraliso com medo e paro de respirar, pelo visto preciso melhorar minhas habilidades furtivas, consigo nem andar em um corredor sem alguém me descobrir. Me viro lentamente em direção do barulho ainda prendendo o ar, não vejo ninguém no corredor, solto um suspiro aliviado, talvez ainda seja a bebida fazendo efeito. Quando me viro novamente em direção a porta dou um gritinho de susto e passo para trás.

– Cassie! – falei ofegante colocando a mão no meu peito para me acalmar – O que está fazendo acordada a essa hora? – perguntei a minha irmã parada na minha frente me olhando com desconfiança e braços atrás do corpo.

– Deveria lhe fazer essa mesma pergunta. – Cassandra franziu o cenho e se aproximou fazendo eu recuar um passo, torceu o nariz fazendo uma careta – Você fede a álcool, onde estava? Está chegando em casa apenas agora? Com quem estava? – Perguntou tudo rapidamente, mas sinceramente não iria respondê-la, estou sem paciência e morrendo de dor de cabeça.

– Não importa, estou em casa. Se me der licença estou indo ao meu quarto. – Passei por ela com os ombros encolhidos quando lembrei – E não conte aos nossos pais, por favor.

– Então me diga pelo menos onde estava, estou preocupada, você nunca fez isso antes... – Já fiz isso centenas de vezes, mas ela não precisa saber desse detalhe – Aconteceu alguma coisa com você e Dominic?

– Eu e Dominic estamos bem, não aconteceu nada, apenas estou cansada, vai contar aos nossos pais ou não? – Falei já perdendo a paciência.

– Não vou contar, fique tranquila, hoje é um grande dia para mamãe e não quero estragar. Tome um banho antes de se deitar, está deplorável. – Disse se afastando e indo em direção seu quarto no início do corredor.

Respiro fundo antes de abrir minha porta e rapidamente tranco, não quero que mais ninguém me perturbe até a hora da cerimônia. Encosto a testa na porta olhando para o chão de madeira escura, pensando o quão está ficando cada vez mais difícil esconder minhas escapadas noturnas de todos.

– Onde você estava a noite toda? – Dou um pulo me virando dando com a visão de Dominic se sentando na minha cama sem camisa, com rosto amassado e o cabelo castanho claro bagunçado. Ele havia passado a noite ali? – Fiquei lhe esperando chegar ontem à noite, mas acabei dormindo... Então? Onde estava?

Olho para ele em minha cama bagunçada, os lençóis cinza caindo para os lados, ao redor, as colunas de madeira branca com véus de tecido suave esvoaçante, as janelas indo quase até o teto com bordas escuras, uma cortina grande e pesada em um tom de ouro e uma branca mais leve por cima. As paredes eram de um cinza claro, decorada com algumas pinturas e adornos dourados que tinham o formato de folhas.

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