CAPÍTULO 15

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Diana, você tá em caso, certo?

– Sim, senhora.

O Lucas esqueceu o livro de ciências com o pai, e ele tem que fazer uma tarefa pra amanhã. Preciso que você pegue um Uber e vá até o apartamento do Diego.

O nome gelou a minha espinha. Depois do incidente no apartamento dele, eu estava evitando toda e qualquer menção ao nome de Diego. Já havia recebido algumas tentativas de contato dele, mas ignorava tudo que não fosse estritamente sobre Lucas. Aquele episódio ainda assombrava a minha mente.

– Dona Glória tinha me pedido ajuda com alguma coisa na cozinha, – Inventei a primeira desculpa que me veio à cabeça. – eu acho que ela vai precisar de mim por agora.

Então eu vou pedir pro Diego passar aí e deixar o livro com você em vez disso. – Rebeca disse.

Merda.

– Quer saber? Eu posso falar com a dona Glória, a gente troca pra amanhã. Eu vou até seu ex-marido.

Ótimo. – Deu para ouvir o sorriso em sua voz do outro lado. – Pode pegar um Uber na nossa conta, ok?

– Certo.

Eu desliguei me perguntando o que eu iria fazer. Era melhor encontrá-lo lá do que no apartamento que ele dividiu com a mulher enquanto eram casados. Por mais que não fosse território neutro, longe disso, era melhor encará-lo onde não nos veriam do que onde poderíamos ser interrompidos a qualquer momento pela governanta fofoqueira que ele deixara para trás. Não que eu não gostasse de dona Glória, ela era um amor de pessoa, mas era tão amável quanto era bisbilhoteira.

Era a segunda vez que eu colocava os pés naquele prédio. Dessa vez, no entanto, o céu estava tomado por nuvens bem escuras. Até apertar o botão para o seu andar, eu queria desistir, mas tratei de respirar fundo e me recompor perante o espelho. Adiei aquele momento o tanto que deu, não era possível evitar o cara que pagava meu salário para sempre. E parecendo entrar em sincronia comigo, um trovão ecoou lá fora no exato instante em que eu saí do elevador. Nunca quis tanto que o som da campainha falhasse.

– Você finalmente apareceu. – Ele disse assim que abriu a porta.

– Só vim pegar o livro do Lucas e vou embora, vai chover a qualquer instante.

– Eu preciso falar com você.

– Vai ficar precisando.

– Achei que nós tínhamos acordado que precisávamos manter um relacionamento decente pelo meu filho.

Eu respirei fundo, meus ombros caíram.

– Você pode dizer o que tem pra dizer aqui mesmo, Diego.

– Eu discordo. – Ele se inclinou sobre o batente da porta.

– Por favor, as coisas não precisam ficar mais complicadas do que já são.

– As coisas só tão complicadas porque você não me deu a chance de ter uma conversa decente contigo sobre o assunto e...

O elevador fez barulho atrás de mim. Diego ajeitou a postura, eu olhei para trás por um mero segundo. De dentro do compartimento de metal, saiu uma senhora de aparência simpática.

– Boa tarde.

– Boa tarde, dona Fátima. – Diego a respondeu.

– Boa tarde. – Eu sorri para a senhorinha que ajeitava a chave para destrancar a porta ao lado de onde eu estava. – O livro do Luquinhas, Diego, por favor.

– Nosso garotinho está aqui hoje? – A senhora perguntou.

– Hoje, não. – Diego começou a explicar. – Mas ele deve vir no final de semana.

Só Essa NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora