O Cãozinho
Ednalva Campos Oliveira
Seu nome é Alexandre, mas todos o chamam de Xandi. Tem sete anos, é alegre e brincalhão, se diverte muito com Pity que é seu predileto. Juntos formam uma dupla atrapalhada porque Xandi é um menino franzino, enquanto Pity é um cão com muita força apesar de ainda ser filhote.
A rotina de Xandi é comum a de quase todos os garotos da sua idade. Ele vai à escola no período da manhã. Sai de casa às seis e trinta depois de tomar o café da manhã que é preparado com carinho por sua mãe, Dona Clara. Volta ao meio dia, almoça e vai fazer a lição de casa, dessa forma terá o resto da tarde livre para brincar.
Pity foi um presente de aniversário da tia Diana. Veio bem pequeno e cresceu rápido.
Esse cãozinho é um amigão, expressão alegre, orelhas compridas, pelo preto, faro aguçado, audição incrível e sagaz, Sua raça é o menor cão de caça que existe. Talvez seja por isso que o adorável bichinho é tão agitado. Juntos, o menino e seu animalzinho já aprontaram muito.
Todos sabem que os cachorros não raciocinam, mas não devemos acreditar piamente nisso. A maioria dos que tem um companheiro desses pode jurar que eles parecem pessoas. Isso justifica o fato de Pity ser tão querido.
Xandi, algumas vezes, dá um pouco de trabalho para a sua mãe. Dona Clara vive chamando a atenção dele pra parar de bajular demasiadamente o Pity e evitar que seus amiguinhos o chamem no portão a todo momento para passear, jogar bola, fubeca e etc. Xandi gostaria de obedecer, porém não consegue, por que ama o cachorro e tem muitos amigos naquela rua.
São estes amigos que o ajudam a segurar a corrente sempre que sai com seu cãozinho.
Em uma tarde dessas, Xandi foi ao portão de sua casa e viu que Toninho e André estavam brincando na calçada e os convidou a irem à soverteria, que fica no próximo quarteirão. Os dois amigos aceitaram o convite. Ele disse:
‒ Vou levar o Pity! - entrou, pegou o cachorro e em seguida saíram.
No caminho tomaram bastante cuidado com os carros, andando pela calçada, esperando o farol abrir para o pedestre antes de atravessar.
Entraram os três na soverteria: André e Xandi seguravam a corrente de Pity. Pediram um sorvete para cada um. Iam tomar o sorvete e segurar o animalzinho ao mesmo tempo. Quando já estavam saboreando os sorvetes com muito gosto, uma surpresa ocorreu. Pity começou a latir e saiu correndo, fazendo um barulhão, porque viu na calçada, do outro lado da rua, dois cachorros. Então, se soltou dos meninos e atravessou rapidamente. Fez um estardalhaço. Os animais fugiram e Pity entrou em uma casa que estava com o portão aberto.
Xandi um pouco assustado disse:
‒ Oi! Oi! Oi! O meu cachorro entrou ai!
Saiu uma senhora de moletas. Estava nervosa e gritava:
‒ É seu cachorro, mal educado?
‒ Desculpa, senhora. Ele é meu, mas não é mal educado. Entrou desse jeito porque ele estava com outros cachorros e se assustou entrando na sua casa - Explicou.
‒ Está desculpado somente porque você é educado - disse a senhora que chamava Eva, e continuou.
‒ Pode entrar para pegá-lo.
Xandi pegou o cachorro e voltou para a casa, acompanhado dos seus amigos. Ao chegar, arrependido por não ter pedido autorização para a sua mãe, e contou-lhe o que tinha acontecido.
Dona Clara ficou brava e disse: Meu filho, não é mais para você com a Pity, muito menos se for para ir à lanchonete, ao mercado... Quando você quiser espere um adulto que possa lhe acompanhar, eu, seu pai, seu tio. Isso, porque você é muito pequeno.
‒ Estamos combinado?
Xandi começou a chorar, pois sendo assim não poderia sair com Pity todas as vezes que quisesse.
E dona Clara continuou:
‒ Alexandre, não devemos ficar incomodando os outros desnecessariamente. Não é a primeira vez que o cãozinho entra na casa de estranhos com problemas. Além disso, você poderia não tê-lo recuperado.
Ao ouvir isso Xandi parou de chorar e concordou com a mãe.
‒ Está bem, mamãe, eu não quero que ele vá embora e não volte mais, por isso só vou para a rua com ele quando estiver acompanhado de um de vocês.
Fim!
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Oficina de Criação Literária
General FictionDurante a oficina "QUEM CONTA, SEUS CONTOS ENCANTA" eu tive a oportunidade de encontrar muita gente talentosa e criativa. Após cada exercício, toda a sala era presenteada com textos originais e interessantes. Meu principal objetivo foi o de estimula...