capítulo vinte

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O dia amanheceu chuvoso, trovões e relâmpagos eram visto do céu, poderia estar assustado, se minha mente não estivesse voando para noite em que eu dormir com Camila pela primeira vez desde a minha volta.

Corpos suados, o calor que emanava em nosso momento íntimo, o cheiro gostoso que havia ficado aquele quarto.

Fechei os olhos contra a xícara que eu levava aos lábios, meu corpo ficou tenso por um momento.

Foi apenas uma noite.....uma noite.

Abrir os olhos nunca foi tão doloroso como agora, fixei meus olhos na janela, observando o outro lado da rua , havia um parque na direita e uma pista de skate na esquerda, fora as três quadras diferentes, uma para o basquete, uma para vôlei e a outra para futebol.

Havia caído tanta água, que o a pista de skate estava submersa a água, uma bela piscina.... pensei comigo.

Me levantei recolhendo meus pertences, usava uma roupa leve, sendo composta por uma Camisa lisa e uma calça moletom, fui ao caixa pagar o que havia consumido, pedindo um café para viagem.


Guardei os dólares em meu bolso, saindo da cafeteira, o vento gelado me fez arrepiar, dentro do estabelecimento estava tão quente... agora parecia que eu estava há horas no congelador.


Suspirei, caminhando vagarosamente pela calçada com meu café em mãos.


Estava distraído olhando para o chão, até esbarrar com um corpo pequeno, o indivíduo caiu no chão, resmungando algo.

- Elise?.- a chamei, observando seus traços, ela se levantou me encarando seriamente.- o que faz aqui?, está frio.

- não olha por onde anda, não é mesmo?.- cruzou os braços.- me derrubou.

- me desculpe.... estava pensativo e não te vi, se machucou?.- me preocupei com a garota.- ainda não me respondeu o que está fazendo aqui sozinha nesse frio, onde está sua babá?.

- não me machuquei, Morgana deve estar dormindo e eu vim passear, está entediante ficar sozinha naquela casa, mamãe não fica muito lá.- me olhou, desviando o olhar para o meu copo.- café?.


- sim, quer?.- ofereci a garota, que aceitou rapidamente, tomando um gole generoso.- está quente.- alertei.

- está gostoso.- sorriu.

Fiquei ao seu lado, olhando a piscina que havia se formado na pista de skate, a água estava limpa, por incrível que pareça.

- vamos?.- me chamou.

- aonde?.- Elise jogou o copo no lixo, segurando minha mão.

A garota me puxava para a chuva, e logo estávamos do outro lado, não demorou muito para estarmos de frente a piscina.

- no três a gente pula, sim?.- neguei, me afastando.- por favor law.... faça uma criança feliz....


- quando eu te pedi aquele ursinho você não quis me dar.- o chão estava escorregadio.- vamos embora Elise, você pode pegar um resfriado.

Elise me mostrou a língua, correndo para o outro lado, foi questão de segundos até que ela escorregasse e caísse na água, minha reação foi pular para pegá-la.

O local estava fundo, nunca fui um bom nadador.

Ao acha-la, puxei seu corpo, a chuva estava dificultando minha visão, com muito custo, a coloquei para fora da pista, me jogando ao seu lado.


- nunca.... nunca mais faça isso.- ofegante, me sentei olhando para a garota ao meu lado, que tossia repetidamente.

- me desculpa.... só queria brincar.- Elise abaixou a cabeça.

- venha aqui.- abrir os braços, mesmo debaixo da chuva, ela me abraçou se aconchegando em meu colo.- está com fome?.

- sim!.- sorriu.- não está bravo?.

- não pequena.... apenas me assustei.- beijei sua cabeça por instinto.- levante e vamos comer algo quente.

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Deixei todas as notas em frente ao ar-condicionado, voltando para o corredor dos eletrodomésticos, retirei do microondas dois potes de miojos, levando para o balcão onde Elise balançava as pernas pelo fato do banco ser muito alto.


Estávamos em uma loja de conveniência, molhados e mortos de fome.


- hum, isso aqui está muito bom.- colocou o macacão na boca, fazendo uma careta ao senti-lo quente em sua língua.

- com o arroz fica melhor.- joguei a pequena quantidade de arroz em meu miojo, comendo em seguida.- sobre sua mãe não ficar muito em casa, quer me contar o por que?.

- acho que o trabalho, mamãe trabalha muito, e o meu pai vive viajando, então passo o dia com Morgana, por isso vivo fugindo.- sorri negando.- acha que se eu me machucar, mamãe vai ligar para mim?.

- garota!, não fala isso, ela irá se culpar pelo resto da vida, tente conversar com ela, sua mãe vai te escutar.- aconselhei.- você já é uma moça, converse de mulher para mulher.

- tá bom então, você é um ótimo amigo law.- sorriu.- me passa o bolinho?.

Empurrei o prato para ela , que foi logo mordendo o bolo de morango melando seu nariz.

- quando quiser sair novamente, ligue para mim, melhor do que fugir.- limpei seu nariz, sorrindo levemente.

Cerca de meia hora depois , já havíamos acabado de comer, me levantei, para pegar um suco natural de laranja, jogando uma vitamina c dentro do suco, fiz Elise beber tudo me certificando de que ela não ficaria gripada.

Peguei as notas do ar-condicionado, me direcionando ao caixa com Elise ao meu lado, lhe dei um pirulito, olhando para o homem do caixa que me olhava assustado.

- vin-vinte dólares.- gaguejou, arqueei minhas sobrancelhas, entregando a nota, peguei na mão de Elise, me direcionando a saída.


- no sábado vai ter uma festa na minha escola, eu vou dançar, você pode ir?.- sorri assentindo.

- claro!, mas hoje ainda é quinta.- abrir a porta de vidro para ela passar,

- falta pouco tempo, vou te procurar lá, tá bom?.

- tá bom.- juntamos o dedo mindinho, fazendo nossa promessa.


Elise abraçou minha cintura, ao ver a chuva ficar mais forte, coloquei a mão em suas costas, olhando para trás, tempo de ver o atendente do caixa falar ao telefone enquanto me olhava de solaio, algo estava muito errado.....

A garota já havia levado muita chuva, não deixaria que ela se molhasse ainda mais.

Cerca de quinze minutos depois, a chuva deu uma enfraquecida, bati levemente nas costas de Elise, incentivando a garota andar.

Apenas alguns passos foram dados, e o carro da polícia me cercou, três carros ao todo.

Os policiais sairam apontando suas armas para mim, Elise me olhou assustada, puxando minha camisa.


- law...

- shi.... não vai acontecer nada.- sorri passando a mão em seu cabelo.

- polícia, solte a criança e ponha as mãos para o alto.- fiz o que foi mandado, respirando ligeiramente, não queria assustar elise.- está preso por sequestro!.


Porra!.

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