Segundo dia: Carta 2
"Hoje II me trouxe "Tulipas".
É uma flor, nunca havia visto uma em toda minha vida. Ele saiu de casa e me disse que ao voltar, lembrou-se de mim quando a viu tão solitária num canto - acredito que não foi na intenção de ofender -.
Quando a peguei pela primeira vez, seu caule era áspero, parecia até mesmo areia sob madeira, suas folhas tinham a textura de pequenos pelinhos de mariposa e suas pétalas (a parte realmente interessante) eram macias e suaves, construídas em camadas.
Se assemelhavam até mesmo as Espadas do baralho, por seu formato de gotinha. Admito, fiquei fascinado ao ver aquilo.
Era algo tão frágil e sutil, mas exalava tanta beleza que eram extravagantes em sua própria delicadeza. Tardei a guardar a flor, não queria tirá-la de minhas mãos, mas tive que colocar num recipiente com água para que não murchasse tão rapidamente."
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- Me lembra você.
Vessel disse fracamente, apoiado á bancada da pia.
- Oque?
- Essa flor, me lembra você...
II arqueou uma sobrancelha, curioso pela frase solta. O homem alto virou e sorriu, parecia orgulhoso por um feito pequeno.
- Porque?
O baterista se aproximou em passos vagorosos, um sorriso pequeno estampado em seu rosto de olhos suaves. Olhou de relance a planta no jarro com água, depois voltando sua atenção para Vessel.
- Porque é azul... e delicada igual seus olhos.
O homem baixinho não pode evitar de ruborizar, soltando uma risadinha curta. Seu olhar subiu para o rosto do vocalista novamente, levantando sua mão e tocando seus cabelos, descendo delicadamente para sua bochecha.
- Obrigado.
Só pode falar isso antes de ser puxado para um abraço caloroso, um que só Vessel tinha. Retribuiu, talvez não fosse uma má ideia começar á introduzir o mundo de fora aos poucos, começando por uma pequena flor.
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"Os olhos de II são suaves e delicados, redondos e azuis. É igual uma pétala de Tulipa. Acho que deveria começar á associar mais as coisas que me cercam, talvez isso ajude enquanto estou aprendendo."
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As Cartas de Vessel
FanfictionVessel não sabia quase nada sobre o mundo fora a adoração em um altar, e ao aprender aos poucos os conceitos mais básicos - para uma vida comum -, começa á escrever cartas para si mesmo (e futuramente para seus amores).