Capítulo 01

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Abri os olhos devagar, sentia os olhos inchados e o corpo doendo, a respiração estava pesada, pendurada naquela corda pelas mãos, sentindo o peso do corpo nos braços e lágrimas que caiam involuntariamente. Então, quando ele percebeu que eu havia acordado novamente, começou de novo. As chicotadas nas costas me faziam gritar ainda mais, eu não aguento mais, eu quero morrer, a morte é menos dolorosa e sofrida, eu implorava.

- Por favor, por favor me mate de uma vez, eu não aguento mais.

- Você me deixa excitado falando assim, gostei muito de entrar em você, quero sentir você muitas outras vezes, sua vadia. - Falou no meu ouvido, logo depois apertou o meu rosto com força e passou a língua na minha bochecha, a repulsa que eu sentia daquele homem era inexplicável.

- Não me toque seu imundo. - Depois que eu falei isso ele deu um tapa ardido no meu rosto, a minha respiração ficou descompensada e o desespero começava de novo, senti sua mão agarrar meus cabelos e os puxou violentamente fazendo o meu pescoço doer, logo sua mão começou a passear pelo meu corpo, trazendo ainda mais desespero, ao mesmo tempo senti uma mistura de medo, ódio, repulsa e angústia que saiam de dentro da minha alma.

- SOCORROOOOOO. - Gritava com todas as minhas forças, mas era inútil, ninguém apareceu para me ajudar.

- Isso gostosa, grita mais, desse jeito mesmo que eu gosto.

Eu não conseguia ver nada direito, estava muito escuro, só sentia as mãos asquerosas daquele homem, cuja aparência ainda era desconhecida.

Vocês não devem está entendendo nada do que está acontecendo, pois bem, vou explicar, esses dias houve uu baile na província onde eu moro, todas as mulheres casadas foram acompanhadas de seus respectivos maridos e as solteiras com seus pais, porém, eu sou órfã e ainda não tenho idade para casar, ia passando na frente do que acreditava ser uma vila, pois estava escuro, acabei tropeçando e caindo, senti o joelho arder, sabia que tinha machucado, quando ouvi a voz de um homem.

- Está perdida princesa? - A voz daquele homem me causou calafrios.

- Não, senhor, desculpe o incomodo, já estou me retirando. Falei me curvando e me afastando rapidamente.

- Para quê tanta pressa, deixa que eu cuido desse corpinho para você.

Comecei a correr desesperadamente, quando ele puxou meu braço, me prendeu contra a parede, mesmo me debatendo era inútil, pois aquele homem era bem mais forte que eu, mesmo eu lutando tentando me proteger, de nada adiantou, ele já havia rasgado as minhas vestes, me envergonhando totalmente, de tanto lutar acabei sendo golpeada na cabeça e desmaiando, quando acordei já estava com as mãos amarradas e pendurada, à uma corda, uma forte dor percorria pelo meu corpo enquanto era chicoteada, sentia algo escorrendo de minhas costas, sabia que era sangue. Eu perdi totalmente a noção de tempo e não sei se já se passaram dias ou horas.

E mais uma vez meus olhos se fecharam, não sei se foi um desmaio ou se fui vencida pela dor e pelo cansaço, acordei deitada em algo duro o que parecia ser uma pedra, minhas mãos ainda estava amarradas para cima e dessa vez ele também prendeu minhas pernas separadas, senti sua mão passando pelo meu corpo e fiquei ainda mais desesperada, comecei a tentar me debater, mas era inútil, eu comecei a chorar ainda mais, repentinamente senti uma dor horrível e por consequência da dor senti minha coluna contorcer.

- Me solta por favor, me solta, me deixa ir embora desse lugar. - Falei chorando, sentindo o pulso latejar e algo escorrendo dele.

- Você vai me fazer ganhar uma grana, tirei a sorte grande, quem diria que nesse fim de mundo encontraria uma jóia rara. - Passei um longo tempo ali até apagar mais uma vez.

Agora, mais uma vez estou acordada, pendurada na mesma corda e com os pés livres, mas é impossível de alcançar o chão, estava chorando e sentindo dor, ele já me cortou tantas vezes que nem sei mais onde dói, pois meu corpo já deve está em uma situação penosa, escuto passos novamente, ele está se aproximando e vai começar o inferno de novo, só de ouvi-lo se aproximando meu coração acelera, começo a ficar nervosa e lágrimas caem de meus olhos, senti suas mãos passeando pelo meu corpo me trazendo medo, dor, desespero, nojo e repulsa, o desejo pela morte estava cada vez mais forte. Senti sua língua passeando pela minha barriga e sua mão apertando violentamente os meus seios, a dor estava insuportável, naquele momento sabia mais ou menos a altura em que estava e o chutei, na intenção de provoca-lo e ele me matar para acabar com esse inferno de uma vez.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto, senti um soco na minha barriga seguido de uma forte pontada fria e ardida que deduzir ser uma facada e em seguida senti o sangue escorrendo pelo meu corpo, senti meu corpo formigando e a vida se esvaindo, finalmente está tudo acabando, senti o corpo perder a força, mas ainda estava consciente, escutei uma correria, sons de brigas que vinham do lado de fora, havia muita gritaria, e de repente um silêncio se fez presente, ele parou com o que estava fazendo e pensei, esse é o momento, mas meu corpo não se movia, vi uma porta abrindo bruscamente trazendo luz a um quarto vazio, havia um homem velho na minha frente, sem roupa, sentia nojo de tudo, nojo de mim, senti outra pontada, dessa vez deu pra ver claramente meu corpo nu e banhado em sangue, enquanto o velho desferiu consecutivas facadas em minha barriga, o gosto do ferro se fez presente na minha boca, era sangue que pingava da minha boca no chão e escorria pela minha barriga, não tinha mais força para levantar a cabeça. Vi a sombra de alguém pela luz que entrava pela porta do lado de fora do quarto e que refletia no chão sujo de sangue velho, com a visão meio turva consegui ver algumas coisas a minha frente, e naquele dia foi quando eu o vi pela primeira vez, era alto, tinha o corpo forte e cabelos longos que cobriam os ombros. Foi aquele homem que salvou minha vida, a vida que até então eu fazia questão de perder, ele pulou no velho, arrancando sua cabeça, fazendo aquele monstro cair sem vida no chão, o olhar dele se direcionou a mim e a visão começou a embaçar novamente, senti o peso nos olhos e uma cansaço tomou conta, de alguma forma senti que teria paz dali por diante, então só me deixei levar e me permitir uma morte calma e acolhedora.

- Tem alguém aqui, é uma mulher. - Gritou o rapaz para alguém, não demorou muito até eu sentir os braços de alguém em minha cintura e logo mais senti alguém em minha frente, senti meus braços soltando e uma câimbra forte nos ombros, me senti escorregando e um cheiro de perfume masculino invadiu minhas narinas, senti meu corpo sendo deitado.

- É uma garota, ela não vai aguentar Yuji, o que eu faço. - Era a voz de uma mulher.

- Temos que tentar.

- O sangramento não quer parar.

- Hana, calma, temos que tentar enquanto ela ainda tem vida.

- Aqueles malditos. - Falou a mulher com a voz chorosa.

- Hana, fica calma. - Logo depois senti uma dor forte no pulso, como se estivesse levando várias pontadas de uma única vez no mesmo lugar, mas logo depois comecei a sentir muita dor, parecia está rasgando meu corpo de dentro pra fora, a voz já não saia mais, senti meu corpo desfalecendo conforme a dor aumentava, acho que agora vou poder encontrar a minha mãe, infelizmente não consegui dar orgulho para ela, mas eu tentei ser forte todos esses anos.

Finalmente agora acabou de verdade, agora eu vou morrer pra acabar com esse sofrimento, obrigada por isso. Pensei enquanto sentia lágrimas escorrerem pelo meu rosto, lágrimas de alívio por ter acabado com minha dor e ansiedade por pensar que finalmente encontraria ela, ao menos foi o que eu pensei...

Mas não foi isso que aconteceu...

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