Sutton Grave.

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Depois de 5h infinitas de ônibus do Alabama até Louisiana finalmente chegamos em Sutton Grave.

O ônibus parou na entrada da cidade e todos desceram.

Começo a caminhar para o centro.

Entro na primeira loja que vejo para pedir informações.

- Olá, poderia me informar onde tem pousada ou hotel mais próximo, por favor.

Perguntei para uma moça.

- Olá, tem um hotel chamado "ABINADABE HOTEL" logo seguindo reto bem na esquina e uma pousada a uma quadra daqui chamada " BAALARD POUSAD'S". Essas são as mais baratas e mais perto se quiser economizar e estiver apenas de passagem.- Indagou a moça e agradeci saindo da loja.

Repeti mentalmente os lugares para não acabar me perdendo. Decido ficar na pousada e assim que faço o check-in vou para o quarto.

Tenho dinheiro sobrando para ficar aqui até duas semanas.

Vou começar a procurar emprego semana que vem, o que vier é lucro.

Tiro a roupa para tomar um banho, fiquei muito tempo sem tomar banho e estou grudenta.

O banheiro é grande e espaçoso.

Tem uma hidromassagem pequena no canto do banheiro e o chuveiro com uma banheira no box.

Vou para o chuveiro mesmo e relaxo ao sentir a água quente me lavando.

Me sento na banheira e começo a pensar em como vai ser minha vida agora que sai do orfanato. O único lar que eu tive minha vida inteira.

Não sei interagir muito bem com pessoas...

Sempre fui só eu e a Verônica a vida inteira.

Nunca tive um namorado.

Nunca experimentei como é sair para beber e curtir.

Passei a minha infância e praticamente toda adolescência trancada no Pequenos Milagres.

Como sempre fui uma criança reclusa, ninguém se interessou por mim.

Aos poucos pararam de me procurar.

No caso da Verônica, não a quiseram por ela ser HIV positivo. Ela nasceu assim, mas as pessoas são ignorantes e preconceituosas.

A pobrezinha é um amor. Quem saiu perdendo foram eles.

Desligo a água e saio do box me enrolando numa toalha.

Pego minha bolsa e tiro o pijama que Nica me deu de lembrança.

É uma calça de elefantinho e uma blusa de manga comprida com nossas iniciais.
Fizemos com tinta preta.

Sorri enquanto colocava minha calcinha box e o restante da roupa.

Estou tão cansada.

Desço a mala e me levanto para fechar a janela.

Tudo que preciso é dormir bastante.

Após fechar me deito na cama e apago a luz do quarto, a cama é tão macia que quase choro de emoção.

Que delícia.

A cama no orfanato era dura igual ao chão.

E os lençóis eram gastos de tanto lavar.

Fecho os olhos e pego no sono aos poucos.
                         • • • • • • • •
Acordei e já era de manhã cedo.

Estava tão cansada que apaguei.

Acordei bem disposta.

É a primeira vez que dormi tão tranquila.

The Au Pair.Onde histórias criam vida. Descubra agora