Capítulo 2

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    Athelstan e Ragnar estavam conversando dentro de um barco quando Ragnar pede mais uma vez para falar de como é Paris.

— Me fale sobre Paris. — Pediu Ragnar.

— De novo?— Athelstan.

— Por favor. — Ragnar.

—Eu só fui lá uma vez.— Athelstan proferiu.

— Continue.— Ragnar respondeu bem humorado.

— Estva visitando um monastério em Frankia, aos arredores de Paris. Um dia, os monges me levaram para vê-lá. Foi maravilhoso. Parece que o lugar nasce de dentro das águas. — Athelstan falou deslumbrado ao relembrar sobre sua estadia em Paris.

— Nós nunca vimos nada igual em toda nossa vida. Parecia um sonho. Possuía grandes muros, e dentro deles havia prédios feitos de mármore e pedra, além das igrejas, e que igrejas. — Athelstan falou humorado.

— Lembro-me do som dos sinos delas chamando os cristãos para as preces. Mas o que mais me lembro, são das lindas mulheres. — Disse Athelstan malicioso.

— Você nunca havia me contado essa parte antes. — Ragnar falou no mesmo tom.

— Eu quase... questionei meu voto de castidade.— falou Athelstan.

— Você tem sorte. — Ragnar falou pensativo.

— Por quê? — Athelstan perguntou.

— Porque nunca foi casado. Eu nunca voltaria para cá, se não fosse pelos meus filhos. — Ragnar respondeu.

— Pelo menos você tem filhos, eu sempre fui só. — Athelstan falou a última parte triste, pois se lembrou de sua irmã.

— Sempre foi só? Quando disse que " Nós nunca vimos nada igual em toda nossa vida." a quem se referia? aos outros monges? — Ragnar perguntou surpreendendo Athelstan que o olhou perplexo.

— Havia mais alguém com você? Além dos padres? — Ragnar repetiu a pergunta.

Athelstan ficou alguns minutos em silêncio, se decidindo se devia falar ou não sobre Abigail. E decidiu contar.

— Ragnar o que eu tenho para lhe dizer, é algo muito importante para mim. Portanto peço sua compreensão. —  Athelstan falou tenso.

Ragnar se ergueu interessado no que ouviria a seguir.

— Eu tenho uma pessoa muito especial em Paris. E nunca me perdoaria se algo acontecesse a ela. — Athelstan disse olhando nos olhos do amigo.

— Ela? — Perguntou Ragnar.

— Minha irmã casula. — Athelstan Falou rapidamente.

— Irmã? Você nunca me falou que tinha uma irmã Athelstan. Porque me escondeu isso? Achei que éramos amigos. — Ragnar falou rapidamente se exaltando.

— Eu estaria colocando a vida dela em risco caso falasse dela para alguém.— Athelstan justificou.

— Colocando a vida dela em risco? O que ela tem para ser um segredo? — Ragnar falou.

— Ela nasceu com uma condição muito rara, e qualquer pessoa que nasce diferente na Inglaterra é visto como um tipo de aberração e por isso são mortas na infância. — Athelstan respondeu triste.

— E que condição seria essa? — Ragnar perguntou dessa vez mais calmo.

— Ela... — Respirou fundo — É surda nos dois ouvidos, e por nunca ter escutando nenhum som, ela não consegue emitir nenhum. — Athelstan falou de uma forma que Ragnar pudesse entender.

— Ela não ouve nem fala? — Pergunta Ragnar.

— Sim ela não ouve nem fala. — Athelstan confirmou.

— E como ela se comunica? Deve ser agoniante viver em total silêncio. — Ragnar disse.

— Ela se comunica com gestos, e com a  leitura dos lábios. — Athelstan respondeu orgulhoso da técnica que ensinou a irmã. 

— Ela é a pessoa que mais me traz paz, É tão meiga, doce e pura. Sempre que estou perto dela é como se o resto do mundo não existisse, apenas nossa sintonia silenciosa. Com ela eu podia desabafar, falar o que penso. Pois nunca iria ser julgado. — Athelstan nem percebeu que uma lágrima escorria sobre seu rosto.

— Pelo jeito que fala dela, eu iria adorar conhece-la. — Ragnar falou comovido.

— É por isso que temo Ragnar, Com essa invasão a Frankia, temo pela vida dela. — Athelstan falou transtornado.

— Então não tem mais o que temer meu amigo. Eu não irei permitir que a machuquem. — Ragnar falou confortando o amigo.

— Como irá protegê-la se nunca a viu, Ragnar é impossível. — Athelstan disse cabisbaixo.

Ragnar olhou para o mar por um tempo e logo voltou seu olhar para Athelstan. Esse que já estava saindo do barco?

— Athelstan, Como se chama sua irmã? — Ragnar perguntou.

Athelstan o olhou nos olhos por alguns estantes e disse:

— O nome dela é Abigail. — Athelstan proferiu.

E Ragnar guardou esse nome bem ao fundo de sua memória.

.......

 𝐃𝐨𝐜𝐞 𝐒𝐢𝐥𝐞̂𝐧𝐜𝐢𝐨 - Ragnar LothbrokOnde histórias criam vida. Descubra agora