Capítulo 4

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Melina estava andando pelas ruas de Paris em busca de comprar tecidos, quando derrepente algumas pessoas começaram a correr desesperadamente pelas ruas. Ela podia ouvir gritos como "corram os bárbaros", " os pagãos estão vindo". Ficou Assustada quando viu as pessoas correrem com seus filhos nos braços. Algumas sendo esmagadas por tal agitação.

Sem perder mais tempo, a mais velha correu para a sua casa o mais rápido possível. Temia por Abigail, pois como era surda não tinha noção do que estava acontecendo. A cada de Melina ficava quase no final da cidade, onde só havia mar depois das muralhas. Apenas os mais pobres moravam lá.

Quando chegou em casa, viu sua menina cozinhado sopa de repolho, alheia de tudo o que estva acontecendo, alheia dos gritos do povo. Melina correu até ela falando e sinalizando ao mesmo tempo.

- Temos que nos proteger, pessoas ruins estão vindo! - Falou Melina apressada.

A moça fez um sinal de interrogação e quebrou a cabeça para o lado. Para uma mulher adulta Abigail era bem ingênua, parecia uma criança de 10 anos.

- Não temos tempo, vamos para a igreja rezar. Lá estaremos seguras. - A mais velha falou sinalizando e indo em apagar o fogo da sopa.

As duas correram até lá trombando em alguma pessoas. Estavam tão apressadas que pisavam nos próprios vestidos. Podiam ver algumas pessoas derrubadas no chão com sangue na cabeça. A igreja ficava no meio da cidade, e as duas correram o bastante para ficarem com falta de ar.

Quando chegaram havia muitas pessoas orando e brigando entre si. Abigail apenas via as bocas das pessoas se mechado freneticamente, podia ver até as gotinhas de saliva caírem de suas bocas.

Botaram seus joelhos nos chão, juntaram as mãos uma na outra e começaram a rezar. Certo momento Abigail pegou seu pingente de crucifixo que ganhou de presente de Athelstan, --esse que tinha um igual.-- e começou a rezar fortemente.

Após algum tempo, viram a Princesa Gisla entrar e pedir para benzer a bandeira de San Dionísio para encorajar os soldados de Cristo.

Passaram oras e receberam a notícia de que o exército Franko venceu o exército pagão, o que foi motivo de comemoração entre o povo cristão.

Mas mal eles sabiam do que estava por vir.

...

Por incrível que pareça Ragnar não estava triste com a derrota de seu povo, é claro que ver alguns amigos e seu filho Bjorn em estado crítico o deixava abalado. Mas ao contrário de sentir raiva ou ódio pela derrota, estva passivo até demais, estava mais sedento em invadir Paris.

As palavras de Athelstan invadiu sua mente, "eu diria que Paris é indestrutível". De certa forma ele tinha razão. Como sentia saudade de seu amigo, daria tudo para tê-lo consigo de novo. Ragnar quase toda noite se isolava na floresta para conversar com o amigo. Sempre tocava no colar de cruz que era dele enquanto falava. Era uma forma de sentir a presença de alma de Athelstan, mesmo que na cabeça de Ragnar ele esteja no paraíso cristão.

Mais um tempo se passa e o restante dos vikins irão novamente tentar invadir Paris, desta vez a noite.

Enquanto seu povo tentava novamente adentrar Paris, Ragnar estava na floresta tendo fortes alucinações, vendo Athelstan lhe estendendo a mão ao mesmo tempo que via  Odin de cabelos compridos e grisalhos carregando um cajado com dois corvos. Via demônios. Ragnar estáva fraco, vulnerável como uma criança.

Quando já estava prestes a desmaiar, viu um par de olhos muito parecido com o de Athelstan, só que Muito mais puro. Comparado ao de uma criança. Era a visão mais linda que Ragnar já vira. Estava nas nuvens por um breve momento. Mas não demorou muito para a miragem sumir como fumaça.

...

Na mesma noite, na casa de Melina, Abigail estava Assustada, tinha acabado de despertar de um pesadelo. Sonhou com seu irmão morto em uma cruz, enquanto tentava chegar até o mesmo sendo segurada por Melina.

Estva sozinha em casa. Nunca tivera um sonho tão assustador e real como o que teve. As imagens ainda pairavam em sua cabeça a deixando ainda mais perturbada. Estava tremendo, soando e ofegando.

Quando Melina chegou em casa, ficou horrorizada com a cena. Abigail estava no chão tendo convulsões, estava com os olhos completamente virados, apenas o branco podia ser visto. Melina já estva Assustada com o ataque surpresa dos bárbaros, mas a situação de Abigail a deixou ainda mais apavorada. Ela correu até a menina e botou a cabeça da mesma em sua coxa.

- Calma minha querida, calma. Estou aqui. - Melina estva desesperada. Abigail não a escutava, suas falas eram inúteis.

A menina estva completamente molhada pelo suor. Era curioso como apenas um sonho ruim poderia causar tal comportamento em Abigail. Em sua mente a imagem se repetia em lupim. A Jovem estva em uma batalha espiritual muito forte. Coisa que Melina entendeu de primeira. Mas o seu choque de ver sua menina em um estado apavorante a deixaram sem reação de início.

Em um passo rápido, a mais velha pegou a menina nos braços com um pouco de dificuldade pela sua idade e pela as tremedeira e espasmos fortes que Abigail dava.

Passou pela porta por um milagre e foi em direção ao poço do lado de sua casa. Sorte que o mesmo era largo e bastante fundo.  Sem pensar, Melina tira as vestes da moça e a joga no poço, a apoiando com uma das mão nas costas da moça.

Para a sorte de ambas. A maioria das pessoas estavam na igreja ou se escondendo em suas casas. Com medo do ataque dos pagãos.

- Minha pobre menina - Quando Melina se deu por conta, lágrimas escorriam pelas suas bochechas. Uma pessoa tão pura e meiga como Abigail não merecia tal sofrimento. Não suportaria vê-lá desse jeito novamente. Principalmente sem ter ninguém para a ajuda-lá.

Lembrou-se de quando ofereceu sua casa para Athelstan e Abigail passarem a noite. Como o rapaz era tímido e super-protetor com a irmã.

"Senhora Melina, você é a única pessoa no mundo que sabe sobre a condição de minha irmã. E pelo pouco tempo que passei aqui, vi o jeito que olha para ela, um olhar doce e carinhoso como o de uma mãe. Por isso peço que cuide dela para mim. Dói muito lhe pedir isso, mas será o melhor para ela. Temo pelo o que os outros possam fazer com ela caso descubram sobre sua deficiência. Pode parecer egoísta e injusto fazer isso mas... não outra alternativa a não ser deixá-la aqui. Por favor a cuide e a Ame, por mim ".

Observando Abigail relaxar aos poucos. Melina beijou-lhe a testa e a abraçou, não se importando de se molhar.

– A paz lhe espera, minha doce criança.

...




 𝐃𝐨𝐜𝐞 𝐒𝐢𝐥𝐞̂𝐧𝐜𝐢𝐨 - Ragnar LothbrokOnde histórias criam vida. Descubra agora