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Pior amor não é aquele não correspondido, e sim aquele que jamais poderá ser vivido.

Barcode estava apaixonado, mas não por ele, como Jeff estupidamente acreditou por algum tempo

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Barcode estava apaixonado, mas não por ele, como Jeff estupidamente acreditou por algum tempo. O namorado de Barcode era Mitty, um americano com raízes tailandesas que se mudou para Bangkok com o pai e começou a frequentar o mesmo curso que Barcode. Jeff os achava adoráveis desde o momento em que os viu juntos pela primeira vez. A partir desse dia, Jeff enterrou qualquer sentimento que nutria pelo jovem rapaz. Ele estava feliz ao lado de Mitty e Jeff não poderia estar mais satisfeito, ou pelo menos, fingia estar. Mitty parecia ter saído de um daqueles filmes americanos com roteiro pastelão: charmoso, gentil e sorridente. Se pedissem para Jeff descrever alguém ideal para Barcode, ele diria que Mitty se encaixava em quase todos os requisitos.

Era fim de tarde e Jeff estava preso com alguns investidores numa sala de reunião há duas horas e estava entediado. Administrar sua carreira tinha suas vantagens, mas era exaustivo. No exato momento em que uma notificação chegou, era Barcode ligando. Jeff não costumava atender ligações no meio de uma reunião, considerava rude. Mas era Barcode quem estava ligando, e ele não costumava ligar sem antes enviar uma mensagem perguntando se Jeff estava ocupado. Então o assunto era definitivamente urgente. Pedindo licença, ele se retirou da sala, deixando sua assessora, Vênus, com um olhar que poderia muito bem ser traduzido como "o que diabos está fazendo?". Fazia meses que ele estava tentando fechar uma parceria com essas pessoas, mas estava quase tudo certo, eles não cancelariam o contrato só porque ele saiu por alguns minutos. E se cancelassem, bem, Jeff pensou "foda-se", Barcode era uma das poucas prioridades que ele tinha. Se ele estava ligando, era porque precisava de Jeff e ele jamais o deixaria na mão.

- P'Jeff - algo estava errado com a voz de Barcode. Estava baixa, rouca, como se ele tivesse chorado há pouco e estivesse se esforçando para não desabar agora. - Ele se foi.

E então tudo fez sentido para Jeff. O amor de Barcode partiu e cabe a Jeff cuidar do que restou do seu coração. E apesar de saber que isso poderia acontecer, agora que estava acontecendo era meio surreal. Ele estava sentindo dor, mas essa dor não era dele, era de Barcode. E, diante disso, Jeff sabia que precisava estar lá para ele, não importava o que acontecesse.

Então, com um nó na garganta, Jeff respirou fundo antes de dizer:

- Estou a caminho, querido. Irei abraçá-lo até parar de doer, está bem?

Ele recebeu um murmúrio que mais pareceu um soluço como resposta.

Desligou o telefone e respirou fundo. A reunião já não importava mais. O que importava era estar ao lado de Barcode, seu garoto, agora em um momento de extrema fragilidade. Ele lembrou da promessa que fez a Mitty alguns meses atrás e da promessa que fez a si mesmo anos antes, aquela que dizia que cuidaria de Barcode independentemente de tudo. Há um ano, ele dividia essa tarefa com o loirinho que roubou o coração do seu garoto; agora estava sozinho e não, não estava feliz com isso. Por mais doloroso que tenha sido ver seu amor amando outro, seria horrível se ficasse feliz com a morte daquele que podia chamar de rival. Se ele pudesse, ah se ele pudesse... Ele traria esse idiota de volta apenas para não ter que ver seu garoto chorar. Mas não havia o que fazer, Mitty estava morto e Jeff não deixaria Barcode sozinho.

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