↳ Coletânea de Histórias de uma Mente Ansiosa
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Eu sei que você me ama, não precisa me lembrar disso. Mas sabe? Está cada vez mais difícil acreditar nisso.
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Barcode está cansado. Realmente exausto. Essa relação é… desgastante, para dizer o mínimo. E, ainda que saiba que não é saudável, ele permanece. Ele sempre fica. Porque, de alguma forma, a ideia de partir dói mais do que suportar essa dor diária. Barcode já não sabe se isso é amor ou apenas medo da solidão.
Ele tem orgulho de se manter estável, de ser resiliente. Durante os seus vinte anos, superou muitos desafios. Situações que quebrariam outras pessoas passaram por ele, e ainda assim, ele as venceu. Mas Jeff... Jeff é diferente. Jeff consome sua energia de uma forma única, de uma forma que ele não consegue explicar. É como se estivesse preso em um loop, em uma espiral de exaustão emocional da qual não consegue sair.
No começo, Barcode era jovem. Aceitou tudo, mesmo sabendo que seria complicado. O relacionamento entre eles sempre foi uma linha tênue entre o escandaloso e o proibido. Ele não queria se prejudicar, mas também não queria ser o motivo da queda de Jeff. O homem mais velho havia lutado tanto para chegar onde estava, e Barcode jamais queria ser a razão para ele perder tudo. Assim, ele ficou. Ano após ano, ele cresceu, amadureceu. Mas, Jeff… parece que Jeff não cresce junto. Ele não enxerga a mudança de Barcode, ou, pior ainda, finge não enxergar.
E isso é o que o mata por dentro.
Barcode acredita, ou pelo menos quer acreditar, que um dia eles vão se resolver. Que, de alguma forma, o tempo vai curar todas as feridas e que a relação vai se tornar o que deveria ser desde o início. Mas no fundo... no fundo, ele sabia que isso é uma mentira que conta para si mesmo. Um consolo temporário. Ele sabe que o fim está próximo. Sabe que, em algum momento, terá que fazer uma escolha. E que essa escolha provavelmente vai destruir os dois.
Olhando para o homem dormindo ao seu lado, Barcode suspira. Jeff, tão calmo e vulnerável nesse momento, parece tão diferente do caos que causa quando está acordado. E, mesmo assim, Barcode sabe o quanto ele está quebrado. Há algo em Jeff que ele não consegue consertar. Algo que o puxa para baixo. E o pior... Barcode sabe que, se ele for embora, Jeff pode desmoronar de vez.
E Barcode não pode viver com isso. Porque, apesar de tudo, ele o ama. Ama o suficiente para aceitar essa dor, esse desgaste. Ama o suficiente para ficar, mesmo quando tudo dentro dele implora para ir embora.
— Que horas são? — a voz rouca de Jeff rompe o silêncio, arrancando Barcode do redemoinho de pensamentos que ameaçava engoli-lo.
Ele lança um olhar por cima do ombro de Jeff, focando no relógio preso na parede.
— Cinco e meia.
Jeff solta um suspiro pesado, as mãos deslizando pelo cabelo desarrumado. Estão crescendo, Barcode observa. Sem pensar muito, estende a mão para os fios e os acaricia suavemente. Jeff emite um som baixo, quase como o ronronar de um gato, o que faz Barcode esboçar um pequeno sorriso, um daqueles que ele nem sempre se permite.
