Capítulo 1 - Prólogo

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O sol coberto pelas nuvens parecia anunciar a chegada de uma grande tempestade.

Lauren constatou-o quando foi fechar a cortina de sua janela da sala.

2024, Espanha

Córdoba, Andaluzia

— Mamãe, estou indo com os meninos jogar bola. — disse Pedro, seu filho único que tinha sete anos, fruto de seu casamento com Luís.

— Bom jogo, garotão. — ela se agacha com cuidado antes de abrir os braços cheia de amor e orgulho, esperando o abraço apertado de Pedro, que estava uniformizado da cabeça aos pés com a roupa de sua escola, o colégio Cristal Academy. O rosto dele escorado em sua camiseta azul, sentindo o cheiro de protetor solar misturado aroma de jasmim, perfume que Lauren usava. — O uniforme está na bolsa?

— Sim, mamãe.

— Que menino organizado. Estou gostando de ver você me ajudando. Parabéns, filho. — o beijou no topo da testa, aspirando o cheiro de sabonete misturado com o spray do desodorante, ela era uma mãe zelosa. Aliás, não era como se tivesse planejado, mas o papel de mãe e o de dona de casa eram os únicos que exercia no atual momento. — Estou achando que vai chover. Caso chova, você sabe onde está o número da mamãe? —  ele assentiu com a cabeça, mesmo assim, Lauren prosseguiu: —  Na última folha d-

—  Agenda. Na última folha da agenda. — ele completou antes que Lauren pudesse ensiná-lo pela milésima vez os telefones para contato. A escola já possuía os números, mesmo assim, Lauren temia que algo de grave acontecesse e os responsáveis da diretoria não pudessem ser contatados. — Preciso ir, mamãe.

— É claro que precisa, meu amor. Me dê um beijo, não seja tímido. Venha cá.

Luís, seu ex marido, esperava Pedro dentro do carro e já havia buzinado três vezes, a última um tanto impaciente. Costumava levá-lo para a escola e jogos de futebol quando casados, e como a separação do casal havia acontecido há menos de uma semana, manteria esta atividade até que houvesse contestações por parte de sua ex mulher.

— Tchau, mamãe. Te amo.

— Até mais, meu bebê. Eu te amo muito.

No limite, nem Luís, muito menos Lauren, gostariam de ter de se comunicar por um bom tempo. Evitar o contato pessoal era a primeira alternativa para não voltarem a questionar o motivo do término do casamento de oito anos. Então, quando Lauren soltou seu pequeno dos braços, ela apenas caminhou até a sala, abriu a porta e o entregou a lanche. Não saiu para cumprimentar o ex-marido, assim como Luís não abaixou o vidro da janela do passageiro para acenar a ela.

Quando Pedro entrou no carro, Lauren fechou e trancou a porta.

— Ok. — Ela colocou as duas mãos na cintura, olhando ao redor para decidir por onde começar a faxina. A casa estava perfeitamente arrumada. Pedro, educado por Lauren, era um garoto organizado e limpo. Geralmente encontrava mais trabalho quando Luís habitava o mesmo teto que ela, mas agora que ele tinha se mudado para Barcelona? Ah, agora sua casa na cidadezinha do sul da Andaluzia estava impecável, tornando o trabalho de Lauren como dona de casa praticamente dispensável. Seu filho voltaria apenas às seis da tarde. Agora eram oito da manhã, o que significava que sua segunda profissão de mãe de Pedro também não seria necessária nas próximas horas. Ela não tinha nada para fazer, e isso a deixava angustiada. — Talvez a estante, Lauren. — Ela olhou de cima a baixo o móvel. Os livros de Economia, um dos cursos nos quais se graduou, estavam ali. Ninguém os tocava, mas estavam limpos e brilhantes porque, a cada dois dias, ela os revisava para limpar. — Não...

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