𝗦𝗘𝗧𝗘

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ANA LUIZA FERREIRA

Queria dizer que tudo estava voltando ao normal, mas tudo estava extremamente estranho, evitei ficar tanto tempo trabalhando, queria aproveitar a minha família, mas parecia que apenas eu estava com essa intensão, Abel parecia não estar tão empolgado quanto eu, os únicos momentos que eu via ele feliz era quando ele estava escrevendo o livro com a redatora que sempre vinha com um sorriso enorme no rosto.

Eu me sentia como se não devesse estar aqui, me sentia um peso morto em casa, e isso era a pior sensação do mundo.

– Eu pensei que íamos levar o Fernando para a escola juntos, depois deixaríamos a Lívia com a minha mãe, e poderíamos aproveitar a tarde juntos...

– Eu marquei com a Malu para terminarmos o 2º capítulo.

– Malu? – Falo dando uma risada debochada. – Chega Abel, eu estou a uma semana aguentando você seco, me tratando como se eu fosse uma estranha, aguentando essa mulher aqui, se JOGANDO pra cima de você, eu não aguento mais.

Despejo tudo pra fora e ele me olha assustado.

– Você está ficando doida, eu estou te tratando normalmente.

– Normalmente Abel? Como você ousa dizer isso? Não dormimos mais abraçados, não contamos mais do nosso dia um pro outro, não aproveitamos nossos filhos juntos, o que foi que eu fiz de errado? É impossível que tudo isso seja por causa da porra de uma foto que nem está no ar mais, eu mal estou indo pra The 1.

Ele respira fundo.

– Eu amo minha família mais do que tudo, eu acho que estou vivendo em um mal momento, eu, não você.

– Já vi essa história antes, essa coisa do "não é você, sou eu"

– Mas é verdade, tem muita coisa acontecendo na minha cabeça, minha vida mudou totalmente de meses pra cá, eu me sinto culpado por isso estar afetando nosso relacionamento, talvez você não esteja tendo maturidade para entender que eu estou diferente.

Dou uma risada forçada.

– Eu não estou tendo maturidade? Eu já te falei que estou disposta a te ajudar, não é isso que um casal faz? Se você quer passar um tempo em Portugal passa, o que você quiser por agora eu vou estar do seu lado, se você precisar de uma terapia que eu acho o ideal.

– Eu não preciso de terapia. – Ele fala sério, e eu balanço a cabeça.

– Eu quero estar do seu lado mas não tem como ajudar quem não quer ser ajudado, me dói ver que estamos tão distantes, que estamos tão... tão perto do fim.

– Que fim, Ana Luiza?

– Abel, porra, você acha que se continuarmos assim vamos ficar bem? E ficar juntos? Você não me toca mais, você não me beija mais, nós não conversamos, você não quer saber sobre meu dia, você não fala sobre o seu, o único momento que eu vejo você rindo é com aquela jornalista do caralho, e eu estou aguentando tudo isso, você não está bem? Então me deixa eu te ajudar! O que não dá é pra continuar desse jeito.

Ele ia responder mas o celular dele começou a tocar.

– Merda, eu esqueci que as meninas estavam chegando. – Ele fala atendo a Inês e eu respiro fundo, a campainha toca e eu vou atender, vejo a jornalista com um perfume fortíssimo e um sorriso no rosto, a filha da puta é bonita.

– Oi Luli, tudo bem?

– Droga Malu, esqueci de buscar as minhas filhas no aeroporto e esqueci de te avisar. – Abel aparece na sala desesperado e eu fico em silêncio.

DANGEROUS II • 𝐀𝐁𝐄𝐋 𝐅𝐄𝐑𝐑𝐄𝐈𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora